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O futuro é agora: a indústria de seguros na linha de fogo da disrupção

David Roberts, CEO da GEDI, durante abertura da Conseguro 2025 / Foto: Marcelo Machado de Melo / Heusi Action / Divulgação
David Roberts, CEO da GEDI, durante abertura da Conseguro 2025 / Foto: Marcelo Machado de Melo / Heusi Action / Divulgação

Durante séculos, os cavalos foram essenciais para o transporte humano. Eram companheiros fiéis, insubstituíveis — até o dia em que o carro a combustão chegou. No início, conviveram lado a lado. Mas em pouco tempo, os cavalos desapareceram das ruas. Só sobraram os carros.

Foi com essa metáfora poderosa que David Roberts, fundador da Global Inspiration Goals, iniciou à sua apresentação na abertura da Conseguro 2025, realizada em São Paulo pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), nesta terça-feira (27). O recado era claro: as inovações disruptivas não pedem licença — elas chegam, e quando chegam, transformam tudo. Nas palavras de Roberts: “The change is coming and coming fast”.

“A estabilidade das empresas é uma ilusão”, cravou Roberts. E os dados dão razão a ele. Hoje, 89,6% das empresas que compunham a lista da Fortune 500 em 1955 já não estão mais lá. Metade das empresas do S&P 500 deve desaparecer nos próximos dez anos. Em 1920, uma empresa durava, em média, 67 anos. Hoje, sobrevive apenas 15.

Mas a ameaça não se limita às empresas: atinge indústrias inteiras. E, segundo o especialista, poucas estão tão ameaçadas quanto a de seguros. Exibindo um gráfico dividido entre viabilidade, durabilidade, volatilidade e vulnerabilidade, Roberts apontou: “Estamos no pior dos quadrantes — o da volatilidade com a vulnerabilidade”. E completou: “Estamos na indústria mais vulnerável, no país mais vulnerável do mundo”.

É uma visão alarmante, mas que ganha contornos ainda mais dramáticos quando se considera o ritmo das mudanças. A curva de transformação tecnológica já não é linear, é exponencial — o que significa que as mudanças estão acelerando de forma que a mente humana mal consegue acompanhar.

Roberts trouxe à tona um desfile de tecnologias que parecem saídas de um roteiro de ficção científica e que estão em desenvolvimento avançado: robôs com corpos humanoides capazes de substituir atividades arriscadas e operar sem descanso; vacinas contra o câncer de pulmão sendo testadas em sete países; edição de DNA com a mesma facilidade com que hoje editamos um texto no Word.

E há mais: a inteligência artificial avança em velocidade impressionante. O ChatGPT-4.5, afirmou ele, já supera o desempenho de pessoas com doutorado em algumas tarefas. Em breve, as IAs farão descobertas científicas por conta própria. E se hoje conseguimos aumentar a longevidade, amanhã talvez possamos interromper o envelhecimento. Já há experimentos bem-sucedidos com ratos.

A capa da revista Time não deixa dúvidas sobre o que está por vir: “2045 — o ano em que os humanos podem se tornar imortais”. No entanto, ele pondera que o progresso não vem sem sombras. A tecnologia também tem seu lado obscuro — e urgente. A emissão de carbono aumentou dramaticamente nas últimas décadas e os gases de efeito estufa permanecerão na atmosfera por séculos. A cada minuto, a humanidade gera mais calor que cem bombas de Hiroshima. O resultado? Catástrofes ambientais mais intensas e frequentes.

Esse novo mundo exige novas formas de proteção — e o setor de seguros precisa se reinventar para fazer frente aos riscos que se avolumam. Se há um lado positivo, é que a própria inteligência artificial pode ser a chave para essa transformação. “O uso da IA pode beneficiar o setor de seguros, ajudando a prever as mudanças — que serão muitas”, alertou Roberts.

Ao final da apresentação, ficou uma certeza: o futuro não será como o passado. E ignorar essa realidade pode ser tão ingênuo quanto apostar nos cavalos em pleno século XXI.

Conseguro 2025

A Conseguro 2025, que tem como tema “Contribuições do setor de seguros para o futuro do Brasil”, é reconhecida como o maior encontro do mercado segurador nacional. O evento reúne executivos de seguros, corretoras, empresas de tecnologia, escritórios jurídicos, players nacionais e internacionais, além de autoridades governamentais e formadores de opinião.

Em sua programação, estão temas essenciais como inovação, regulação, educação financeira, sustentabilidade e o papel do setor de seguros no desenvolvimento econômico e social do país. A conferência funciona como um espaço estratégico para a discussão dos caminhos que o setor deve seguir para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas, pela transformação digital e pela necessidade crescente de inclusão financeira.

O fortalecimento do mercado de seguros é visto como fundamental para ampliar a proteção da população brasileira, promover a estabilidade econômica e contribuir para o desenvolvimento sustentável.

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