Práticas organizacionais para melhorar as tomadas de decisão são tão importantes quanto critérios sociais e de sustentabilidade
Os relatórios ambientais, sociais e de governança, chamados ESG, chegaram ao topo da lista de prioridades das empresas. Colaboradores, investidores, clientes, reguladores e outras partes interessadas vêm exigindo que as empresas prestem contas de suas práticas. Muitas vezes, o G (da sigla que, em inglês, se refere a Environmental, Social, and Governance), acaba ficando um pouco de lado. Algumas companhias preferem prestar mais atenção a aspectos ambientais e sociais, mas se esquecem que manter uma boa governança faz a diferença, principalmente no que diz respeito à transparência diante de parceiros e clientes.
A parte de governança do ESG refere-se a práticas, controles e procedimentos organizacionais usados para tomar decisões eficazes, cumprir os regulamentos e atender a demandas das partes interessadas. Esses processos incluem desde combate a fraudes, antissuborno e corrupção até segurança, desempenho financeiro, ética nos negócios, auditoria interna e liderança executiva. Para empresas que já nasceram dentro das diretrizes do ESG, como a Aarin, tech-fin especializada em Pix e Open Finance, que hoje faz parte do grupo Bradesco, fica mais fácil gerenciar essa realidade.
Segundo Fernanda Rêgo, chief leader da Aarin, muitos desses pilares nasceram com a empresa e foram sendo aperfeiçoados ao longo da trajetória da companhia. “Todos da equipe têm uma proximidade muito grande com os líderes e isso faz com que tudo seja bem alinhado com relação a decisões tomadas e à transparência. Os líderes têm sempre uma visão ampla do todo e tentam tomar as decisões junto com o time. Essa, para nós, é a primeira prática que garante uma governança 100% presente”, enaltece.
A Aarin também conta com um comitê compliance para pautas de governança sobre fraudes, PLD e riscos da empresa. “Temos reuniões periódicas e todas as decisões são comunicadas aos times por documentos que todos têm acesso. Divulgamos abertamente nosso posicionamento com relação a diversos temas, apetite de risco, modelo de negócio e estrutura de equipes, por exemplo, assim como nossos acordos públicos. As comunicações são sempre formalizadas, mantendo a transparência. Ter as rotinas de governança organizadas e trabalhar junto de todos, na mesma sintonia, são dois pilares muito claros da nossa governança.”
Algo que, para os gestores, faz a governança da Aarin ser fluida é que o estatuto da empresa não está amarrado a decisões do conselho, as decisões do dia a dia são tomadas pela diretoria. O conselho homologa as pautas que precisam e a equipe cumpre isso fielmente de acordo com os documentos de governança societária.
Segundo Fernanda, não olhar para a governança dentro de uma startup pode ser um ponto muito crítico. “Descumprir acordos por desorganização, desatenção ou má fé com seus investidores e controladores pode trazer um grande prejuízo. Nesse contexto, a governança tem uma relevância imprescindível. Muitas startups aprenderam da forma mais sofrida e acabam tendo retirada de investimento e aportes cancelados. Por isso, é importante ter uma gestão de governança muito amarrada”, acrescenta.
No caso da Aarin, que faz parte do sistema financeiro, ter boas práticas de gestão é ainda mais importante. Segundo Caio Hohlenwerger, COO da companhia, isso é mandatório no mercado de gestão de pagamentos. As políticas de governança são auditadas pelo Banco Central, então as instituições de pagamento reguladas precisam obedecer às normas estabelecidas.
“Temos uma série de políticas e manuais que foram construídos com base na regulação, revisados pela diretoria e pelo conselho. Essa é a base que nos direciona. Apesar de para nós parecer algo natural, porque já nascemos com essas práticas implantadas, sabemos que para outras empresas o caminho foi mais complicado, mas vale a pena ter um cuidado especial com essa área se a empresa quer expandir seus negócios e conquistar cada vez mais parceiros importantes, como nós, que há um ano fazemos parte de um dos grupos econômicos mais importantes do país”, finaliza.