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Ondas de calor podem custar -0,5pp do PIB na Europa, aponta Allianz Trade

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Relatório projeta impacto econômico global por conta de temperaturas extremas

As ondas de calor que atingem a Europa Central e Ocidental e os Estados Unidos estão elevando as temperaturas muito acima dos padrões sazonais. Recordes de temperatura estão sendo quebrados em todo o Hemisfério Norte, evidenciando os riscos físicos das mudanças climáticas e colocando em dúvida a resiliência econômica diante de temperaturas extremas.

O time de economistas da Allianz Research, divisão de pesquisa macroeconômica da Allianz Trade, líder global em seguro de crédito, publicou nesta terça-feira (01) a nova edição do relatório What to Watch, analisando os impactos do aquecimento global na economia global. 

Segundo os autores, um cálculo inicial sugere que as recentes ondas de calor no sul e centro da Europa, nos Estados Unidos e na China podem acarretar custos econômicos significativos. China, Espanha, Itália e Grécia podem sofrer perdas no PIB de quase um ponto percentual devido à atual onda de calor. Os EUA e a Romênia podem registrar uma queda de cerca de -0,6 ponto percentual, enquanto a França pode perder até um terço de ponto percentual. O impacto na Alemanha seria menor, com apenas -0,1 ponto percentual.

De modo geral, ponderando pelo peso no PIB global, a onda de calor representa uma redução de -0,5 ponto percentual no crescimento do PIB da Europa em 2025 e cerca de -0,6 ponto percentual no crescimento global, evidenciando o peso crescente dos riscos físicos associados às mudanças climáticas.

Temperaturas extremas também reduzem a produtividade do trabalho

A International Labor Organization (ILO) projeta que o estresse térmico reduzirá o total de horas potenciais de trabalho no mundo em -2,2% (equivalente a 80 milhões de empregos em tempo integral)³. De acordo com o relatório de 2022 do Lancet Countdown, em 2021 foram perdidas 470 bilhões de horas potenciais de trabalho — um aumento de +37% em relação à média anual entre 1990 e 1999, com uma média de 139 horas perdidas por pessoa.

Os efeitos negativos são mais acentuados em países em desenvolvimento, onde trabalhadores de baixa renda são mais expostos e vulneráveis às ondas de calor (por exemplo, na África e no Sul da Ásia, considerando a qualidade das moradias e o acesso limitado ao ar-condicionado).

O fator decisivo para as perdas de produtividade é o número de dias com calor extremo (medida típica: dias acima de 32°C/90°F). Os autores citam o estudo publicado na International Journal of Biometeorology (Foster et al., 2021), mostrando que a capacidade de realizar trabalho físico pode cair em até 40% quando a temperatura atinge 32°C, e até dois terços quando ultrapassa os 38°C.

A adaptação é fundamental: segundo os economistas, as condições dos trabalhadores são influenciadas por decisões sociais, o que sugere que as perdas de produtividade causadas pelo calor podem ser mitigadas. Diversas abordagens — incluindo mudanças tecnológicas, estruturais, regulatórias e comportamentais — podem ser adotadas por indivíduos, empresas e governos. Embora a eficácia dessas medidas dependa dos contextos locais, muitas delas demonstram ser economicamente viáveis.

Os autores apontam ainda que estratégias como otimizar os horários de trabalho, atuar nas primeiras horas da manhã ou no início da noite, e utilizar mecanismos de resfriamento passivo são promissoras. O planejamento urbano com consciência climática e modificações no design dos edifícios são mais eficazes para lidar com temperaturas de base elevadas, enquanto o uso de ar-condicionado pode ser uma solução viável para picos de temperatura, desde que haja eletricidade adequada, acessível, confiável e limpa.

Para acessar o estudo completo em inglês, clique aqui

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