A produção de café da safra 2022 deve ter um aumento de 5,6%, na comparação com 2021. A informação é do 3º Levantamento do grão para a atual temporada, divulgado nesta terça-feira (20), pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ainda de acordo com o estudo, o total de sacas deve chegar a 50,38 milhões.
A evolução no ritmo de sacas colhidas é considerada pequena em comparação aos anos de 2020 e 2021. Fatores como a falta de chuvas em 2020, as fortes geadas ocorridas nas regiões produtoras em 2021 e a guerra na Ucrânia são apontados como os principais impedimentos para um crescimento considerável, segundo a Conab.
A diferença entre os tipos de café produzidos também é imprescindível nessa análise. Segundo Carlos Barrada, gerente da pesquisa LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola) do IBGE, “O café que consumimos, em suma, é constituído de uma mistura chamada blend: de 70% a 80% do tipo arábica e de 20% a 30% do conilon. O arábica é um café de clima mais frio, produzido, normalmente, a partir de 800m de altitude. Além disso, exige uma boa quantidade de chuvas durante o ciclo. Já o conilon é um café de baixas altitudes”.
Ainda de acordo com o gerente de pesquisa, os preços do café subiram, nos últimos dois anos, em função do aumento da demanda. “As pessoas passaram a ficar mais em casa e a, consequentemente, tomar mais café. Isso no mundo inteiro. A oferta de café é limitada, tendo o Brasil como maior produtor/exportador do mundo, seguido da Colômbia”, diz.
Como mostra o relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), em 2021 a saca de 60 quilos do café arábica valia cerca de R$640,00. Hoje, a mesma saca está avaliada em R$1.250,00, aproximadamente, dependendo da região.
Também entram para a lista de causadores deste aumento no valor do café a elevação dos custos de produção, como insumos, fertilizantes e combustíveis. A inflação do café, no ano passado, ficou acima de 67%, segundo a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (MG).
Direto do produtor
Carlos Coutinho Filho é produtor do Café Minelis, em Brasília, que foi premiado como o melhor nos anos de 2019 e 2021, nos prêmios Prêmio Illy e Olam Coffee, respectivamente. O produtor comenta a expectativa de crescimento: “Essa previsão da Conab é de 3 milhões de sacas a menos, da que foi divulgada em maio. Temos um crescimento em torno de 5,5% em relação a todo o café colhido na safra anterior. Desse crescimento, temos 10% na colheita conilon e pouco mais de 3% para a espécie arábica”.
Ele ainda relata que esperava um volume maior na safra do arábica, em razão da bienalidade (oscilação da produção em anos consecutivos) do produto. Mesmo com esses fatores, ele espera finalizar o ano com um crescimento de 12%, comparado a 2021. Porém, vê com certa preocupação as expectativas gerais: “Esse aumento não tão expressivo da safra gera apreensão. Conforme relatórios internacionais, há a possibilidade de déficit de oferta e demanda nesse ano, ou seja, vai faltar café”, avalia.
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