Arley Boullosa, sócio da Moby Corretora de Seguros e idealizador da Kuantta Consultoria, esclarece principais pontos na hora de escolher um plano de saúde
Em um país onde o serviço de saúde público pode deixar a desejar, a busca por um plano de saúde privado tornou-se prioridade para muitos brasileiros. Com mais de 50,8 milhões de pessoas cobertas por planos de saúde, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), muitos se perguntam: como escolher o melhor plano para mim? Por isso, conversamos com Arley Boullosa, sócio da Moby Corretora de Seguros e idealizador da Kuantta Consultoria, para esclarecer essa questão.
Diferenças entre os planos de saúde
A principal diferença, segundo Arley, está na rede de atendimento. “Temos o individual, familiar, empresarial e adesão. Isso é forma de contratação, mas o que interessa para o cliente é se tem rede de clínicas, hospitais, laboratórios e médicos na região onde ele reside ou vai utilizar o plano”, afirma. Ele acrescenta que, enquanto alguns questionam sobre reembolso, “a grande massa, por volta de 95%, quer saber se será bem atendido quando precisar“.
O que observar ao contratar
“Plano ou seguro saúde no Brasil é quase um item obrigatório para os brasileiros“, diz Arley Boullosa. O especialista ressalta que, antes de tudo, o consumidor deve estar atento “principalmente a dois itens: um produto que atenda suas necessidades e a questão dos reajustes anuais”.
O mercado atual é “concentrado, muito regulamentado, engessado e com opções limitadas”, aponta o especialista. “Um exemplo disso foi o fim do produto individual e o surgimento do adesão. O primeiro tinha um reajuste controlado pela ANS e fez com que operadoras e seguradoras fechassem suas carteiras, enquanto na contratação no modelo de adesão, os reajustes não são controlados e ficam por conta das administradoras de benefícios, o que pode fazer o custo aumentar até 50% antes que o contrato complete doze meses”, acrescenta.
Reajustes de preço
Arley Boullosa explica que os reajustes acontecem de duas maneiras. “Temos o reajuste no aniversário do contrato e também quando o beneficiário muda de faixa etária”, explica. “Temos o mesmo número de beneficiários nos planos de saúde de dez anos atrás. A maior fatia contratados por empresas e o setor não avança porque uma empresa contrata um plano, fica dois anos em uma operadora e sai para outra porque depois de dois aumentos ela encontra preço menor para um produto similar em outra operadora ou seguradora. Mercado que não cresce vive de trocar a mesma base de clientes entre os concorrentes”, adverte.
Fraudes nos planos de saúde
O sócio da Moby Corretora de Seguros alerta para um crescimento das fraudes no setor. “Temos assistido na mídia o aumento de fraudes nos planos de saúde”, menciona ao citar um exemplo recente de uma grande empresa demitindo funcionários por fraudes no reembolso. Para ele, “a judicialização também é mais um item que impacta os resultados das operadoras e seguradoras”, com muitos casos originados por má fé. “Na mesma linha do Seguro de Automóvel, que sempre sofreu com fraudes, o produto saúde vem sendo atingido por clientes que apostam na impunidade”, completa.
Recomendações aos consumidores
“A recomendação é contratar com um corretor especialista“, sugere Arley Boullosa. Ele enfatiza a importância do profissional qualificado para apresentar a melhor opção e esclarecer dúvidas, garantindo que não haverá surpresas no momento da utilização.
Além disso, o idealizador da Kuantta Consultoria declara que o mercado de saúde suplementar “precisa de diálogo e transparência”. Ele defende, por fim, a discussão de novos modelos para o setor e a regulamentação da profissão de corretor de planos de saúde. “Há muitas vendas mal realizadas por uma categoria não qualificada, prejudicando os consumidores”, finaliza. A reflexão é clara: é necessário repensar e aprimorar o setor de saúde suplementar no Brasil.