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Quase 51 milhões de brasileiros possuem plano de saúde em 2023

Número de idosos em planos de saúde bate recorde e soma 7,2 milhões de vínculos no País / Foto: RDNE Stock Project / Pexels
Foto: RDNE Stock Project / Pexels

Em relação ao mesmo período do ano anterior, houve um incremento de 889 mil novas contratações; O comparativo entre agosto e setembro também mostrou aumento expressivo. Pesquisa ANAB aponta que o plano de saúde é a 3ª maior conquista para o brasileiro

Quase 51 milhões de brasileiros possuíam plano de saúde até setembro de 2023. É o que indica balanço mensal divulgado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O número representa um novo pico, após uma sequência de recordes na margem de crescimento que vem se repetindo nos últimos meses. No período, foram identificados 50,9 milhões de beneficiários nos planos de assistência médica. O incremento atingiu um ápice de 889 mil novas contratações no comparativo com o mesmo período do ano anterior. Entre agosto e setembro, mais de 200 mil novos beneficiários foram agregados às operadoras.

O constante e persistente aumento ao longo de todo o ano demonstra que o brasileiro não apenas se preocupa mais com a própria saúde e de seus familiares, mas também prioriza esse tipo de produto dentre os seus gastos recorrentes.

O que o brasileiro pensa sobre plano de saúde?

Realizada ainda no auge da crise sanitária, no final de 2021, a Pesquisa ANAB de Planos de Saúde identificou que, para 81% dos brasileiros, aumentou o receio de não conseguir acesso a tratamentos médicos. Por isso, o plano de saúde era considerado a 3ª maior conquista. Na faixa etária acima de 50 anos, o benefício só perde para a casa própria em importância. Para aposentados, é prioridade absoluta e supera a moradia. Já a Pesquisa ANAB de Assistência Médica, realizada em 2022, confirmou que 1 em cada 4 brasileiros precisou acessar mais sistemas de saúde no último ano do que antes da pandemia de Covid-19. De acordo com este estudo nacional, 83% dos brasileiros valorizam, desejam ou temem perder o benefício. Por isso, 47% precisaram ajustar as contas para mantê-lo.

Para Alessandro Acayaba de Toledo, Diretor Presidente da ANAB, o novo recorde de beneficiários reflete a recente movimentação da economia e o esforço do brasileiro em garantir a segurança do benefício.

“Acesso, agilidade e eficiência são prioridades para as famílias no que se refere à saúde, considerando todas as faixas etárias. E quanto menor a renda familiar, maior é o grau de preocupação em relação ao acesso à saúde, não é de se espantar. Afinal, só quem já precisou de um bom médico e não teve, sabe o valor desse privilégio. Arrisco dizer que em um país com tantas desigualdades, os planos de saúde são uma conquista porque eles significam a possibilidade de uma vida mais longa e saudável. É não se perturbar ao imaginar quanto tempo vai demorar para marcar uma consulta, na fila de espera para uma cirurgia ou em um pronto-socorro. É claro que, em um mundo ideal, esses serviços deveriam ser universalizados para todos os cidadãos, sem distinção, mas a realidade é que o Sistema Único de Saúde encontra muitas dificuldades para atender toda a população. A consequência disso é o aumento da demanda por alternativas que, mais uma vez, é confirmada pelos números”, destaca Alessandro Acayaba de Toledo, Diretor Presidente da ANAB.

Prejuízos e instabilidade no setor

Apesar do incremento no número de beneficiários, as estimativas do comparativo entre receitas e despesa são preocupantes, apontando dificuldades no setor. A última análise sobre o tema, realizada pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), também no início de setembro, identificou atrasos de pagamentos das operadoras aos hospitais superiores a R$ 2 bilhões.

“Este é um momento de transformações profundas no setor, marcado pela discussão envolvendo as fraudes nos planos de saúde, novas regras de inclusão de hospitais nas redes credenciadas, e o amplo aumento do pagamento de reembolsos que vem crescendo desde 2019. Todas essas mudanças oneram o setor em cerca de R$1,6 bilhão em procedimentos (consultas, exames, terapias, cirurgias e internações) apenas em 2022, segundo o Panorama de Saúde Suplementar da ANS”.

 

As operadoras de planos de saúde também tiveram um prejuízo de cerca de R$10,7 bilhões em 2022, de acordo com relatório da ANS. O maior prejuízo da saúde suplementar em 20 anos. Entre 2021 e 2022, as receitas dos planos de saúde cresceram 5,6%, enquanto as despesas aumentaram 11,1%.

“Uma conta que não fecha e sinaliza para um cenário de altos índices de reajustes. Há um claro indicativo de instabilidade do setor gerado, além do resultado financeiro das operadoras e da nova legislação sobre o rol exemplificativo, a proximidade com a votação do projeto de lei 7.419/2006, que traz mudanças importantes na legislação dos planos de saúde, criando novas obrigações às operadoras e retrocessos do ponto de vista regulatório”, avalia Alessandro Acayaba de Toledo, Diretor Presidente da Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (ANAB) e advogado especialista em Direito e Saúde.

A ANAB reforça que os reajustes anuais dos planos coletivos são extremamente necessários para a manutenção equilibrada do sistema de Saúde Suplementar. Os índices praticados pelas operadoras de saúde em 2023 refletem o cenário do setor, que enfrenta uma série de instabilidades por diversos fatores: adoção do rol exemplificativo, que incrementa coberturas inesperadas e acarreta o desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos vigentes; aumento das fraudes no uso de planos; maior sinistralidade dos últimos anos (chegando a 100% em alguns contratos); entre outros. Como consequência direta, as operadoras de planos de saúde tiveram um prejuízo operacional de cerca de R$10,7 bilhões em 2022 e isso reflete nos índices de reajuste dos planos de saúde coletivos, que estão sendo anunciados em cada contrato ao longo deste ano.

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