Por Ana Cristina de Vasconcelos, Superintendente de Operações e Relacionamento com Clientes da BB Previdência
Para muitos brasileiros, a aposentadoria ainda é vista como um tema distante, algo para se pensar mais tarde. No entanto, o tempo é o maior aliado (ou inimigo) de quem deseja garantir estabilidade financeira no futuro. Com as sucessivas pressões sobre o sistema público de aposentadoria e um cenário demográfico que se transforma rapidamente, postergar esse planejamento pode custar caro.
Nos últimos anos, a realidade do INSS tem escancarado um problema estrutural: o modelo atual está esgotado. Baseado no regime de repartição simples, em que trabalhadores da ativa sustentam os benefícios de quem já se aposentou, o sistema depende de uma equação que já não fecha. A população está envelhecendo em ritmo acelerado, e o número de contribuintes ativos é cada vez menor. Segundo o IBGE, até 2070 cerca de 4 em cada 10 brasileiros terão mais de 60 anos. A conta não fecha, e não vai fechar.
Embora a reforma previdenciária de 2019 tenha ajustado regras como idade mínima e critérios de cálculo dos benefícios, essas medidas serviram apenas para adiar o desequilíbrio. O risco, nos próximos anos, é concreto: benefícios mais baixos, exigências mais duras para se aposentar e atrasos nos pagamentos. Depender exclusivamente do INSS, portanto, é um risco que não vale a pena correr.
Diante desse cenário, cresce a necessidade de alternativas que garantam segurança financeira no longo prazo. É nesse contexto que os planos de previdência complementar fechada ganham protagonismo. Estruturados com foco na previsibilidade e na sustentabilidade, eles oferecem um caminho seguro para quem deseja manter o padrão de vida na aposentadoria.
Administradas por entidades sem fins lucrativos e sob forte regulação, essas soluções oferecem uma série de vantagens: gestão profissional dos recursos, custos operacionais reduzidos, planejamento financeiro individualizado e, em muitos casos, contribuição adicional da empresa patrocinadora, o que acelera o crescimento do saldo acumulado.
Quanto antes, melhor
Uma das maiores forças da previdência complementar está nos juros compostos. Quanto mais cedo a pessoa inicia suas contribuições, maior é o efeito multiplicador ao longo do tempo. Iniciar o plano aos 25 anos, por exemplo, pode representar o dobro do saldo final em comparação a quem começa aos 45, mesmo que o valor mensal investido seja o mesmo.
Além disso, o desconto direto em folha de pagamento facilita o hábito de poupar com regularidade, sem comprometer o orçamento mensal. Esse planejamento também pode ser usado para objetivos ao longo da vida, como a aquisição da casa própria, um intercâmbio ou até a antecipação da aposentadoria.
E se eu sair da empresa?
Uma dúvida comum sobre os planos fechados é o que acontece com o dinheiro acumulado em caso de desligamento da empresa patrocinadora. A boa notícia é que o participante não perde o que foi investido. É possível manter a reserva na entidade para receber o benefício futuramente, fazer a portabilidade para outro plano (aberto ou fechado) ou até continuar contribuindo individualmente, sem vínculo empregatício.
Essa flexibilidade garante que o planejamento de longo prazo não seja interrompido por mudanças na trajetória profissional.
Pensar no futuro é agir no presente
A longevidade é uma conquista da humanidade, mas também um desafio econômico. Viver mais exige planejar melhor. A previdência complementar fechada representa uma das formas mais inteligentes e eficazes de garantir tranquilidade financeira na aposentadoria. E quanto antes essa decisão for tomada, maior será o benefício no futuro. Afinal, o melhor momento para cuidar do amanhã é agora.