Sempre houve no mercado de seminovos uma “lei” em que os importados de altíssimo luxo, aqueles que custam acima de R$ 400 mil, perdem rapidamente suas cotações após ganharem o status de seminovos. Será que neste período de pandemia, entretanto, onde boa parte do mercado viu seus modelos aumentarem as cotações e valorizarem até acima da inflação, não teria acometido os superesportivos e os SUV’s premium com o mesmo fenômeno?
A resposta é sim.
Só que não foram somente os seminovos com um ou dois anos de uso que ganharam preços majorados. Modelos usados, alguns entre os anos de 2014 ou 2015, também viram suas cotações passarem por expressivos reajustes. Start-up do segmento automotivo que mais cresceu em 2022 e um dos três maiores marketplaces de carros usados do país, a Mobiauto, recém-incorporada ao menu do banco PAN, mergulhou a fundo no segmento de altíssimo luxo do mercado brasileiro de automóveis, utilizando como recorte tudo o que foi anunciado na plataforma do site com valor acima de R$ 400 mil.
A pesquisa levou em consideração somente modelos com volume expressivo de anúncios na plataforma da Mobiauto, comparando os preços desses carros de janeiro a julho de 2021 versus igual período deste ano. No total, a pesquisa traz resultados de valorização de dez marcas e 33 modelos, mais suas respectivas versões, entre os anos-modelo de 2014 a 2021.
O levantamento inclui alguns dos veículos mais vendidos das principais marcas premium estabelecidas no Brasil.
- Audi A7 Sportback, RS3 Sportback, RS5 Sportback, RS6 Avant e e-tron;
- BMW M2, M340i, M3 Sedan, M5, 745, X3, X4, X5, X6 e Z4;
- Mercedes-Benz C AMG, E AMG e GLC;
- Jaguar F-Type e I-Pace;
- Land Rover Defender, Discovery, Range Rover Velar e Range Rover Sport,
- Volvo XC90
- Porsche 911, 718 Boxster, 718 Cayman, Macan e Cayenne;
- Ford Mustang;
- Chevrolet Camaro;
- Dodge RAM 2500.
Em meio ao festival de luxo, potência, charme… e preços acima dos R$ 400 mil, um nome apareceu com insistência no ranking dos mais valorizados: Porsche. Dos dez modelos mais bem posicionados da pesquisa, a marca alemã auferiu sete posições, com mais dois modelos da Land Rover e um da Audi. Veja o ranking.
“Quando sete dos dez modelos mais bem colocados pertencem a uma única marca, você precisa reconhecer que não é o acaso. Nem coincidência. Desde que se estabeleceu no Brasil, em 2015, assumindo a gestão que pertencia a um importador, a Porsche tem crescido as vendas em 27% ao ano”, explica Sant Clair castro Jr., consultor automotivo e CEO da Mobiauto.
Além de ampliar consideravelmente modelos e versões em sua família de produtos, com um portfólio cada vez mais recheado de alternativas, a marca faz um trabalho consistente na rede autorizada com veículos seminovos para atrair novos clientes com menor poder aquisitivo. “Essa espécie de ‘oceano azul’, onde tudo tem dado certo, resulta numa demanda que continua mais aquecida que a oferta. Na prática, há mais compradores de Porsche zero km do que a marca é capaz de entregar. E isso impacta diretamente nessa supervalorização dos seminovos e dos usados”, complementa Castro Jr.
Recentemente, Mobiauto havia feito uma pesquisa nos mesmos moldes de análise com os SUV´s compactos do mercado nacional. Na média, eles valorizaram 10,57% no último ano. Quando se repete o mesmo cálculo para os modelos de altíssimo luxo, a média aritmética é de 9,66%. “Isso é empate técnico! E subverte totalmente o que se dizia a respeito da categoria topo do mercado nacional, que indicava perdas vultosas de valores após a compra. Não mais! Você adquire um Porsche 911, um Ford Mustang ou um Land Rover Discovery… e nada de perder dinheiro na hora da venda”, emenda o CEO da Mobiauto.
Outro ponto mencionado por Sant Clair Castro Jr. diz respeito à média de tempo de uso desses carros. “Estamos vivendo um período de falta de modelos novos, o que impulsiona imediatamente as cotações dos modelos 2021. Mas isso em segmentos de maior volume. No caso desses importados de altíssimo luxo, os dez modelos mais bem colocados no ranking têm, na média, 5 anos de uso. Sinal de que, mesmo a médio ou longo prazo, os superesportivos não perdem cotação no Brasil”, esclarece.