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O impacto das enchentes no RS para a balança comercial brasileira

André Barros, CEO da eCOMEX / Foto: Divulgação
André Barros, CEO da eCOMEX / Foto: Divulgação

Confira artigo de André Barros, CEO da eCOMEX, empresa brasileira com atuação em toda América Latina, especializada no desenvolvimento de aplicativos para a gestão de operações e processos envolvidos na área de comércio exterior

Nas últimas semanas, o Brasil tem acompanhado com apreensão os estragos causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Superando o recorde de 4,76 metros registrado em 1941, o nível da água do Guaíba, em Porto Alegre, chegou a uma elevação de 5,35 metros, impossibilitando a contenção por diques, comportas e casas de bombas construídas na década de 1970. Segundo registros oficiais, 445 municípios foram afetados pelas enchentes, com bairros inteiros sendo destruídos.

O episódio gerou, principalmente, uma crise humanitária, com centenas de mortes registradas e mais de 580 mil pessoas desalojadas. Para além da falta de moradia, os gaúchos também tiveram seus trabalhos, plantações e criações devastadas, fazendo com que muitos atingidos passassem a depender de doações e apoios governamentais para enfrentar este momento tão difícil, que ainda deve deixar um legado de desafios também sob o ponto de vista econômico.

Segundo dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), o Rio Grande do Sul foi o 6º estado que mais contribuiu para o superávit da balança comercial brasileira em 2023, respondendo por US$ 8,6 bilhões do total de US$ 98,9 bilhões registrados, sendo responsável ainda por US$ 22,3 bilhões de toda a exportação e por US$ 13,8 bilhões de toda importação brasileira em 2023.

Nesse contexto, o agronegócio e a indústria são os principais destaques do setor produtivo do estado, sobretudo quando falamos de comércio exterior.

E diante da paralisação, atraso e perdas nas colheitas, postos de armazenamento e linhas de produção, o impacto financeiro que será causado no setor, certamente, será inevitável.

Mesmo nos raros casos em que a produção não foi tão afetada, outra barreira são ainda os estragos causados na infraestrutura logística local. Um impacto significativo que deve puxar um pouco para baixo os resultados do comércio exterior brasileiro no acumulado anual.

Porém, apesar do prognóstico desfavorável, cabe ressaltar que o Brasil, como um país de dimensões continentais, encerrou 2023 com recorde de exportações, alcançando os US$ 339,67 bilhões e superando em 1,7% os números de 2022. Resultados esses que possibilitam que os demais estados da nação se unam ao governo federal não só para fornecer ajuda ao Rio Grande do Sul, como em uma atuação proativa em prol da concessão de acordos comerciais imprescindíveis neste momento.

Recentemente, o governo federal já anunciou a isenção de tarifas para a importação de arroz, que ajudará a suprir a demanda nacional sem aumento excessivo nos preços repassados aos consumidores, medidas para facilitar o acesso a crédito dos produtores rurais, que serão dispensados de apresentar a Certidão Negativa de Débitos para ter acesso a financiamentos, e o custeamento de R$ 1 bilhão para concessão de desconto de juros para empréstimos concedidos no Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e no Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural).

Porém, apesar de serem de grande valia e cruciais para ajudar a população neste momento de recuperação, ainda é preciso mais. Até porque, além da produção de arroz, por exemplo, o Rio Grande do Sul também é referência no país em outras frentes, como cultivo de soja, milho e criação de suínos e frangos, que também precisarão de benefícios para poderem se reestruturar.

Lembrando que os prejuízos financeiros não terminam com o fim das enchentes. Afinal, apenas no setor habitacional, a Confederação Nacional de Municípios (CNM, 2024) estima prejuízos na casa dos R$ 4,4 bilhões, considerando reconstrução e reparo de residências.

Além disso, há ainda que se considerar o aumento de gastos com saúde pública, resgates e o período necessário para reabertura e normalização do comércio e do turismo, que levarão algum tempo para se normalizar.

Até lá, a prioridade agora deve seguir sendo a de proteger as vidas dos gaúchos, garantindo que tenham suas necessidades básicas supridas.

Em paralelo, investir em medidas econômicas eficientes, atreladas ao mapeamento de áreas de risco, infraestrutura, preservação das áreas verdes e monitoramento e alerta precoce de eventos climáticos perigosos, também se faz crucial e urgente. E isso contribui para a recuperação do Rio Grande do Sul e para o futuro de toda a nossa nação, em geral.

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