Profissionais com atuação transversal, domínio de dados e foco em receita são incorporados em diferentes setores para acelerar crescimento
Empresas brasileiras têm aumentado a demanda por profissionais com perfil orientado ao crescimento sustentado, capazes de propor soluções rápidas baseadas em dados e integrar diferentes áreas da operação. Conhecidos como growth makers, esses profissionais começam a ocupar posição estratégica em companhias que buscam sair da estagnação e manter competitividade em um cenário de juros altos, margens apertadas e consumo instável.
“O termo surgiu como evolução do growth hacker, figura associada ao ecossistema de startups a partir da década de 2010. A versão atual, mais adaptada ao ambiente corporativo tradicional, descreve profissionais com foco em geração de receita, familiaridade com métricas de desempenho e capacidade de testar hipóteses de forma contínua”, contextualiza Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria, gestor de carreiras e PhD pela Unicamp.
Segundo o gestor, este é um perfil que propõe soluções baseadas em evidências, integra equipes e pressiona por ajustes rápidos quando o crescimento desacelera. Esse perfil atua de forma transversal, muitas vezes fora das estruturas formais de liderança, identificando gargalos e sugerindo novos caminhos com base em dados, testes e observação do comportamento do mercado.
“As principais competências associadas a esses profissionais incluem o domínio de indicadores como CAC (custo de aquisição de cliente), LTV (valor do tempo de vida do cliente), churn (taxa de cancelamento) e taxa de conversão. Em vez de planos longos, trabalha com ciclos curtos, permitindo erro rápido e aprendizado imediato, acelerando decisões e aumentando a eficiência das iniciativas comerciais e de produto”, exemplifica.
Embora mais presente em startups e empresas de tecnologia, o perfil tem sido adotado por setores diversos — da indústria ao varejo — diante da percepção de que o crescimento precisa ser tratado como parte da operação diária, e não como projeto pontual.
Para Santos, o movimento é reflexo de uma mudança de cultura. “Em muitos casos, a transformação começa por analistas ou estagiários que questionam processos estabelecidos e propõem alternativas. Quando há abertura, esses testes geram resultados e influenciam a empresa como um todo.”
A demanda por capacitação na área também cresceu, com aumento na procura por formações ligadas a marketing orientado por dados, métricas de conversão e estratégias de crescimento. “A tendência é que o perfil do growth maker passe a ser considerado não apenas desejável, mas necessário em contextos de mercado cada vez mais instáveis”, finaliza.