Confira esse Artigo de Guto Fragoso, CFO da Kamino*
Dias atrás, tive a honra de ser convidado para falar em uma palestra sobre planejamento financeiro para as empresas do portfólio de investidas da Darwin Startups. No dia do evento, percebi uma grande preocupação dos empreendedores: a gestão financeira, especialmente nas empresas em fases iniciais. E é uma preocupação fundamental mesmo, tendo em vista que grande parte destas empresas perecem por falta de planejamento financeiro.
De acordo com uma pesquisa do IBGE, 48% das empresas brasileiras fecham em até 3 anos de abertura. O principal motivo é a falta de gestão eficiente. Os dados mostram que 25% dos empreendedores brasileiros que fecharam suas empresas apontaram a falta de gestão como um dos motivos principais motivos para a falência. Logo atrás, estão apenas os altos impostos (31%), pouca demanda e alta competitividade (29%) e dificuldade para arrecadar linhas de crédito (25%).
O planejamento financeiro é um processo abrangente, que envolve a avaliação da situação financeira atual da empresa e a criação de estratégias para alcançar metas financeiras futuras. Abrange a gestão de receitas, despesas, investimentos, dívidas e ativos para otimizar o uso dos recursos financeiros disponíveis.
Além disso, muitas empresas que estão em crescimento esquecem os dados financeiros na construção de seus data lakes, projetados para armazenar, processar e proteger grandes quantidades de dados estruturados. Por isso, a importância em ter os dados financeiros integrados aos dados de negócio. Podendo assim, entender a relação entre KPIs operacionais financeiros e finanças.
Para que esse cenário desafiador mude, é necessário que essas empresas façam um planejamento financeiro adequado. E para isso é preciso estabelecer metas financeiras claras, avaliar a situação financeira atual, criar um orçamento, fazer o gerenciamento de dívidas, realizar investimentos adequados, estabelecer um fundo de emergência, promover monitoração constante, acompanhando regularmente os processos em relação às metas financeiras e fazendo ajustes, conforme necessário.
Meus aprendizados sobre planejamento financeiro me levaram a compreender que é um meio, e não um fim, uma ferramenta essencial para que sua empresa cumpra sua missão. Além disso, é um hábito que precisa começar mesmo que seja pequeno e vá evoluindo ao longo do tempo. Ninguém se torna um especialista financeiro da noite para o dia. Por isso, é necessário ter em mente que é muito mais que um só conjunto de números de projeção, em que se torna a bússola que guia a execução de todos os departamentos, alinhando esforços e objetivos em direção a metas comuns.
Uma pesquisa realizada pela consultoria Falconi revelou a fragilidade na gestão das médias empresas no Brasil, que são aquelas que faturam anualmente entre R$4,8 milhões e R$300 milhões. Segundo o levantamento, entre as 100 empresas entrevistadas, apenas 10% declararam ter uma estratégia bem definida para os próximos três a cinco anos, com visão, missão, objetivos e metas definidas para o desenvolvimento do negócio.
As empresas têm que ter em mente que o planejamento financeiro vai muito além dos resultados financeiros. Ele desempenha um papel fundamental ao permitir que você compreenda todos os aspectos do negócio. Por isso, posso dizer que o aprendizado reside em dar o primeiro passo. Encare o planejamento financeiro não como uma atividade burocrática, mas como uma oportunidade de crescimento e eficiência. Inclua a equipe financeira desde o início e incentive sua contribuição para o sucesso do negócio. Ao fazer isso desde o início da jornada da empresa, o planejamento financeiro se torna parte integrante da cultura organizacional e facilita a adaptação à medida que o negócio cresce e se expande.
*Guto Fragoso é Cofundador e CFO da Kamino, plataforma completa de gestão de gastos empresariais para empresas de pequeno e médio porte no Brasil, Guto Fragoso é economista formado pela Unicamp e mestrando em empreendedorismo pela FEA – USP, onde estuda empresas scale-ups. Ele iniciou a carreira na consultoria Mckinsey, se dedicando a projetos de estratégia e finanças corporativas. Também atuou como gerente financeiro do Groupon, tornando-se CFO da operação no Brasil; como country manager da insurtech chilena ComparaOnline (financiada, entre outros, pelos fundos Kaszek e Ribbit); e ainda foi um dos líderes de produto da vertical de livros digitais (Kindle) da Amazon no Brasil.