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Os impactos da Super Quarta na economia brasileira e estrangeira – 31 de janeiro de 2024

Rodney Ribeiro, economista e assessor de investimentos da WIT Invest - Crédito: Divulgação
Rodney Ribeiro, economista e assessor de investimentos da WIT Invest – Crédito: Divulgação

Entrevista com Rodney Ribeiro, economista e assessor de investimentos da WIT Invest

1. Quais são as expectativas para a próxima reunião do Copom? O que se espera em relação à decisão de política monetária?

R: A perspectiva nesta próxima reunião é manter a queda de juros em 0,50, uma vez que já foi, de certa maneira, sinalizado na última reunião. A queda poderá se intensificar com o início esperado de cortes nas taxas de juros pelos principais bancos centrais, ou seja, Federal Reserve, Banco Central Europeu e Banco da Inglaterra, a partir de março, o que poderá influenciar o banco central brasileiro a também iniciar os cortes da SELIC.

2. Em dia de Super-Quarta, quais as expectativas para a reunião do Fed?

R: Existe muita gordura para que ocorram cortes nos bancos centrais globais. E para economias sólidas, a perspectiva é que em março esse cenário se intensifique. Outro fator que traz essa perspectiva é a economia chinesa, que entra em desaceleração. Isso ocorre principalmente com as elevadas cargas de dívidas das empresas chinesas, que acabam representando um elevado nível de risco global. Todo esse cenário traz um “efeito borboleta” para os países emergentes.

3. Como a revisão para cima na projeção de inflação para 2024, agora em 3,91%, em comparação com o boletim anterior, está influenciando as estratégias de investimento no mercado financeiro para o próximo ano?

R: O olhar está na diversificação da carteira; mesmo os clientes mais conservadores estão preferindo assumir um pouco mais de risco, como no caso de crédito privado e alguns outros ativos migrando de ativos atrelados ao pós-fixado para os atrelados à inflação. Outros conservadores buscam compreender a dinâmica da renda variável e, mesmo com aversão à perda, ainda assim, estão mais dispostos à diversificação da carteira, com foco em renda variável, como, por exemplo, a construção de carteiras em FIIs (Fundos Imobiliários).

4. Dado o cenário de queda na taxa Selic, que deve atingir 9,5% ao ano em 2024, como os investidores conservadores estão respondendo a esse ambiente, e quais são as perspectivas para produtos de renda fixa, como o Tesouro Direto?

R: A resposta está na questão 3.

5. O aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve nos Estados Unidos, mantido em níveis elevados, pode continuar até pelo menos o início de 2024? Como isso afeta as estratégias de investimento no mercado brasileiro e as decisões do Copom? 

R: Existe de fato o olhar para que o FED mantenha essa política monetária restritiva até o começo do 2º trimestre deste ano. Já com a queda da Selic, prevista pelo COPOM, torna o mercado brasileiro ainda atrativo. O investidor no Brasil ainda tem possibilidade para buscar oportunidades interessantes na Renda Variável, tanto em ações quanto em FIIs. Essa é a importância de compreender a estratégia da carteira que você tem e qual o nível de exposição que você deseja. Alguns ativos desde outubro do ano passado tiveram valorização entre 40% e 50%, o que traz uma grande chance de lucro, lembrando que muitas dessas empresas também são pagadoras de dividendos.

6. Qual seria o principal conselho para o investidor brasileiro neste início de 2024?

R: Aproveitar as oportunidades é estar atento e preparado para elas, e a melhor maneira é fazer a diversificação. Se você não está feliz com o preço do ativo que você deseja adquirir, mesmo acreditando na empresa, no modelo de negócio, na estrutura da empresa, coloque então o dinheiro em um ativo com liquidez para manter o poder de compra e, na melhor oportunidade, você resgatará e comprará o ativo que de fato você quer que componha a sua estratégia. Tenha alvos, ou seja, construa uma carteira que você pode ter dividendos e outra carteira que você irá focar em oportunidades de obter lucros, como as SMALL CAPS.

7. Considerando o atual cenário de juros no Brasil e nos Estados Unidos, é apropriado reconsiderar a permanência em investimentos de renda fixa? Quais alternativas de investimento são atrativas neste momento dadas as condições econômicas nos dois países?

R: No Brasil, sempre haverá espaço para investir em renda fixa; a questão é qual o melhor indexador a ser adotado, e o que é observado é que, por conta da queda da Selic, oportunidades como IPCA+ têm se tornado atrativas. Porém, é fundamental responder às seguintes perguntas:

  1. Quanto tenho investido?
  2. Qual o valor que vou continuar investindo?
  3. Por quanto tempo vou continuar investindo?
  4. Qual a minha disposição ao risco?

