Economista da FIPECAFI alerta que essa recomposição da renda tem efeito marginal positivo sobre o consumo das famílias, mas, ainda, enfrenta restrições com endividamento elevado e custo do crédito alto
Na próxima divulgação da PNAD Contínua, projeta-se uma redução da taxa de desocupação para a faixa de 6% a 7%, impulsionada pelo desempenho dos setores de construção civil e serviços. A análise prévia é do especialista da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI).
Fabio Scaringella, que é coordenador Acadêmico de pós-graduação da FIPECAFI e especialista em economia, ao analisar a PNAD, explica que os dados da PNAD Contínua sinalizam, uma continuidade na recuperação gradual da ocupação. Para o especialista, esse valor representa uma queda de aproximadamente 1 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano anterior.
O economista ainda ressalta que o rendimento médio mensal real das pessoas ocupadas também apresentou um aumento, chegando a R$ 3.378,00, e que a formalidade nos empregos tem avançado de forma lenta, concentrando-se nos setores de serviços e construção civil. Já o emprego informal, esse que ainda responde por uma parcela expressiva da força de trabalho, reflete as limitações estruturais do mercado.
“A massa de rendimentos reais apresenta leve tendência de alta, embora contenha forte dispersão entre faixas de renda e regiões. Essa recomposição da renda tem efeito marginal positivo sobre o consumo das famílias, mas ainda enfrenta restrições relevantes, como endividamento elevado e custo do crédito em patamar historicamente alto. Mesmo com o arrocho no crédito, dada a alta nos juros, a tendência é que os dados permaneçam aquecidos”, explica o coordenador Acadêmico de pós-graduação da FIPECAFI, Fabio Scaringella.
A mediana do Relatório Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15%, sugerindo alta nos juros de 0,75 ponto percentual, acima dos 14,25% atuais. O ambiente macroeconômico do país, no início do segundo trimestre de 2025, reflete uma dinâmica de transição entre o desmonte do ciclo restritivo da política monetária e os efeitos defasados da política fiscal, como ressalta Scaringella sobre os efeitos nos dois índices em questão.
“É notável que o Comitê de Política Monetária está atento ao cenário econômico e financeiro do país e isso afeta os resultados dos índices. Com isso, é natural que o Copom eleve a taxa e sinalize um novo aumento, sendo menor do que 1 ponto percentual, na sua próxima reunião, em compromisso com o controle da alta dos preços considerando a expectativa de inflação acima da meta estimada entre 3% e 4,5% ao ano”, finaliza.