Confira artigo de Clara Le Bail, Diretora de Produto Pedágio da Edenred Mobilidade, linha de negócios da Edenred Brasil, que é composta pelas marcas Ticket Log e Repom, especialistas em mobilidade e logística
Em fase de testes no Brasil desde o fim de março deste ano, na Rio-Santos (BR-101), e, na Ayrton Senna, desde abril, o free flow promete transformar a nossa relação com as estradas, além de acelerar a eficiência no setor do transporte rodoviário, o modal mais utilizado do País. Quando pensamos neste sistema de fluxo livre, sem praças de pedágio e cancela, os impactos são grandes. Muitos fatores influenciam a eficiência de uma viagem para operadores logísticos como por exemplo a qualidade da estrada: é um elemento fundamental para maior previsibilidade das entregas e, também, de redução da necessidade de manutenção dos veículos. Segurança também é um critério chave para quem trabalha todo dia nas estradas e que é diretamente conectado à condição das rodovias. Além disso, o free flow permite uma transação para um modelo de pagamento proporcional ao trajeto percorrido que trará maior justiça tarifária.
No quesito qualidade, sabemos que as estradas brasileiras necessitam de muitas melhorias em infraestrutura: de acordo com dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgados em 2022, 60% da malha rodoviária brasileira pavimentada apresentava algum tipo de problema, sendo considerada regular, ruim ou péssima. Quando comparamos as diferentes regiões do Brasil, o índice que aponta a baixa qualidade das rodovias chega a 79% no Norte e de 56% no Sudeste. A previsão é de que este contexto de infraestrutura seja melhorado a partir de novas concessões de pedágios, considerando: de 2016 a 2021, foram investidos cerca de R$ 163,07 mil, em média, a cada quilômetro, na malha viária sob gestão pública. Já no caso das rodovias privadas, o investimento por quilómetro foi de R$ 405,15 mil, no mesmo período, segundo a CNT. A expectativa da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) é que 17 mil quilômetros a mais de estradas sejam pedagiadas até 2025, o que promete melhorar consideravelmente as condições do transporte rodoviário no Brasil. Isso traz eficiência pro setor.
Desde 2000, um fator que facilita o dia a dia de quem circula pelas estradas brasileiras são as tags. Inclusive para empresas, o uso delas, junto com uma plataforma de gestão de despesas permite economizar tempo nas viagens bem como um maior controle de custos com acesso à informações detalhadas de uso que facilita a gestão da frota Quem já está equipado terá um transição muito fluida para a nova modalidade de cobrança, sem necessidade de pagamento após a viagem e sem risco de multa. O uso das tags já conta com incentivos financeiros em várias concessionárias como EixoSP, Dutra ou EcoRioMinas. Esses incentivos também estão previstos em quase todos os novos editais, como por exemplo nos lotes 1 e 2 do Paraná. Por um lado, tem o desconto básico de 5% para todos os tipos de veículos, por outro lado o desconto de usuário frequente que reduz o valor da tarifa de pedágio à cada passagem realizada na mesma praça, para veículos de passeio. O Free Flow traz muitas vantagens, uma delas é reduzir o custo de instalação de infraestrutura já que a montagem dos pórticos representa gastos bem menores à construção de praças. Reduz também os custos operacionais para a concessionária. Contudo, há um desafio grande atrelado ao risco de inadimplência, que depende de incentivos à democratização do uso da tecnologia para ser minimizado.
Atualmente, cerca de 50% de brasileiros ainda não adotaram nenhum tipo de meio de pagamento automático de pedágio e permanecem no modelo tradicional, pegando fila na praça e pagando em dinheiro. Por isso prevemos uma forte tendência de adesão ao free flow, não apenas por conta dos descontos, como também pela promessa inerente ao novo sistema: a de agilizar o fluxo de veículos nas rodovias e nas vias urbanas. Isso, por sua vez, pode contribuir para a diminuição do consumo combustível, gerando menos emissões de CO2 na atmosfera. Todos esses resultados favorecem não só o setor de transporte, como também o meio ambiente e os cidadãos que transitam pelas vias todos os dias.
A boa notícia é que as tags que o mercado já conhece facilitam a transição para o free flow, pois o sistema é aderente às tecnologias já existentes, como a RF1D1, utilizada pela Greenpass, startup que há mais de quartro anos desenvolve, opera e comercializa soluções white label de mobilidade.
Todas essas mudanças permeiam o grande desafio que já bate à porta do mercado de transporte e mobilidade como um todo, tanto para pessoas físicas como para empresas: mover-se cada vez mais de forma eficiente.