Em entrevista ao Universo do Seguro, especialista fala sobre o impacto da longevidade, os erros mais comuns no planejamento da aposentadoria e os caminhos para um mercado mais inclusivo e eficiente
O avanço da longevidade e a digitalização dos serviços estão redefinindo o mercado de seguros no Brasil. Na visão de Marcos Ferreira, especialista em planejamento financeiro e consultor do setor, o cenário exige das seguradoras uma escuta mais atenta ao comportamento do consumidor — especialmente o público 50+, que vem ganhando protagonismo na chamada economia prateada.
“O envelhecimento da população aliado à busca por uma melhor qualidade de vida tem impulsionado a demanda por seguros. Mas é preciso entender que esse público não é homogêneo. Há uma pluralidade de desejos, ambições e necessidades que muitas vezes o mercado ainda não compreende completamente”, afirmou Ferreira, em entrevista ao Universo do Seguro.
Um mercado mais velho, porém mais exigente
De acordo com o especialista, o atual cenário econômico, marcado por incertezas, também tem estimulado as pessoas a buscar soluções que ofereçam mais estabilidade. Isso exige que o setor de seguros se aproxime dos consumidores com uma comunicação mais inclusiva e menos padronizada.
“Quando o mercado entende essa diversidade e se comunica com empatia, cria conexões mais profundas e sustentáveis. É isso que vai diferenciar as empresas que se preparam para o futuro daquelas que ficarão para trás”, pontua.
Tecnologia sim, mas com propósito
Outro ponto destacado por Ferreira é o papel da digitalização no setor. Segundo ele, as plataformas de autoatendimento e os canais digitais representam um avanço importante, mas precisam ser pensados com foco real na experiência do usuário.
“As ferramentas digitais aumentam a autonomia do consumidor e promovem acessibilidade. Mas será que elas realmente estão resolvendo os problemas dos clientes? A resposta para isso só vem quando ouvimos o que eles têm a dizer”, disse. “Não adianta automatizar processos se isso afasta quem mais precisa de suporte”.
Aposentadoria: quando começar e o que evitar
Com experiência em planejamento financeiro, Ferreira alertou ainda para os principais erros cometidos por quem planeja a aposentadoria. Segundo ele, o mais comum é adiar o início da organização financeira.
“Muita gente acredita que ainda tem tempo. Mas o tempo é justamente o que joga a favor de quem começa cedo. Os juros compostos são aliados poderosos. Quanto mais cedo começar, maior será o impacto positivo no longo prazo”, explicou.
Outro equívoco recorrente, segundo ele, é não diversificar os investimentos. “Concentrar tudo em um único tipo de ativo aumenta o risco. A carteira deve ser pensada com equilíbrio entre segurança e rentabilidade”.
Além disso, Ferreira chama atenção para a subestimação dos custos futuros, especialmente com saúde, e para a falta de revisão do plano ao longo dos anos. “O plano de aposentadoria precisa ser vivo. Ele deve acompanhar as mudanças da vida e da economia”.
O futuro dos seguros: personalização, transparência e inovação
Para atender um consumidor cada vez mais conectado e exigente, Ferreira defende que as seguradoras invistam em tecnologia com foco em personalização, aliada à transparência e clareza na comunicação.
“Não dá mais para trabalhar com produtos genéricos. É preciso usar dados para entender o perfil de cada cliente, ajustar coberturas, facilitar o acesso e, principalmente, comunicar com clareza. O consumidor não quer mais ser surpreendido pelas letrinhas miúdas”, afirmou.
Ele também destacou o potencial de inovações como a telemedicina em seguros de saúde e planos de vida que se adaptam às fases da vida do cliente. “Inovação não é só sobre tecnologia, mas sobre resolver problemas reais”.