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Os impactos da dolarização no mercado financeiro global e local

João Gentina, especialista em investimentos no exterior da WIT Invest / Foto: Divulgação
João Gentina, especialista em investimentos no exterior da WIT Invest / Foto: Divulgação

Confira análise de João Gentina, especialista em investimentos no exterior da WIT Invest

A dolarização, prática de alocar parte do patrimônio em ativos atrelados ao dólar, tem ganhado relevância no planejamento financeiro de investidores brasileiros. João Gentina, especialista em investimentos no exterior da WIT Invest, traz uma análise detalhada sobre os impactos, oportunidades e riscos dessa estratégia, especialmente em um cenário de instabilidade econômica global e local.

A dolarização é adequada para todos os perfis de investidores?

De acordo com João Gentina, a dolarização não é uma solução universal. “Depende em grande parte dos objetivos individuais e da tolerância ao risco. Embora investir na maior bolsa de valores do mundo atrelada à economia mais estável possa ser uma grande estratégia de diversificação, a decisão de alocar ativos em dólares deve considerar a capacidade e os objetivos financeiros do investidor”.

Investidores conservadores podem preferir uma exposição limitada ao dólar para proteger seu capital, enquanto aqueles com maior apetite por risco podem explorar retornos potenciais mais altos. “A dolarização é uma ferramenta poderosa, mas sua adequação varia de acordo com o contexto e as necessidades de cada investidor”, reforça o especialista.

Setores mais impactados pelas variações do dólar

Gentina destaca que um dólar mais forte beneficia setores como agricultura, mineração, papel e celulose, que geram receitas significativas em exportações. Por outro lado, setores como automotivo, farmacêutico, petróleo e varejo enfrentam desafios devido ao aumento de custos atrelados a insumos importados. “Isso pode levar a preços mais altos ao consumidor e margens de lucro reduzidas”, explica.

As melhores opções de investimento em ativos dolarizados

As opções variam conforme o perfil do investidor. Para quem possui patrimônio líquido acima de R$ 1 milhão, enviar recursos ao exterior pode ser vantajoso. Já investidores com menor capacidade financeira podem recorrer a ETFs negociados na B3, como WRLD11, IVVB11, BNDX11 e USDB11, que oferecem acesso a mercados globais com custos reduzidos.

No entanto, Gentina alerta para os riscos regulatórios e geográficos dos ETFs locais. “A escolha ideal depende do equilíbrio entre conveniência, custo e necessidades de diversificação”, acrescenta.

Cuidados ao dolarizar o patrimônio

Um erro comum, segundo Gentina, é agir por impulso ou não adotar uma perspectiva de longo prazo. “Os fundos dolarizados devem permanecer no exterior durante anos e só serem recuperados em casos de absoluta necessidade. Pensar em termos de ‘dois bolsos’ – um em reais para necessidades locais e outro em dólares para estabilidade – é essencial”.

Fatores econômicos e políticos em 2025

O cenário político e fiscal brasileiro é um dos principais influenciadores da dolarização. “O Brasil enfrenta desafios fiscais significativos, onde a maior parte dos gastos públicos são obrigatórios, dificultando ajustes. É crucial que o governo priorize cortes nas despesas antes de considerar novos benefícios ou isenções”, alerta Gentina.

No cenário global, políticas protecionistas nos EUA podem fortalecer o dólar, mas também introduzir desafios como inflação e custos mais altos em cadeias globais de abastecimento.

Perspectivas do dólar e o impacto no portfólio

A valorização histórica do dólar em relação ao real reforça sua atratividade. “Desde o Plano Real, o dólar subiu de R$ 1,00 para cerca de R$ 6,00. Apesar da volatilidade de curto prazo, a dolarização protege o poder de compra e preserva o capital a longo prazo”, afirma.

No entanto, o especialista recomenda cautela. “Flutuações cambiais podem gerar uma falsa percepção de perdas no curto prazo, mas podem ser oportunidades para reforçar uma estratégia de longo prazo”.

Tecnologias emergentes e o papel do dólar

As Moedas Digitais do Banco Central (CBDCs) podem representar desafios e oportunidades para o dólar. “Embora as CBDCs ofereçam segurança e transparência, permanecem ligadas à estabilidade das economias que as emitem. Os EUA têm vantagem competitiva nesse cenário, consolidando o dólar como referência internacional”, avalia Gentina.

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