Depois de semanas sob os holofotes por irregularidades em sua comunicação com o público, a Loovi Seguros (CW Technology Ltda) e a LTI Seguros S.A. acabam de ser autorizadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) a retomar suas operações comerciais. A informação foi confirmada com exclusividade pelo Universo do Seguro nesta segunda-feira (24), após a autarquia divulgar nota oficial informando a regularização do caso.
A decisão ocorre após a suspensão temporária determinada no último dia 14, motivada por denúncia da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor), que apontava falta de clareza na relação entre as duas empresas, práticas publicitárias potencialmente enganosas e risco à integridade do mercado e dos consumidores.
Nota oficial da Susep
“Após a adoção das medidas necessárias para a regularização das questões que motivaram a suspensão temporária, a LTI Seguros S.A. e sua representante CW Technology (Loovi) estão autorizadas a retomar a comercialização de seus produtos e a prestação de serviços”.
Ainda segundo a Susep, as empresas permanecem sob análise em relação à denúncia apresentada, e novas irregularidades eventualmente identificadas poderão originar outras medidas ou processos sancionadores.
Entenda o caso
A Loovi ganhou notoriedade nas redes sociais com promessas de seguros veiculares “50% mais baratos”, sem necessidade de avaliação técnica do carro e com contratação digital em até cinco minutos. Com apoio de influenciadores e figuras públicas como Whindersson Nunes e Celso Portiolli, além da associação ao empresário e ex-candidato Pablo Marçal, a empresa rapidamente se destacou entre os consumidores — mas também despertou a atenção das autoridades reguladoras.
A denúncia da Fenacor apontava falta de transparência e comunicação potencialmente enganosa. A própria Susep afirmou que, mesmo após alterações no site da LTI, persistia uma “confusão informacional” que levava o público a acreditar que a Loovi era uma seguradora não autorizada, e não uma representante da LTI.
Em nota anterior, a Susep foi enfática ao afirmar que a seguradora é solidariamente responsável pela atuação de seus representantes, conforme prevê a Resolução 431/21 do CNSP.
Os ajustes exigidos
Para que a suspensão fosse revogada, a LTI e a Loovi tiveram que:
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Esclarecer publicamente a relação entre seguradora e representante;
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Adequar materiais de comunicação à Resolução 431/21, informando de forma clara os papéis de cada empresa;
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Ajustar práticas comerciais no ambiente do Sandbox Regulatório, incluindo a descrição do caráter experimental dos produtos;
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Reforçar o cumprimento das obrigações contratuais com os clientes já ativos.
Mensagem interna da Loovi
Durante o período de suspensão, o CEO da Loovi, Quézide Cunha, divulgou vídeo orientando colaboradores e revendedores a manterem suas atividades de prospecção e tranquilizarem os clientes. Segundo ele, “a empresa continua funcionando normalmente”, aguardando apenas a liberação formal da Susep para retomar a finalização das vendas.
Agora, com a autorização confirmada, a empresa sinaliza um retorno ao mercado e promete um “retorno triunfal”, como já havia adiantado seu fundador.
Próximos passos
Apesar da retomada, a Susep reforça que a apuração da denúncia continua, o que pode resultar em novos desdobramentos regulatórios. A crise enfrentada pela Loovi e LTI serve como alerta ao setor: inovação e marketing agressivo não substituem a necessidade de rigor regulatório e comunicação transparente com os consumidores.
Como destacou o presidente da Fenacor, Armando Vergilio, a decisão da Susep “serve como um alerta para outras seguradoras e representantes do setor” e reforça a importância da vigilância em defesa dos interesses dos segurados.