Com aumento no preço do barril, o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos subiu 0,6% em agosto, enquanto no Brasil a alta do IPCA foi de 0,26% em setembro
Os Estados Unidos e o Brasil estão entre os maiores produtores de petróleo do mundo e ocupam, respectivamente, a primeira e a nona posição no ranking global, segundo informações do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás. No entanto, também se posicionam entre os maiores consumidores, o que contribui para que a alta nos preços do petróleo impacte diretamente a economia desses países.
Em junho deste ano, as reservas de petróleo dos EUA chegaram em seu patamar mais baixo, e as restrições na oferta, ocasionadas por conflitos geopolíticos de grandes produtores, elevaram o preço das commodities. Como consequência, desde julho, o banco central estadunidense, Federal Reserve System (Fed) estabeleceu a taxa de juros no país no intervalo de 5,25% a 5,50%. Valor que se manteve mesmo após a segunda reunião, feita em 1º de novembro.
No Brasil, a taxa Selic está em 12,25% ao ano, após o terceiro corte seguido da taxa básica de juros, de 0,50 ponto porcentual, feito pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A medida causa divergência entre especialistas. As oposições se justificam com o fato de o ranking elaborado pelo site MoneYou colocar o país na liderança do pódio entre os que possuem os juros reais mais altos.
Geopolítica e economia mundial
As incertezas e instabilidades no mercado mundial afetam a taxa de juros desde a disseminação da Covid-19. Isso porque, após o fim da pandemia, o mercado de commodities foi abalado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, iniciado em 2022, e, concomitantemente a essa circunstância, passou a sentir os reflexos da guerra no Oriente Médio.
Uma recente avaliação do Banco Mundial, divulgada em 30 de outubro, estima a elevação de 75% no preço do barril do petróleo, caso as tensões na Faixa de Gaza se intensifiquem. Nesse cenário, o valor alcançaria a marca histórica de US$ 150. Na hipótese de gradual recuo do confronto, as estimativas variam entre US$ 92 e US$ 121.
Influência do ouro negro
Embora países como o Brasil estejam empenhados em construir um caminho de transição energética, beneficiando a procura por fontes de energia renováveis e limpas, esse trajeto ainda carece de investimento financeiro para desenvolvimento, aperfeiçoamento e propagação das novas tecnologias. São grandes promessas da economia verde os biocombustíveis e a geração de energia solar e eólica.
Enquanto essa mudança não se consolida, o ouro negro continua ditando as regras no mercado financeiro e na inflação em todo o planeta. A importância deste combustível fóssil começou com a expansão das refinarias e seu uso industrial incentivado, principalmente no período da Primeira Guerra Mundial.
Nessa época, os EUA já ocupavam uma posição de prestígio entre os players do mercado, muito em razão do pioneirismo de John Rockefeller, fundador da primeira grande empresa de petróleo da história, Standard Oil Company. Rockefeller chegou a ter o monopólio de 90% do comércio petrolífero em seu país em 1870, e, quando faleceu, sua fortuna representava 1,8% do PIB nacional.
