Para Alper, após El Niño segundo semestre terá mais impacto no agro com La Niña

WTW apresenta ferramenta digital para mapear impactos climáticos na América Latina

Entre os efeitos mais graves estão os danos extensivos à agricultura, especialmente nas áreas produtoras de soja, arroz, trigo e carne, que além da região sul, também afetarão Centro-Oeste, Sudeste e Matopiba

O fenômeno El Niño tem tido um impacto devastador no Rio Grande do Sul em 2024, causando chuvas intensas e inundações que resultaram em uma catástrofe sem precedentes na região. Mais de 2.3 milhões de pessoas foram afetadas e milhares ficaram desabrigadas, atingindo 475 municípios do estado (95% de todo RS). As inundações também causaram interrupções importantes nos serviços de energia elétrica e água potável, além de destruir estradas, pontes e outras infraestruturas críticas​.

O impacto da tragédia que assola o Rio Grande do Sul já marcou 2024 com desafios significativos para o cenário agrícola brasileiro. Estima-se que mais de 851 mil toneladas de grãos, especialmente arroz, deixarão de ser produzidos nos próximos meses para abastecimento do país.

Mas as incertezas não param por aí, principalmente devido à iminente transição do fenômeno El Niño para La Niña, prevista para o segundo semestre. Essa mudança climática trará diversos impactos regionais, afetando a produção agrícola e, consequentemente, as exportações de grãos de outras áreas como o Centro-Oeste, Sudeste e Matopiba (acrônimo que denomina a região que se estende por territórios de quatro estados do Brasil: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Segundo dados da NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos, na sigla em inglês), principal referência internacional de monitoramento dos fenômenos climáticos, há 75% de chances de os efeitos da La Niña estarem ativos no Brasil durante a safra 2024/2025.

André Lins, vice-presidente de Agro da Alper Seguros, destaca que, além do cenário que o Brasil vive hoje, com efeitos na produção e abastecimento a partir da região Sul, a previsão é de que as novas mudanças com o La Niña incluam aumento nas chuvas, alterações nas temperaturas, potencialmente maiores incidências de fenômenos climáticos extremos, influindo diretamente a produtividade das culturas, a viabilidade do plantio e a saúde dos rebanhos. “O Brasil é o terceiro maior exportador mundial de produtos agropecuários, e estima-se que, mesmo com a redução na produção prevista para 2024, o país mantenha-se na posição. Porém é natural que crie incertezas e traga riscos financeiros para os agricultores, uma vez que tais perdas têm implicações não apenas a nível doméstico, mas também no mercado externo”.

Para além das condições climáticas, Lins aponta que uma maior paridade do real e dólar pode desestimular as exportações de grãos, concentrando sua comercialização no mercado interno. “Diante desse cenário desafiador, a adoção de medidas preventivas e o investimento em seguros são cruciais para a resiliência do setor agrícola e a minimização dos impactos em cadeias produtivas interligadas. O seguro rural é essencial para garantir a continuidade e a estabilidade da produção agrícola no Brasil, protegendo os agricultores de riscos diversos e fortalecendo a posição do país como um dos maiores exportadores de grãos do mundo”, arremata.

Especialistas da Alper Seguros fazem as seguintes previsões de impacto da La Niña nas commodities:

  • Milho Verão: regiões do Centro-Oeste e Sul do Brasil, que são importantes áreas produtoras de milho, podem experimentar condições de seca devido ao La Niña. Isso pode levar a uma redução nos rendimentos de milho devido à falta de umidade durante o período de crescimento relevante.
  • Soja: o fenômeno pode resultar em chuvas abaixo da média em algumas partes do Brasil, afetando negativamente o desenvolvimento da soja. Isso pode levar a rendimentos mais baixos e atrasos no plantio e na colheita em algumas áreas.
  • Cana-de-açúcar: em certas regiões do Brasil, o La Niña pode trazer condições de clima mais seco, o que pode ser benéfico para a produção de cana-de-açúcar. Mesmo o clima seco sendo favorável para a cultura, em um caso de seca mais severa a perda será significativa.
  • Arroz: com sua produção já impactada pelos efeitos do El Niño, especialmente na Região Sul, o La Niña pode causar mais chuvas intensas nas regiões produtoras no Brasil, afetando ainda mais os rendimentos.
  • Feijão: especialmente em regiões que dependem das chuvas para irrigação. Se o La Niña resultar em chuvas abaixo da média, isso pode levar a uma redução nos rendimentos de feijão devido à falta de umidade no solo.
  • Algodão: as condições de seca associadas ao La Niña podem prejudicar a produção de algodão em algumas regiões do Brasil, especialmente no Nordeste. A falta de umidade durante o período de crescimento pode resultar em rendimentos mais baixos e menor qualidade das fibras de algodão.
  • Hortaliças e Frutas: o La Niña pode afetar a produção de hortaliças e frutas em diferentes partes do Brasil, dependendo das condições climáticas locais. Chuvas abaixo da média podem resultar em menor rendimento e qualidade de produtos como tomate, melancia e banana.
  • Café: em regiões produtoras de café no Brasil, o La Niña pode levar a condições climáticas mais secas, o que pode afetar o desenvolvimento das plantas de café. Isso pode resultar em rendimentos mais baixos e menor qualidade dos grãos de café.

Para saber mais sobre seguros do agro, acesse link.

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