Para Carlos Flory, o setor passou por um período de aprendizado que premiou a seleção de ativos, a condução estável e a aderência à política de longo prazo
A Fundação de Previdência Complementar do Estado de São Paulo (Prevcom) fechou 2023 com rentabilidade acumulada de 12,33%, desempenho 3,57 pontos percentuais acima do alvo de IPCA+4% de 8,76%. Na avaliação do presidente Carlos Henrique Flory o resultado positivo foi alcançado “porque nos mantivemos firmes na política de investimentos e não nos deixamos abalar por instabilidades de curto prazo”.
Um fundamento defendido por Flory é “não fazer movimentos radicais vendendo ativos sem critério, como ações principalmente”, exemplifica. O acerto da posição do presidente foi confirmado no final ano quando a entidade registrou rendimento de 1,44% em dezembro depois de agregar 1,73% em novembro. Ambos os retornos foram turbinados pelos ganhos em renda variável. “Nós pegamos em cheio o rally da Bolsa de Valores”, assinala.
Flory considera satisfatórios os números apurados em 2023, um período rico em aprendizado para os fundos de pensão que iniciaram o ano com perspectivas negativas. “No fim de 2022 e início de 2023 as previsões dos analistas eram quase todas pessimistas e quase todos erraram. Um fenômeno que se repete anualmente”, assinala o presidente da entidade que detém patrimônio de R$ 3,2 bilhões e 50 mil participantes.
A solução para lidar com estes diagnósticos e direcionamentos nem sempre precisos é estudar o mercado, ter convicções próprias, contar com a ajuda de uma boa consultoria para ter uma visão externa ao processo e agregar ao conjunto a experiência acumulada no dia a dia. A construção de cenários de aplicações em todas as classes de ativos vem em seguida.
“Após a discussão das propostas, a escolha das alternativas de risco e retorno deve ser aceita por todos os níveis de governança. Aprovada esta política, aplique e mantenha-se fiel a ela e só mude se as premissas básicas também mudarem radicalmente. Se isto ocorrer, você deve refazer o processo”, recomenda Flory.
Segundo o presidente da Prevcom, é fundamental para qualquer dirigente lembrar que está à frente de um fundo de pensão e não da tesouraria de uma instituição financeira. “A visão deve ser de muito longo prazo, de 40 a 50 anos que é a fase de acumulação e de fruição dos benefícios. Não haverá saques inesperados no dia seguinte”. Esta visão de longuíssimo prazo deve ser o foco das ações nos planos de benefícios previdenciários.