Especialista destaca importância da mudança comportamental e de equipe multidisciplinar para tratamento seguro e eficaz
Com cerca de 31% da população adulta brasileira lidando com a obesidade e 68% vivendo com excesso de peso, segundo o Atlas Mundial da Obesidade de 2025, medicamentos como as canetas emagrecedoras e similares têm ganhado destaque nas redes sociais e nas conversas sobre perda de peso. No entanto, para que tragam resultados consistentes e seguros, o acompanhamento médico é indispensável.
O Dr. José Sallet, especialista em obesidade e doenças metabólicas do Instituto de Medicina Sallet esclarece que a doença é uma pandemia global: quase metade da população têm algum grau de sobrepeso ou obesidade. Por isso, mesmo quem tem apenas sobrepeso (IMC entre 27 e 30) pode se beneficiar de um tratamento bem conduzido por uma equipe médica transdisciplinar.
Segundo o especialista, é essencial compreender que toda medicação tem indicação específica. No caso das canetas emagrecedoras, o uso é destinado ao tratamento da obesidade e das doenças metabólicas em um perfil definido de pacientes: pessoas com sobrepeso ou obesidade grau 1 que não possuem indicação cirúrgica.
“Por isso, o primeiro passo é sempre uma avaliação com um médico especialista no tratamento da obesidade, endocrinologistas, cirurgiões bariátricos ou metabólicos que trabalhem com uma equipe transdisciplinar, incluindo psicólogos, nutricionistas e orientadores de atividade física, assim, conseguimos não só bons resultados na perda de peso, mas principalmente na manutenção desses resultados a longo prazo”, orienta.
Para pacientes com compulsão alimentar, o acompanhamento psicológico e psiquiátrico torna-se ainda mais indispensável. Esses profissionais são fundamentais para identificar o grau da compulsão, orientar o tratamento, prescrever medicações quando necessário e conduzir a psicoterapia adequada.
Obesidade tem cura?
O especialista explica que a obesidade é uma doença crônica e multifatorial, que tem tratamento, mas não tem cura. “Por isso, o ponto central é auxiliar o paciente na mudança comportamental e o protagonista dessa mudança é sempre o próprio paciente, não são as canetas emagrecedoras, não é a cirurgia, nem o balão intragástrico. O tratamento médico é um suporte, mas a mudança vem do paciente”, reforça.
Sallet lembra ainda que todos os tratamentos medicamentosos e endoscópicos são temporários: possuem um tempo limitado de ação. “Ninguém usará caneta emagrecedora para sempre. assim, a mudança comportamental é o que garante resultados sustentáveis”, enfatiza.
Os riscos da automedicação
A automedicação, especialmente no caso de medicamentos mais recentes, traz riscos significativos. “No caso das canetas emagrecedoras e similares, ainda não temos vivência clínica de longo prazo. “A medicina considera necessário um período mínimo de 10 anos para avaliar efeitos colaterais e segurança. Portanto, a automedicação é formalmente contraindicada”, alerta.
O especialista conclui reforçando que objetivos estéticos são legítimos, desde que conduzidos com responsabilidade. “Não sou contra o objetivo estético, mas ele deve seguir critérios. O paciente precisa entender que o uso desse tipo de medicação exige sempre acompanhamento médico e seguimento adequado”, finaliza.
