ANS divulga dados econômico-financeiros relativos aos três primeiros meses de 2024
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou em seu portal nesta quarta-feira, 12/06, os dados econômico-financeiros relativos ao 1º trimestre de 2024. Os resultados podem ser consultados no Painel Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar.
As informações financeiras enviadas pelas operadoras de planos de saúde e pelas administradoras de benefícios à ANS demonstram que o setor registrou lucro líquido de R$ 3,33 bilhões nos primeiros três meses do ano. Esse resultado equivale a aproximadamente 3,93% da receita total acumulada no período, que foi superior a R$ 84 bilhões. Ou seja, para cada R$ 100,00 de receitas, o setor arrecadou cerca de R$ 3,93 de lucro ou sobra.
Nos números agregados, o desempenho econômico-financeiro é o mais positivo para um 1º trimestre desde 2019, o que pode ser observado em todos os segmentos: as operadoras exclusivamente odontológicas registraram lucro de R$ 187,9 milhões; as médico-hospitalares, de R$ 3,07 bilhões; e as administradoras de benefícios, de R$ 66,4 milhões.
Pela primeira vez desde 2021, as operadoras médico-hospitalares – que são o principal segmento do setor – fecharam o 1º trimestre do ano com saldo positivo na diferença entre as receitas e despesas diretamente relacionadas às operações de assistência à saúde, com resultado operacional de R$ 1,9 bilhão, patamar próximo dos anos pré-pandemia de Covid-19.
Mesmo em um contexto de redução de taxas de juros, a remuneração das aplicações financeiras acumuladas pelas operadoras médico-hospitalares – que totalizaram R$ 115,4 bilhões ao final de março – continua a contribuir fortemente com a composição do seu resultado líquido total. No 1º trimestre de 2024, o resultado financeiro foi positivo em R$ 2,3 bilhões, patamar próximo do observado nos três primeiros meses de 2022 e 2023.
“A leitura que temos que fazer desses resultados é no sentido do que já viemos observando nos últimos trimestres, de uma recuperação econômico-financeira do setor. Mesmo que não na velocidade pretendida pelas operadoras, mas há um sólido caminho de retomada dos saldos positivos. Entretanto, é importante não perder de vista que essa recuperação precisa se refletir na garantia e na melhoria dos serviços oferecidos aos beneficiários. Por isso reforçamos que é fundamental as operadoras investirem em gestão, prestarem serviços de qualidade, desenvolverem ações de promoção de saúde e prevenção de doenças, pois isso é essencial para a sustentabilidade do setor”, analisa o diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS, Jorge Aquino.
Resultado por porte de operadora
O painel também possibilita a análise dos resultados por porte de operadora. Assim, é possível verificar que as médico-hospitalares de grande porte foram responsáveis pela recuperação do resultado líquido do setor, registrando R$ 2,4 bilhões no 1° trimestre de 2024, frente a um resultado nulo no mesmo período do ano anterior. Já as médias tiveram redução de R$ 0,1 bilhão na mesma comparação, enquanto as pequenas tiveram aumento de R$ 0,1 bilhão, o que representa o dobro do período anterior.
Sinistralidade
A sinistralidade, principal indicador que explica o desempenho nas operadoras médico-hospitalares, registrou no 1° trimestre de 2024 o índice de 82,5% (4,7 pontos percentuais abaixo do apurado no mesmo período do ano anterior), o que indica que em torno de 82,5% das receitas advindas das mensalidades são utilizadas com as despesas assistenciais.
A redução da sinistralidade apurada no 1º trimestre de 2024 em relação aos mesmos períodos de 2022 e 2023 resulta, principalmente, da
Tal tendência, que já vem sendo observada desde 2023, decorre de maior crescimento das mensalidades médias (ajustadas pela inflação do período observado) em relação à despesa assistencial por beneficiário (também ajustada pela inflação), o que parece sugerir que o setor passa por um período de reorganização de seus contratos, a fim de recuperar os resultados na operação, em um contexto de aumento de beneficiários e queda dos juros.
No Painel Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar também é possível consultar o desempenho individual por operadora de plano de saúde.
Entenda os conceitos
- Resultado operacional: é a diferença entre as receitas e despesas da operação de saúde (receita das contraprestações e outras receitas operacionais deduzidas as despesas assistenciais, administrativas, de comercialização e outras despesas operacionais).
- Resultado financeiro: é a diferença entre as receitas e despesas financeiras.
- Resultado líquido: é a soma dos resultados operacional, financeiro e patrimonial, acrescidos do efeito de impostos e participações.
- Sinistralidade: de forma geral, representa o percentual das receitas assistenciais (advindas das mensalidades) que são utilizadas com o pagamento de despesas assistenciais.