Os ataques que geraram tumultos na noite desta segunda-feira (12) deixaram um rastro de depredações na capital. ônibus e veículos foram incendiados. Edifícios apedrejados. As cenas de violência começaram após a ordem prisão temporária expedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, de José Acácio Serere Xavante, conhecido como cacique Serere, acusado de organizar protestos contra a suposta ilegalidade do resultado das eleições.
Em virtude da detenção do índio, apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) foram ao prédio da Polícia Federal, onde começou o conflito com as forças de segurança. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou que a situação foi, no fim da noite, controlada pela Polícia Militar do DF (PMDF), com reforço de tropas especializadas.
A secretaria ainda confirmou que ninguém foi foi preso durante os atos. E que as movimentações foram praticadas por grupos isolados, sendo apuradas pela Polícia Civil. Informou ainda que os participantes, quando identificados, vão ser responsabilizados. "A PF, por sua vez, vai apurar os crimes relacionados aos atos que atentem contra a instituição e crimes de natureza federal”, informa a nota da Secretaria.
A Secretaria afirma ainda que, durante os atos, "para redução dos danos e para evitar uma escalada ainda maior dos ânimos, a ação da Polícia Militar se concentrou na dispersão dos manifestantes, destacando o policiamento na área central e nas imediações do hotel em que o presidente da república eleito está hospedado, com policiamento reforçado".
Segundo o especialista em segurança pública e privada, Leonardo Sant’Anna, as ações de vandalismo ocorridas não apresentam um grande impacto na segurança pública da capital do Brasil. “Precisaram estabelecer a ordem primeiro momento e até colocar isso como prioridade, ao invés de realizar a prisão de algumas pessoas que parece ser bastante acertado. Dessa forma, nós podemos indicar que não vai haver qualquer tipo de grande incômodo e que essa instituição de segurança ela fez o que pôde, talvez não no espaço de tempo que a comunidade se deseja, mas realizou de maneira efetiva, já que era uma ação-relâmpago”.
Para o especialista, existem duas principais medidas de segurança publica que podem evitar atos de violência: as ações de inteligência que seriam a coleta de informações que sejam importantes para que se possa reduzir o risco de novos atos em Brasília. E em segundo, as ações preventivas. “a presença dos profissionais de segurança é fundamental para que aquele que desejaria realizar novos atos de vandalismo se sinta acanhado, que ele se sinta retraído e não o faça, uma vez que ele percebe que ele pode ser a qualquer momento preso e que vai ser descoberto um plano que ele queira colocar em prática, para que se traga novos atos de violência aqui na capital”, explica Leonardo Sant’Anna.
O Detran e Corpo de Bombeiros também atuaram no controle dos atos. O Detran deu suporte no trânsito, apoiando a os órgãos responsáveis na desobstrução de vias e na retirada dos veículos carbonizados. Já o Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) atuou, durante todo o processo, "na contenção dos incêndios e suporte e preventivo a possíveis feridos com atendimento pré-hospitalar. Uma pessoa de 67 anos passou mal e foi atendido e conduzido pela corporação à UPA de São Sebastião”. Segundo a nota ele “estava consciente, orientado e estável”.
Por conta dos vandalismos, medidas preventivas vêm sendo adotadas. Segundo a SSP “o trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios segue restrito, com fechamento da via S1, no Eixo Monumental, a partir da alça da Rodoviária do Plano Piloto até a via L4. A via N1 está interditada a partir do acesso à via L2 até a L4”. O acesso à Praça dos Três Poderes segue restrito. Já via N1 pela N2, no Ministério da Economia, também está fechado. A orientação é que os motoristas “utilizem as vias S2 e N2, obedecendo à sinalização e orientação das autoridades de trânsito”.
Em nota a SSP ainda reafirmou que “o plano de segurança pública para o dia da posse presidencial está em fase de elaboração e, assim como em todos os eventos deste tipo ocorridos no Distrito Federal, o planejamento está sendo constituído com a participação de instituições locais e federais”.
O especialista em segurança pública Leonardo Sant’Anna, ressalta que existe uma necessidade de uma integração muito bem feita, para se evitar possíveis atos de violência durante a posse presidencial. “Quando falamos dessa magnitude para esse tipo de evento, sabemos também que as polícias e os órgãos de segurança locais já estão acostumados com esse tipo de cenário e muito possivelmente vão conseguir fazer um bom trabalho, evitando que problemas maiores aconteçam no dia da posse do presidente eleito”.
O que dizem as autoridades
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta terça-feira (13) em uma rede social repudiar atos de violência e desordem. “As manifestações fazem parte da democracia. A capital federal recebeu cidadãos de todo o Brasil que, há mais de um mês, vem se expressando de maneira ordeira. Repudio veementemente a desordem, a violência e o risco à integridade física ou de patrimônio público e privado”, publicou Lira.
O presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ressaltou que defende repressão policial. “Absurdos os atos de vandalismo registrados nesta noite, em Brasília, feitos por uma minoria raivosa. A depredação de bens públicos e privados, assim como o bloqueio de vias, só servem para acirrar o cenário de intolerância que impregnou parte da campanha eleitoral que se encerrou. As forças públicas de segurança devem agir para reprimir a violência injustificada com intuito de restabelecer a ordem e a tranquilidade de que todos nós precisamos para levar o país adiante”, publicou Pacheco em uma rede social.
Por uma rede social o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino disse que a depredação em frente ao prédio da superintendência da PF, é inaceitável. “Inaceitáveis a depredação e a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal em Brasília. Ordens judiciais devem ser cumpridas pela Polícia Federal. Os que se considerarem prejudicados devem oferecer os recursos cabíveis, jamais praticar violência política.