Voltado para o Dia Mundial do Coração (29/9), estudo do IESS usa dados da saúde suplementar para projetar tendências e reforçar a importância do cuidado cardiovascular
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil, responsáveis por cerca de 400 mil óbitos anuais. Nesse cenário, o infarto agudo do miocárdio (IAM) se destaca como a condição mais letal, respondendo por quase um quarto das mortes por doenças do aparelho circulatório.
O novo estudo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), “Tendências do Infarto Agudo do Miocárdio na Saúde Suplementar”, produzido em virtude do Dia Mundial do Coração (29 de setembro), revela que os casos de IAM entre beneficiários de planos de saúde cresceram 70,8% entre 2015 e 2024 – passando de 9,2 mil para 15,5 mil registros no setor, o que equivale a um salto de 20,5 para 35,1 casos por 100 mil beneficiários. O recorde ocorreu em 2023, com 19,2 mil casos absolutos, ou 44,1 por 100 mil beneficiários.
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Embora focados na saúde suplementar, que cobre cerca de 25% da população (aproximadamente 52 milhões de pessoas), os dados revelam uma tendência nacional de agravamento dos casos de doenças cardiovasculares, que impactam a saúde de toda a sociedade.
O número médio de casos por prestador da rede assistencial passou de 4,94, em 2015, para 6,75, em 2024, uma alta de 36,6%. Segundo o estudo, isso revela maior carga assistencial da rede e concentração dos atendimentos em determinados serviços de saúde.
O levantamento reforça que enfrentar esse aumento exige estratégias preventivas mais efetivas, como:
- Programas de prevenção primária intensivos, voltados à redução dos fatores de risco cardiovasculares;
- Monitoramento contínuo da evolução desses fatores entre os beneficiários;
- Políticas de incentivo a hábitos saudáveis e mudanças comportamentais sustentáveis.
“Os números mostram um crescimento consistente e preocupante dos casos de infarto na saúde suplementar. Isso evidencia a necessidade de uma atuação mais firme na prevenção, especialmente no acompanhamento sistemático dos fatores de risco”, afirma José Cechin, superintendente executivo do IESS.
O que motiva o crescimento dos casos
De acordo com o estudo, alguns fatores explicam o comportamento identificado:
- Persistência de fatores de risco: obesidade, hipertensão, sedentarismo e síndrome metabólica seguem em alta, influenciando o agravamento do quadro cardiovascular.
- Mudanças recentes: o período de 2020 a 2023 concentrou o maior crescimento acumulado, associado à pandemia de COVID-19 e às alterações nos padrões de busca por atendimento médico.
- Diferenças por sexo: homens apresentaram taxas 2 a 2,5 vezes maiores que as das mulheres em todo o período.
- Mesmo entre os mais jovens, embora em níveis baixos, também houve crescimento nos casos registrados.
“Precisamos também mencionar o envelhecimento populacional, pois pessoas com 60 anos ou mais têm até 57 vezes mais chances de sofrer infarto em comparação a quem tem menos de 40 anos”, aponta Cechin. Ele ressalta, porém que o impacto atual do envelhecimento é menor, mas no médio e longo prazo o será muito relevante. “O processo de envelhecimento da população brasileira vai acelerando o volume de episódios de IAM, a menos que se invista em prevenção. E os sistemas de saúde têm condições de promover iniciativas de prevenção para toda a sociedade brasileira”, enfatiza Cechin.