Geração Z desafia o ambiente corporativo com demandas por propósito, flexibilidade e alinhamento com valores sociais, evidenciando ser necessário fazer algumas adaptações nas estratégias de gestão
A tensão entre as gerações, antes restrita a ambientes familiares ou discussões online, agora se manifesta com força no mundo corporativo. Uma pesquisa recente realizada pelo Ecossistema Great People & GPTW, apresentada no relatório “Tendências de Gestão de Pessoas”, revela que mais da metade dos profissionais (51,6%) enfrentam dificuldades para lidar com as diferentes gerações e suas expectativas no ambiente de trabalho.
No entanto, é a Geração Z, nascida entre os anos de 1996 e 2010, que se destaca como o maior desafio para as empresas. Os dados indicam que 68,1% dos entrevistados relatam dificuldades em se conectar com esses jovens profissionais. Em contraste, a geração Baby Boomer, composta por aqueles nascidos entre 1945 e 1964, gera conflitos para apenas 11,4% dos profissionais, evidenciando uma disparidade significativa.
Essa pesquisa evidencia a necessidade de as empresas adaptarem suas estratégias de gestão para atender às expectativas e necessidades da Geração Z, que traz consigo uma nova visão sobre trabalho, carreira e propósito. A busca por um equilíbrio entre as diferentes gerações se torna cada vez mais urgente para garantir um ambiente de trabalho colaborativo e produtivo.
O que mudou no mundo do trabalho?
A professora da FIA Business School, Lina Nakata, explica que as novas gerações trazem uma nova perspectiva para o mercado de trabalho. Diferentemente das gerações anteriores, os mais jovens priorizam empresas com valores alinhados aos seus, como sustentabilidade e diversidade. “A Geração Z tem seus propósitos mais claros e não se identifica com empresas que não se preocupam com essas questões”, afirma Nakata.
Outro ponto bastante importante é um pacote de benefícios atrativo. Um bom vale-refeição, assistência médica e odontológica, programas de cultura e bem-estar mental tornaram-se indispensáveis para esses talentos. Assim como a possibilidade de trabalhar remotamente e ter autonomia sobre a rotina e o fluxo são cada vez mais valorizadas.
A falta de comunicação e a resistência a novas ideias são apontadas como os principais obstáculos para a integração entre as gerações no ambiente de trabalho. “Os mais jovens sentem que suas opiniões não são ouvidas e que há uma resistência a mudanças”, diz Nakata.
Essa falta de sintonia pode levar a um aumento do estresse e da insatisfação entre os mais jovens, que podem optar por deixar os empregos ou adotar comportamentos como o “quiet quitting”, no qual o profissional realiza apenas o mínimo necessário para manter o emprego.