Essa última é importante porque muitos investidores conservadores vão se desenvolvendo e acabam migrando de um perfil conservador para um perfil moderado, o que traz novas oportunidades de investimentos, tornando sua diversificação mais robusta e, portanto, menos volátil.

8. Como as eleições americanas podem impactar a economia nos EUA e Brasil?

R: As eleições nos EUA afetam significativamente o Brasil em diversos setores. Os EUA, como grandes parceiros comerciais, influenciam o Brasil através de políticas comerciais e de investimento, impactando exportações, logística e setores com forte relação com o mercado americano. No setor energético, mudanças na política americana podem alterar a demanda e os preços de commodities brasileiras, como petróleo e biocombustíveis. Na agricultura, as políticas agrícolas dos EUA afetam a competitividade do Brasil em produtos como carne, milho e soja. Inovações em propriedade intelectual e tecnologia nos EUA também podem repercutir nas empresas brasileiras. Exemplos históricos incluem o impacto negativo das tarifas impostas por Donald Trump sobre aço e alumínio brasileiros em 2018, prejudicando a indústria siderúrgica do Brasil. Em contrapartida, políticas americanas de estímulo a biocombustíveis trouxeram benefícios para o Brasil, especialmente na exportação de etanol de cana-de-açúcar.

9. Quais as principais áreas da economia brasileira afetadas pelas decisões tomadas durante a Super Quarta? 

Mercado Financeiro: As taxas de juros e políticas monetárias influenciam diretamente os investimentos em ações, títulos e outros ativos financeiros. O mercado de crédito acaba sendo impactado, o que pode trazer oportunidades para financiamentos e empréstimos.

Setor de Câmbio: Variações na taxa de câmbio afetam a importação e exportação, influenciando diretamente empresas que dependem do comércio exterior. A perspectiva é de muita volatilidade, o que traz para o mercado financeiro, oportunidades de operar swing trade. Já no mercado corporativo, é o momento de realizar operações de proteção aos contratos para justamente não tomar surpresas desgastantes. Importante trazer o entendimento de que a moeda americana é muito forte e nos últimos 30 anos demonstrou mais força do que o real. Isso aponta que ter investimentos em USD é uma excelente forma de proteção da carteira e uma ótima diversificação.

Expectativas de Investidores e Consumidores: Políticas fiscais têm trazido o principal alerta no contexto de longo prazo para os investidores, e as ações monetárias podem alterar a confiança dos investidores e o poder de compra dos consumidores, impactando o consumo e os investimentos privados.

Indústria, Comércio e Serviços: Apesar da perspectiva de queda das taxas de juros no Brasil, o mundo ainda está em recessão, o que afeta as projeções de crescimento, inflação e desemprego. Lembrando ainda que a mudança do contexto político americano poderá afetar o desempenho do setor industrial, por conta das restrições impostas por uma política protecionista americana, e o “efeito dominó” trará impacto no varejo e no serviço.

Setor Imobiliário: As taxas de juros influenciam o financiamento imobiliário, afetando a construção civil e o mercado de imóveis. E para este ano pode ser uma oportunidade investir nesse segmento, principalmente em patrimônio físico.

10. Quais são as principais áreas da economia dos EUA afetadas pelas decisões tomadas durante a “Super Quarta”?

Mercado de Ações: Decisões sobre taxas de juros e políticas monetárias têm um impacto imediato nos mercados de ações, afetando tanto investidores institucionais quanto individuais. Com o recuo da taxa de juros americano, o investidor tende a buscar o mercado americano para novas compras, uma vez que é a melhor economia do mundo.

Investimentos Estrangeiros: Políticas fiscais e monetárias podem influenciar o fluxo de investimentos estrangeiros, tanto de entrada quanto de saída. Apesar da dívida americana estar estratosférica, ainda sim é a maior economia do mundo, o que traz mais confiança para investidores, tanto pessoa física, quanto institucionais. Prova disso é a saída nessa semana do fluxo estrangeiro.

Consumo Interno: Políticas que afetam a inflação e o emprego influenciam o poder de compra dos consumidores americanos, impactando o consumo doméstico. Ainda que em recessão, o mercado americano é muito resiliente, conseguindo manter níveis de consumo em patamares não tão desejados, em relação à política monetária atual. Importante fazer o acompanhamento do FOMC/PMI, sobre mercado, nível de emprego e produção industrial.

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