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O que acontece no cérebro quando recebemos um feedback, segundo a neurociência

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Foto: Hal Gatewood no Unsplash

Carol Garrafa, especialista em desenvolvimento de líderes e CEO da Santé, explica como compreender os mecanismos cerebrais envolvidos no feedback pode tornar times mais preparados para aprender, inovar e crescer

No ambiente corporativo, o feedback deixou de ser uma prática pontual para se tornar parte fundamental das estratégias de desenvolvimento humano. Ainda assim, muita gente reage de forma defensiva ou ansiosa diante de uma avaliação. A engenheira e neurocientista Carol Garrafa, especialista em desenvolvimento de líderes, explica que a chave para mudar essa dinâmica está na neurociência: entender como o cérebro interpreta o retorno é o que permite transformar o feedback em aprendizado e o feedforward em ação construtiva.

O termo feedback surgiu originalmente na engenharia, como um conceito ligado a sistemas de controle e retroalimentação e foi posteriormente incorporado à administração. Segundo Peter Drucker, o feedback é um “espelho do desempenho”, que permite às pessoas ajustarem rotas e aprimorarem seus resultados.

“Mais do que um retorno sobre o que foi feito, o feedback é uma oportunidade de aprendizado. Ele ajuda o cérebro a perceber padrões, compreender consequências e ajustar comportamentos”, explica Carol.

Nas últimas décadas, o conceito de feedforward ganhou espaço como uma evolução natural do feedback. Criado e difundido pelo especialista em liderança Marshall Goldsmith, o feedforward desloca o foco do passado para o futuro em vez de revisitar erros, buscando indicar caminhos para o aprimoramento.

“Enquanto o feedback ajuda a entender o que funcionou ou não, o feedforward convida a mente a projetar o que pode ser feito de forma aprimorada a partir de agora. É uma forma mais construtiva e estimulante de aprender”, destaca a neurocientista.

A neurociência por trás do aprendizado

A especialista explica que, ao receber um retorno, seja positivo ou negativo, o cérebro entra em um processo complexo que envolve emoções, memória e aprendizado.

“Quando ouvimos uma crítica, o cérebro aciona estruturas ligadas à defesa, como a amígdala, que interpreta a situação como uma possível ameaça. Isso explica por que muitas pessoas reagem com desconforto ou resistência”, comenta a CEO da Santé.

Mas é justamente o cerebelo, região do cérebro ligada à coordenação e ao aprendizado por tentativa e erro, que tem papel fundamental nesse processo.

“O cerebelo ajuda a ajustar comportamentos e consolidar novos padrões. Ele compara o resultado esperado com o obtido e, a partir dessa diferença, promove correções. É o mesmo mecanismo que usamos ao aprender a andar de bicicleta ou tocar um instrumento, e também quando aprendemos a melhorar nossas atitudes e decisões”, explica Garrafa.

Segundo a neurocientista, quando o feedback é dado em um ambiente de segurança psicológica, o cérebro interpreta a experiência como aprendizado, e não como ameaça. “É nesse momento que ocorre o verdadeiro crescimento”, reforça. “Concluímos que não existe evolução sem aprendizado e não existe aprendizado sem tentativa e erro!”.

Nas empresas: o desafio das lideranças

Nas organizações, compreender essa dinâmica cerebral pode transformar a cultura de avaliação e desenvolvimento. “Líderes que entendem como o cérebro reage ao feedback conseguem criar conversas mais produtivas, empáticas e voltadas ao futuro. Isso impacta diretamente a motivação, a inovação e a colaboração entre as equipes”, afirma a neurocientista. Ela ressalta que investir em treinamentos voltados ao feedback inteligente e ao feedforward é uma das formas mais eficazes de fortalecer o aprendizado contínuo e o engajamento nas empresas.

“O cérebro aprende mais quando se sente encorajado do que quando se sente julgado”, conclui Carol. “Quando líderes compreendem isso, deixam de ver o feedback como crítica e passam a enxergá-lo como uma oportunidade de evolução conjunta”.

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