Confira o artigo escrito por André Nogueira é sócio responsável pelo escritório de Fortaleza da BDO
As empresas familiares são parte fundamental do cenário empresarial brasileiro e uma força motriz no mundo dos negócios. Estima-se que são responsáveis por 65% do PIB do país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Elas são caracterizadas por sua resiliência, capacidade de adaptação e uma visão de longo prazo, justamente para preservar um dos seus patrimônios, o legado familiar.
Não é surpresa que esse modelo de negócios seja prevalente no Brasil. Em muitos países, representa a espinha dorsal das micro, pequenas e médias empresas. Invariavelmente, as grandes corporações são ou nasceram como um negócio familiar. Para se ter uma ideia, 90% das empresas têm este perfil no nosso país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Embora essas empresas demonstrem força em muitos aspectos, elas também enfrentam desafios muito particulares, que vão desde questões emocionais até a gestão de conflitos familiares e, acima de tudo, o planejamento estratégico para a sucessão.
Os desafios vão além da sucessão, embora costume ser o maior deles. Definir metas de longo prazo que incluem a proteção da empresa como um ativo essencial da família, a criação de um legado duradouro e a expansão dos negócios atuais costumam entrar na pauta das organizações que conseguem se perpetuar.
No entanto, alcançar essas metas requer uma transição suave de liderança de uma geração para a próxima. A gestão de sucessão é um dos pontos mais cruciais e também mais sensíveis nesse processo. Em vez de focar apenas no lucro imediato, as empresas familiares geralmente planejam para as próximas gerações, o que as torna mais dispostas a investir em estratégias sustentáveis e a enfrentar crises com determinação. Isso se deve, em grande parte, à visão de longo prazo que essas empresas adotam.
A preparação para o futuro é fundamental para garantir que o negócio continue a prosperar e a crescer. Uma das primeiras etapas é alinhar as expectativas e as estratégias de negócios entre as diferentes gerações envolvidas. Isso pode ser um processo desafiador, pois cada geração pode ter visões e valores distintos em relação à empresa, mas é necessário resiliência e visão de longo prazo.
Uma das maiores forças das empresas familiares vem da tradição e inovação. As organizações muitas vezes incorporam valores e práticas transmitidos ao longo de décadas ou até séculos, ao mesmo tempo em que se adaptam às mudanças tecnológicas e de mercado. Essa combinação de estabilidade e flexibilidade é uma fórmula poderosa para o sucesso longínquo.
A comunicação aberta e transparente é essencial durante todo o processo de sucessão. As conversas honestas podem ajudar a evitar mal-entendidos e conflitos. Além disso, é importante envolver todas as partes interessadas, ou seja, os membros da família e os funcionários-chave, para garantir uma transição eficaz.
Um plano estratégico detalhado é o alicerce da gestão de sucessão bem-sucedida. Isso inclui a identificação e o desenvolvimento de líderes potenciais da próxima geração, a definição de papéis e responsabilidades claras e a criação de um plano de contingência para lidar com imprevistos.
Em muitos casos, a profissionalização da empresa é necessária para facilitar a transição de uma gestão mais familiar para uma gestão mais profissional. Isso pode envolver a contratação de executivos externos ou a implementação de melhores práticas de governança corporativa.
Com planejamento cuidadoso, comunicação aberta, promoção de uma cultura de adaptação e implementação de estratégias adequadas, essas empresas podem continuar a prosperar e a preservar seu valioso legado ao longo das gerações. A gestão de sucessão não é apenas uma necessidade, mas também uma oportunidade para construir um futuro sólido e sustentável para a empresa e para a família. Elas são exemplos vivos de como os valores familiares podem se transformar em negócios bem-sucedidos e sustentáveis.
