A era da inteligência artificial nos buscadores exige novas estratégias de comunicação e posicionamento digital
Você pesquisou algo no Google recentemente? Talvez não tenha percebido, mas a primeira resposta que apareceu ali não veio de um site. Veio da inteligência artificial. Sem alarde, o buscador mais usado do mundo mudou sua lógica. Agora, o que aparece nas pesquisas não é necessariamente o que tem mais cliques, mas sim o que a IA considera mais relevante. Essa transformação está reescrevendo as regras da visibilidade digital e pode tornar irrelevantes as empresas que não se adaptarem.
Para Stephanie S. Friesen, coordenadora de redes sociais da Smartcom, agência especializada em comunicação integrada e digital, essa transição representa uma virada de chave no modo como marcas se conectam com seus públicos. “A integração da inteligência artificial nos mecanismos de busca e redes sociais tem revolucionado como o conteúdo é descoberto e apresentado aos usuários”, afirma.
Ela destaca que a experiência de busca tradicional, baseada em cliques em links, já dá sinais de obsolescência. “O AI Mode permite pesquisas conversacionais mais complexas e oferece respostas diretas, sem que o usuário precise sair da página de resultados. Isso muda completamente o destino do tráfego. As empresas já não brigam mais tanto pela primeira página, mas sim para serem mencionadas nos resumos gerados por IA”, explica.
Você precisa ser a resposta
Stephanie reforça que, nesse novo contexto, não basta mais aparecer, é preciso ser a resposta. Para isso, a especialista defende que as marcas invistam em conteúdo com profundidade, autoridade e consistência, características que os algoritmos generativos reconhecem como confiáveis. “A visibilidade não é mais garantida para todos. Cada usuário tem uma SERP (Search Engine Results Page) diferente, baseada em seus próprios padrões de comportamento e interesses. Estamos vivendo dentro de universos digitais personalizados.”
Esse novo cenário exige que empresas compreendam e apliquem o que vem sendo chamado de GEO, Generative Engine Optimization. Ao contrário do SEO tradicional, que busca o posicionamento de links, essa otimização pretende posicionar a marca como fonte recomendada nas respostas automáticas geradas por ferramentas de IA. “O GEO representa uma nova fronteira. É como ser indicado pelo próprio vendedor digital. E, para isso, é preciso muito mais do que repetir palavras-chave. A marca precisa ser reconhecida como uma entidade confiável e útil.”
Na avaliação de Stephanie, o papel da comunicação estratégica se intensifica diante dessa realidade. A presença digital passa a depender de uma abordagem multiplataforma e orientada por objetivos diversos: atrair, responder, explicar, converter. “Não é mais sobre simplesmente vender seu produto. É sobre compreender a dúvida do público, entregar conteúdo útil e ser lembrado como especialista. Cresce o número de pessoas que buscam respostas e aumenta a demanda por quem tem autoridade e sabe o que está fazendo.”
Aplicação e IA, com responsabilidade
Um levantamento recente da IAB Brasil indica que 80% dos profissionais de marketing já utilizam inteligência artificial em suas estratégias, sendo que a criação de conteúdo é a aplicação mais comum (71%), seguida pela análise de dados (68%) e pela otimização de campanhas (53%). Isso mostra que o mercado não apenas reconhece a importância da IA, mas também avança rapidamente em sua incorporação.
Stephanie avalia que esse movimento é inevitável e as empresas precisam adotar posturas mais conscientes e proativas. “A automação pode ajudar muito, desde que usada com responsabilidade. A IA pode gerenciar anúncios, ajustar campanhas e até escalar o atendimento com chatbots. Mas é fundamental manter o equilíbrio e não despersonalizar as relações. Se a IA muda todos os dias, o seu negócio também precisa estar preparado para se adaptar.”
Segundo ela, a resposta está em alinhar inteligência, estratégia e profundidade. “Não dá mais para improvisar ou depender de fórmulas genéricas. As empresas precisam entender a intenção do usuário e estar preparadas para entregar soluções reais. E isso só se consegue com planejamento, consistência e presença.”
A Smartcom, onde Stephanie atua, já está acompanhando esses conceitos para aplicar nas estratégias de clientes, com foco em posicionamento, visibilidade orgânica e reconhecimento como fonte confiável nas buscas inteligentes. “É um trabalho minucioso, mas necessário. A forma como nos comunicamos está sendo reprogramada. E quem aprender a falar a língua da inteligência artificial vai prosperar com maior facilidade”.