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Pernambuco lidera roubo de cargas no Nordeste e abastece mercado-consumidor no Sudeste, aponta ICTS Security

Setor de transporte de cargas conta com instituto de pesquisas e estudos especializados / Foto: Freepik
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Pesquisa revela que o estado pernambucano concentra 40,69% do total de roubos de cargas em 2023 na região

Os roubos de carga geram impactos econômicos significativos no Nordeste. As perdas financeiras diretas para empresas transportadoras e embarcadores são apenas a ponta do iceberg, pois o aumento dos custos de seguro, a necessidade de investir em medidas de segurança adicionais e os atrasos nas entregas afetam toda a cadeia logística, resultando em preços mais altos para os consumidores e, consequentemente, prejudica a competitividade das empresas da região. Além disso, a insegurança afasta investimentos no setor logístico, afetando o desenvolvimento econômico local.

Dentro do Nordeste, Pernambuco se destaca como o estado com o maior número de ocorrências de roubo de cargas, registrando 40,69% em 2023 frente aos 36,23% do ano anterior, aponta a pesquisa ‘Panorama de Roubo de Carga na Cadeia Logística na Região Nordeste’, realizada pela consultoria ICTS Security, com base em dados disponibilizados pelo Ministério da Justiça e pela Secretaria de Segurança Pública.

De acordo com Anderson Hoelbriegel, diretor de negócios da ICTS Security, a distribuição geográfica dos roubos de carga no Nordeste não é uniforme, concentrando-se em áreas estratégicas para o escoamento de mercadorias. “Pernambuco, por sua localização, cortado por inúmeras rodovias que conectam a região a outras partes do país, é o estado de maior preferência de criminosos”, aponta o especialista.

Quadrimestre 2024

Olhando para as variações em 2024, os estados mais ofensores de janeiro a abril são Pernambuco, Bahia e Maranhão. Identificado como sinal de alerta para 2024, o estado de Pernambuco saltou de 4 ocorrências no mês de fevereiro para 43 no mês de março. A maior parte dos roubos, 24%, está concentrada no interior do estado, de acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco – ressaltando que os dados dos estados são disponibilizados por região e não por município.

A análise geoespacial por meio do mapeamento de áreas de risco, de acordo com a ICTS Security, poderia fornecer informações valiosas sobre os locais mais vulneráveis a roubos de carga no Nordeste. “É importante identificar as microrregiões e bairros com maior incidência desses crimes e direcionar ações de segurança de forma mais precisa e eficiente. No entanto, essa análise requer dados detalhados sobre a localização dos roubos, que podem não estar disponíveis em todas as fontes abertas de informação”, esclarece Hoelbriegel.

Já o estado da Bahia, que registrou um aumento de 117% de ocorrências no mês de março de 2024, em comparação com o mês de fevereiro do mesmo ano, possui maior concentração de roubo de cargas no município de Salvador.

Nos primeiros quatro meses de 2024 nota-se outra tendência: o Maranhão recuperou sua posição, voltando a ser o terceiro estado com mais roubos de carga, no lugar do Ceará, que estava nessa posição em 2023.

O estado do Maranhão registrou aumentos nos meses de fevereiro e abril em comparação aos meses anteriores, registrando 44% e 33% de aumento, respectivamente, de acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública. Porém, a Secretaria e o Ministério da Justiça não disponibilizam os dados de acordo com as regiões ou municípios ofensores específicos.

“Essa concentração provoca o nível de ameaça a que estão sujeitas essas rotas e a necessidade de integração entre Segurança Pública e Segurança Empresarial com foco em Inteligência e compartilhamento de informações para garantir o eficiente reforço de segurança nesses pontos críticos”, alerta o diretor da ICTS Security.

Análise do roubo de carga no Nordeste do Brasil – 2022 versus 2023

Depois de Pernambuco, o estado da Bahia aparece como segundo ofensor do Nordeste, com 32,47% dos roubos na região em 2023, registrando uma pequena redução frente ao ano anterior, com 34,58%. Juntos, Pernambuco e Bahia, representam mais de 73% do total de roubos de cargas em 2023. A alta incidência de roubos em estados como Pernambuco e Bahia reflete a importância estratégica dessas regiões para o crime organizado, que visa suprir os grandes mercados consumidores do Sudeste. “Para combater essa problemática, é essencial uma ação coordenada entre as forças de segurança dos estados afetados e uma maior vigilância nas principais rotas de transporte”, acrescenta o especialista da ICTS Security.

Somados Ceará e Maranhão, os quatro estados são responsáveis por mais de 93% dos casos de toda a região nordeste. Além disso, Pernambuco e Ceará também enfrentam um número substancial de roubos nas regiões metropolitanas e rodovias, que conectam os grandes centros logísticos urbanos.

Análise geral do roubo de carga nas regiões do Brasil – 2022 versus 2023

Apesar desses números ressaltarem a urgência de estratégias mais eficazes de segurança e políticas públicas para reduzir os índices de criminalidade, o Nordeste, nos últimos dois anos, seguiu a tendência de redução nos índices de roubos de carga assim como ocorrido em outras regiões do Brasil, ainda que de modo menos expressivo: Centro-Oeste registrou queda de 47% e o Sul de 26%.

Já o Sudeste, líder nos índices de roubo de carga no país, foi registrada uma redução de 9% e Norte de 4%, enquanto o Nordeste ligeira queda de 1%, consideravelmente menor do que a observada em outras regiões.

Essa diferença destaca a necessidade de atenção especial para a região Nordeste, pois com o aprimoramento das estratégias e ações de segurança pública há espaço para uma redução mais consistente e ampla nos indicadores de roubo de carga. “Medidas como essas são essenciais para garantir operações logísticas seguras, proteger a integridade das cadeias de suprimentos e, consequentemente, fortalecer a economia regional”, pontua o Hoelbriegel.

Medidas preventivas

Para prevenir o roubo de carga no Nordeste, assim como em outros locais, é fundamental adotar uma abordagem multifacetada, que envolve diferentes atores e estratégias.

O aumento da presença policial ao longo das rodovias nem sempre é uma opção eficiente, mas considerando uma parceria entre empresas do segmento logístico e estados, que prevejam o investimento conjunto em câmeras de monitoramento, iluminação adequada e estratégias conjuntas de enfrentamento às quadrilhas especializadas no roubo de cargas, certamente, serão medidas essenciais para dissuasão de criminosos.

O uso de tecnologias embarcadas, tais como rastreadores veiculares, sistemas de bloqueio remoto e outras tecnologias de segurança, pode dificultar o roubo e facilitar a recuperação de cargas, porém é necessária uma boa infraestrutura de internet, preferencialmente 5G, para que não haja áreas de sombra durante as rotas preferenciais.

Além disso, a troca de informações entre Segurança Pública e Segurança Empresarial, que possibilitem a realização de operações cirúrgicas para identificação de manchas de quase-incidentes, ou seja, sinistros que por algum motivo não se concretizaram, mas são pontos de abordagem criminosa conhecidos por motoristas e responsáveis pela roteirização nas empresas do segmento logístico, são cruciais para combater quadrilhas interestaduais.

“A cooperação entre estados e empresas é necessária para melhorar a segurança das operações logísticas, impulsionar o desenvolvimento econômico da região e promover a geração de riqueza e prosperidade social”, finaliza Hoelbriegel.

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