Modelo promete transformar o setor de seguros com maior personalização, transparência e oportunidades para players de todos os tamanhos
O Open Insurance está emergindo como uma iniciativa transformadora no mercado segurador brasileiro. Eliseu Tudisco, sócio da Strategy&, braço estratégico da PwC Brasil, explica como esse modelo promete redefinir o relacionamento entre seguradoras e consumidores, oferecendo vantagens em personalização, transparência e competividade, além de contribuir para o crescimento do setor.
Personalização e transparência como diferenciais
“Do ponto de vista do cliente, a personalização é o principal benefício do Open Insurance”, destaca Tudisco. Ao permitir que seguradoras acessem o histórico de seus clientes, o sistema possibilita compreender melhor os perfis individuais e oferecer soluções mais aderentes às necessidades específicas. Além disso, a transparência do processo, garantida pela limitação de compartilhamento de dados apenas com consentimento do usuário, confere segurança e confiabilidade.
Outro ponto relevante é a comparação de produtos. O Open Insurance (OPIN) permitirá aos consumidores analisar as ofertas de diversas seguradoras por meio de plataformas facilitadoras, como as Sociedades Processadoras de Ordem do Cliente (SPOC). Essas entidades centralizarão informações e processos, simplificando a aquisição e o uso de seguros.
Oportunidades para players menores
O Open Insurance também abre caminhos para seguradoras regionais e de nicho competirem em pé de igualdade com grandes empresas. “Essas seguradoras poderão aproveitar o OPIN para atrair clientes de competidores tradicionais, oferecendo produtos mais customizados e vantajosos”, afirma Tudisco. O acesso ao histórico do cliente e a facilidade de migração proporcionadas pelo sistema são fundamentais para fortalecer a posição dessas empresas no mercado.
Inovação em produtos e estratégias de distribuição
As APIs do Open Insurance oferecem às seguradoras a oportunidade de desenvolver produtos inovadores e personalizáveis. Segundo Tudisco, essa abordagem não apenas aprimorará as ofertas existentes, mas também permitirá a criação de soluções inéditas adaptadas às demandas dos consumidores.
As estratégias de distribuição também devem passar por uma revolução. “O papel do corretor será ressignificado, com o uso de ferramentas como OPIN e SPOCs para transformar a experiência de contratação de seguros”, sinaliza Tudisco. A combinação dessas inovações pode levar a uma redução nos custos para o consumidor final e expandir o alcance dos produtos no mercado.
Contribuições ao PDMS 2030
O Open Insurance está alinhado às metas do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS) 2030, que busca ampliar a participação do setor no PIB brasileiro. Tudisco aponta três contribuições principais: facilitar o acesso à informação para aumentar o engajamento do consumidor, incentivar o desenvolvimento de novos produtos e explorar novos canais de comunicação.
“Com o OPIN, o mercado se torna mais acessível e dinâmico, promovendo maior inclusão e ampliando o alcance dos seguros”, diz.
Desafios operacionais e tecnológicos
Embora as perspectivas sejam promissoras, o Open Insurance enfrenta desafios significativos para sua implementação completa. Segundo Tudisco, as fases do cronograma necessitam de ajustes e maior investimento em digitalização, agilidade e cibersegurança.
“A integração com ecossistemas financeiros será essencial para conectar Open Insurance ao Open Finance, permitindo avanços como pagamentos de indenizações diretamente pelo sistema”, acrescenta.
Impacto no mercado
O potencial transformador do Open Insurance pode gerar um aumento significativo na demanda por seguros. “Estimamos que um crescimento de 1% na demanda represente cerca de R$ 3 bilhões para o mercado. O impacto do OPIN, entretanto, pode superar essa marca, criando oportunidades para todos os players do setor”, conclui Tudisco.