Confira análise de Rodolfo Margato, Economista da XP
“A PNAD Contínua de maio, divulgada hoje pelo IBGE, reforça o cenário de um mercado de trabalho brasileiro bastante aquecido, com nova queda na taxa de desemprego e expansão consistente da renda do trabalho”, segundo Rodolfo Margato, economista da XP.
A taxa de desocupação nacional no trimestre móvel encerrado em maio foi de 6,2%, abaixo da expectativa da XP e da mediana do mercado, ambas de 6,3%. O número também recuou em relação aos 6,6% observados no trimestre móvel até abril.
Considerando os dados com ajuste sazonal — procedimento realizado pela XP para melhor mensurar a tendência — a taxa de desemprego caiu de 6,2% para 6% no trimestre com ajuste. Na métrica mensalizada e com ajuste sazonal, o recuo foi de 6% em abril para 5,8% em maio, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012. Esta é a primeira vez em que a taxa mensalizada fica abaixo de 6%, evidência clara de um mercado de trabalho apertado.
Emprego, força de trabalho e rendimentos
Nos dados desagregados, a população ocupada cresceu 0,3% na comparação mensal com ajuste sazonal, enquanto a força de trabalho (população economicamente ativa) manteve-se praticamente estável entre abril e maio. A combinação desses movimentos explica a nova queda na taxa de desocupação.
Os rendimentos reais médios do trabalho apresentaram a oitava alta consecutiva na margem, reforçando o quadro de baixa taxa de desemprego e aquecimento do mercado de trabalho. O aumento dos salários foi puxado por ganhos tanto entre trabalhadores formais quanto informais, com destaque para o grupo sem carteira assinada, que teve desempenho mais robusto nesta leitura.
A XP projeta atualmente crescimento de 5,0% para a massa de renda agregada do trabalho em 2025 (a estimativa era de 3,5% no início do ano). Houve expansão de 7,2% em 2024.
Perspectivas e implicações para a atividade
Com esses resultados, a XP mantém seu cenário base de mercado de trabalho aquecido, sem sinais evidentes de arrefecimento nas métricas principais. O emprego total segue em alta, os salários reais continuam avançando, e a massa de renda permanece em forte expansão — fatores que mantêm os custos unitários do trabalho pressionados.
Esses elementos sustentam o cenário de atividade doméstica resiliente e de inflação de serviços ainda elevada em 2025. No entanto, é importante considerar outros fundamentos de consumo. Por exemplo, os dados de crédito divulgados pelo Banco Central também referentes a maio mostraram uma desaceleração, com contração nas concessões para pessoas físicas e jurídicas, além de aumento moderado na inadimplência. Esses sinais de acomodação no mercado de crédito contrastam com a força do mercado de trabalho.
Projeções de PIB
A XP projeta um crescimento de 2,5% para o PIB em 2025, abaixo dos 3,4% observados em 2024. O PIB do primeiro trimestre já registrou alta de 1,4%, e a projeção é de 0,5% no segundo trimestre, com um ritmo médio de crescimento de 0,3% no terceiro e quarto trimestres deste ano.
Assim, os sinais são mistos: crédito em desaceleração, mas mercado de trabalho firme, o que sustenta a visão da XP de uma perda de ímpeto gradual da atividade econômica ao longo de 2025.