Confira artigo deThiago Duarte, analista de mercado da Axi
A alta do ouro em 2025 é resultado de uma combinação de fatores: queda nos rendimentos reais e expectativas de novos cortes de juros pelo Fed, acumulações persistentes de bancos centrais, grandes aquisições físicas na Ásia e um “prêmio geopolítico” diante das tensões comerciais e das discussões sobre uma nova moeda dos BRICS lastreada em ouro. Esses elementos, somados à preocupação com valuations excessivos em ações, especialmente no setor de IA, têm impulsionado os investidores a buscar refúgio no metal precioso.
Os bancos centrais continuam comprando volumes expressivos, enquanto investidores institucionais e de varejo aumentam suas posições por meio de ETFs e barras físicas, criando uma demanda estrutural que amplia os movimentos de preço. Diante disso, diversos bancos, como o HSBC, revisaram suas projeções para cima.
Para a América Latina, os efeitos são claros. A valorização do ouro e da prata eleva as receitas de mineração, melhora o balanço de exportações e reforça as contas externas de grandes produtores — especialmente Brasil, Peru e México. O Brasil é um dos principais produtores regionais (com dezenas de toneladas anuais) e possui reservas relevantes de ouro, o que pode apoiar a arrecadação fiscal e atrair investimentos para o setor. No contexto global, a América Latina responde por uma fatia significativa da produção mundial de ouro.
Nossa visão: o ouro pode alcançar US$ 5.000 por onça já no próximo ano, se os rendimentos reais permanecerem baixos, as compras de bancos centrais continuarem firmes, a demanda física asiática se mantiver forte e o ambiente geopolítico seguir tenso. No entanto, há sinais de que o mercado está próximo de uma correção de curto prazo, diante de realização de lucros, fluxos especulativos e de uma possível valorização do dólar caso o Fed adote um tom mais firme. Por isso, uma postura seletiva e protegida continua sendo a mais prudente para investidores latino-americanos.