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Outubro Rosa: obesidade já é um dos principais fatores de risco para o câncer de mama, alerta especialista

Outubro Rosa: mercado de seguros oferece produto exclusivo para mulheres / Foto: Ave Calvar Martinez / Unsplash Images
Foto: Ave Calvar Martinez / Unsplash Images

Estudos recentes mostram que o excesso de peso pode influenciar tanto o surgimento quanto a progressão da doença; endocrinologista Alessandra Rascovski explica os mecanismos e reforça a importância da prevenção metabólica

Durante muito tempo, o debate sobre o câncer de mama se concentrou em fatores como hereditariedade e uso de hormônios. Mas, nos últimos anos, um novo vilão ganhou destaque nas pesquisas: a obesidade. Ao lado de outros fatores como álcool e fumo. Estudos recentes publicados em revistas médicas de referência, como o European Journal of Medical Research e o Cancer, mostram que o excesso de gordura corporal, especialmente após a menopausa, está fortemente associado ao aumento do risco de câncer de mama e à piora do prognóstico da doença.

“Hoje sabemos que a obesidade não é apenas uma questão estética. Ela provoca uma inflamação crônica no organismo que altera o metabolismo e pode aumentar o risco de câncer de mama, especialmente por estimular vias hormonais e inflamatórias associadas ao crescimento tumoral”, explica a endocrinologista Dra. Alessandra Rascovski, diretora médica da Atma Soma.

O que a ciência descobriu

Uma revisão publicada em 2025 no European Journal of Medical Research destacou os mecanismos pelos quais o excesso de gordura corporal favorece o câncer de mama. Segundo o artigo, o tecido adiposo é um órgão metabolicamente ativo que produz hormônios e substâncias inflamatórias, entre elas, a leptina e o estrogênio — capazes de estimular o crescimento de células tumorais.

Além disso, a obesidade altera o comportamento do sistema imunológico. “Estudos recentes mostram que células imunes presentes no tecido adiposo, como os macrófagos, passam a atuar de forma desorganizada e até a favorecer o crescimento tumoral. É um desequilíbrio complexo entre metabolismo, inflamação e imunidade”, detalha a endocrinologista.

Risco maior após a menopausa

Os efeitos da obesidade tornam-se ainda mais evidentes nas mulheres pós-menopausa. Um estudo robusto conduzido a partir dos bancos de dados EPIC e UK Biobank, com acompanhamento de mais de meio milhão de mulheres, revelou que o risco de câncer de mama cresce conforme o índice de massa corporal (IMC) aumenta.

Entre as mulheres com doenças cardiovasculares, a associação foi ainda mais forte: cada acréscimo de 5 kg/m² no IMC elevou o risco em 31%, contra 13% em mulheres sem problemas cardíacos.

“O tecido adiposo passa a ser a principal fonte de estrogênio no corpo feminino após a menopausa. Em mulheres com sobrepeso ou obesidade, essa produção é muito maior, e isso pode estimular o crescimento de células mamárias com receptores hormonais positivos”, ressalta a Dra. Alessandra.

Mais perigoso do que a terapia hormonal

Apesar do medo persistente entre muitas pacientes, a terapia hormonal moderna não é o principal fator de risco para o câncer de mama. “Há uma desinformação importante sobre esse tema. As terapias hormonais atuais, quando bem indicadas, têm sim um risco, mas inferior ao  impacto do excesso de peso”, afirma a médica.

Dados de um estudo britânico mostram que o uso prolongado de terapia hormonal combinada pode aumentar o risco em cerca de 4 casos adicionais por mil mulheres, enquanto o sobrepeso e a obesidade elevam o risco entre 20% e 40%, dependendo da idade e do perfil metabólico.

“A obesidade é um  fator de risco geralmente ignorado e deve ser levado em conta, enquanto o uso de hormônios isomoleculares, na quantidade certa, pela via adequada, dentro da janela de oportunidade dos 10 anos; pode beneficiar muitas  mulheres  com terapias seguras e eficazes. Não fujam da reposição por medo de câncer de mama, mas tenham um bom ”, acrescenta a endocrinologista.

Estilo de vida: o poder está nas pequenas mudanças

Manter o peso corporal dentro da faixa saudável, praticar atividade física regular e adotar uma alimentação equilibrada são medidas que reduzem significativamente o risco de câncer de mama e de outras doenças metabólicas associadas.

“Não se trata de perseguir a magreza, mas de buscar equilíbrio hormonal e metabólico. Uma perda sustentada de 5% a 10% do peso corporal já melhora a resistência à insulina, diminui marcadores inflamatórios e traz benefícios duradouros à saúde”, orienta.

Para Alessandra Rascovski, o Outubro Rosa é uma oportunidade de ampliar o olhar sobre o autocuidado feminino: “Falar de prevenção não é apenas lembrar o exame de mama. É falar sobre hábitos, sono, alimentação, atividade física e gestão do estresse. Tudo isso também é prevenção do câncer”, finaliza.

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