Por que o Brasil precisa discutir modelos mais flexíveis de seguros e proteção?

Jaime Neto, Diretor de Desenvolvimento de Produtos e Dados da MetLife Brasil/ Foto: Divulgação
Jaime Neto, Diretor de Desenvolvimento de Produtos e Dados da MetLife Brasil/ Foto: Divulgação

Confira artigo de Jaime Neto, Diretor de Desenvolvimento de Produtos e Dados da MetLife Brasil

Segundo a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a inadimplência das famílias brasileiras atingiu patamar recorde de mais de 30%, e quase um em cada cinco consumidores tem mais da metade da renda mensal comprometida com dívidas. Diante desse cenário, torna-se cada vez mais pertinente e necessário que as seguradoras incluam em sua pauta o desenvolvimento de produtos e soluções que democratizam o acesso aos seguros para uso em vida.

Essa evolução já começa a se refletir no mercado. No primeiro semestre deste ano, o volume de prêmios arrecadados pelas seguradoras em seguros de pessoas somou R$ 37,8 bilhões, um crescimento de 8,4% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados da FenaPrevi. Esses números reforçam o papel dos seguros como instrumentos de proteção financeira em momentos de imprevistos e mostram que há espaço — e demanda — para soluções mais acessíveis e conectadas às necessidades reais da população.

Ainda assim, 82% da população adulta não possui seguro de vida, de acordo em estudo da FenaPrevi com o DataFolha. Por isso, o mercado segurador tem discutido com os órgãos reguladores modelos mais flexíveis de seguro de vida, que possam democratizar o acesso e atender diferentes camadas da população, ao mesmo tempo em que cumpram seu papel de contribuir com a proteção das pessoas de forma responsável.

Ao redor do mundo, um produto tem sido peça chave nesse cenário: o Seguro Vida Universal, uma modalidade de seguro mais flexível e adaptável, com liberdade real para o cliente ajustar os parâmetros do seguro conforme a sua fase de vida. Enquanto no contrato de seguros tradicional, a apólice é cancelada por inadimplência, nesta modalidade, uma vantagem é a possibilidade de existir uma reserva para cobrir o valor da parcela. É exatamente esse desenho que ajuda a reduzir a inadimplência e a transformar o seguro em ferramenta de proteção no longo prazo.

E esta modalidade não é uma invenção recente. O Vida Universal surgiu no fim dos anos 1970, nos Estados Unidos, em resposta à rigidez dos modelos tradicionais e a necessidade de adaptar prêmios e coberturas a ciclos de renda e juros variáveis. Em pouco tempo, tornou-se uma categoria relevante, especialmente nos anos 1980, e segue sendo importante até hoje, inclusive em ofertas corporativas e de varejo de grandes seguradoras não só nos Estados Unidos, como em outros mercados de seguro bem consolidados, como México, países da Europa e da Ásia.

No México, o mercado convive há anos com soluções de proteção flexíveis. No caso da MetLife, por exemplo, os seguros da modalidade Vida Universal atendem a mais da metade da carteira de clientes do seguro de vida individual. Hoje, a operação mexicana mantém linhas de seguros de vida com componente de flexibilidade, uma base robusta de clientes e serviços digitais, um verdadeiro ecossistema que mostra, na prática, que flexibilidade melhora adesão e persistência, além de democratizar o acesso às pessoas de diferentes classes sociais e perfis financeiros.

Já no Brasil, o Vida Universal é debatido há algum tempo. Houve avanços regulatórios anteriores e, mais recentemente, a Susep recolocou o assunto em pauta: abriu consulta pública em dezembro de 2024 e avançou para uma segunda rodada, em 15 de agosto de 2025, com proposta de substituição da Resolução CNSP nº 344/2016. Isso sinaliza maturidade institucional e disposição para viabilização do produto. Ao que tudo indica, estamos, sim, mais perto de uma definição, o que tem entusiasmado o setor que, de forma contínua, procura formas de ampliar cada vez mais o acesso a soluções de proteção para um público mais amplo.

Diante de um cenário que traz incertezas econômicas e profissionais, este tipo de seguro pode ser uma alternativa de proteção mais conectada com os desafios da população, justamente por permitir que o segurado continue com uma apólice ativa mesmo em momentos de dificuldade financeira. Resumindo, é um produto de proteção a longo prazo, que acompanha o ciclo de vida das pessoas.

As experiências positivas de outros mercados demonstram que a modalidade já é consolidada internacionalmente. No Brasil, a chegada do Vida Universal representa uma evolução importante para o setor, ampliando as opções de proteção e acompanhando as transformações do perfil do consumidor. O desenvolvimento desse produto exigirá dedicação contínua das seguradoras em fornecer informações claras, apoiar os corretores parceiros e, principalmente, garantir uma comunicação transparente e acessível para o cliente. Com uma regulação adequada e o compromisso do mercado em entregar soluções relevantes, o Seguro de Vida Universal tem potencial para ampliar significativamente a proteção da população brasileira e fortalecer o papel social do seguro de vida no país.

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