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Open Finance: protagonismo do consumidor impulsiona o ecossistema e novos modelos de negócio

Sérgio Favarin, VP of Capital Markets & Financial Services da GFT Brasil / Divulgação
Sérgio Favarin, VP of Capital Markets & Financial Services da GFT Brasil / Divulgação

Confira artigo de Sérgio Favarin, VP of Capital Markets & Financial Services da GFT Brasil

A integração entre sistemas e a portabilidade de dados por meio das APIs abrem espaço para que novas empresas possam desenvolver verdadeiros ecossistemas de inovação, alterando a dinâmica de competição no mercado de serviços financeiros. A concorrência não se dá mais pela escala ou pelo tamanho do capital das instituições, mas sim pelo entendimento das demandas dos consumidores e pelo desenvolvimento de novas soluções. É, por isso, que o Open Finance é um dos grandes pilares do que chamamos de nova indústria financeira, na qual nós, consumidores, somos os grandes protagonistas.

O Open Finance é a ampliação conceitual do Open Banking, que, anteriormente focado no compartilhamento dos dados entre instituições bancárias, agora expande seu olhar para outras instituições financeiras do mercado, como corretoras de investimentos, previdência e seguros, câmbio e adquirência.

A espinha dorsal do sistema financeiro aberto é formada por APIs. Através delas os sistemas bancários e diferentes plataformas de sistemas conversam entre si de forma integrada e segura. O cliente possui total controle dos seus dados, definindo com quem, por quanto tempo e por quais condições ele quer compartilhar seus dados.

Open Finance brasileiro cresce em ritmo acelerado

Apesar de o Brasil ser relativamente novo no cenário das finanças abertas, ele caminha a passos largos em comparação com países que estão há mais tempo na jornada open, figurando entre os maiores do mundo em número de usuários. O país ultrapassou o Reino Unido, pioneiro e referência para 50 países, incluindo o próprio Brasil, com quase duas vezes e meia a quantidade de usuários regulares, de acordo com balanço publicado, em janeiro de 2023, pela OBIE (Entidade de Implementação do Open Banking).

A rápida evolução brasileira chama ainda mais atenção tendo em vista que o Reino Unido levou cinco anos para alcançar o patamar atual, ao passo que o Brasil em menos da metade desse prazo atingiu mais do que o dobro. São aproximadamente 15 milhões de clientes únicos e 22 milhões de consentimentos ativos no sistema brasileiro contra 6,5 milhões de usuários britânicos.

O Open Finance brasileiro também se destaca pela abrangência de escopo, devido à quantidade de instituições financeiras integrantes, sejam elas obrigatórias ou facultativas. Já são mais de 800 instituições entre bancos, fintechs e cooperativas de crédito de todos os tamanhos, e o país soma mais de 10 bilhões de trocas de informações entre as participantes.

Futuro do Open Finance

O elemento crucial para pensarmos no futuro do Open Finance é o acesso à informação. Ao acompanhar a vida financeira e as movimentações de seus clientes, inclusive transações em outras instituições financeiras, as organizações pertencentes ao sistema obtêm uma melhor compreensão do perfil e do comportamento de seus clientes, e podem oferecer produtos e serviços personalizados. Além disso, os bancos e fintechs conquistam maior eficiência operacional, pois a integração por APIs elimina intermediários e agiliza os processos. Com isso, os preços tendem a cair e todos saem ganhando — a instituição que reduz seus custos e os usuários que ampliam seu poder de decisão, graças à competitividade.

Em levantamento recente feito pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) com os bancos associados integrantes do projeto, foram mapeados mais de 45 produtos e serviços já oferecidos aos clientes, entre eles, agregadores financeiros, iniciação de pagamentos, soluções para ofertar melhores propostas de crédito, e serviços voltados para cashbacks e tarifas. O avanço no compartilhamento de informações entre as organizações financeiras permitirá que as instituições partícipes passem a oferecer dados de produtos como investimentos, seguros, previdência e câmbio, e há a previsão de que também sejam implementadas funcionalidades direcionadas a clientes pessoa jurídica.

No entanto, mesmo com números expressivos pelo tempo de implementação, a participação de mais clientes no Open Finance ainda se coloca como um dos principais desafios para a consolidação do ecossistema de dados. Trata-se de uma transição cultural para empresas e, especialmente, cidadãos. Quando os brasileiros tiverem confiança de que o compartilhamento só acontece com a autorização do consumidor, o que lhe assegura manter sua privacidade com relação a seus dados financeiros, poderão realizar transferências, cotar seguros, obter menores taxas de serviços, entre outros, avaliando o que pode gerar benefício para a sua conta, sua família ou sua empresa, e gerir melhor as suas finanças, além de receberem ofertas de produtos ainda mais alinhadas ao seu perfil e necessidade.

O Open Finance é um importante passo para termos um mercado mais coerente e, por que não dizer, justo. A possibilidade de termos ofertas contextualizadas por cliente é, sem dúvida, uma conquista para a qual ainda não temos a real dimensão de seu significado, mas que, seguramente, terá grande impacto em nossas vidas financeiras. Clientes conscientes tomam sempre melhores decisões.

*Sérgio Favarin atuou diretamente junto a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e Banco Central nas duas primeiras fases do projeto de Open Banking.

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