Marlon Basso, Superintendente de Sinistros da REP Seguros, compartilhou valiosas reflexões sobre o tema
As queimadas devastadoras que atingem a Califórnia trouxeram à tona um desafio crescente para o mercado de seguros: como equilibrar a proteção financeira de propriedades e indivíduos com a sustentabilidade do setor em meio a eventos climáticos extremos. Para entender melhor esses impactos e os caminhos possíveis, conversamos com Marlon Basso, Superintendente de Sinistros da REP Seguros, que compartilhou valiosas reflexões sobre o tema.
Impactos diretos nas seguradoras
Eventos de grande escala, como os incêndios florestais na Califórnia, geram impactos profundos na indústria de seguros, especialmente em relação às coberturas de propriedades e responsabilidades civis. “Os danos causados por queimadas frequentemente resultam em sinistros de grande magnitude, levando a um aumento expressivo no custo das indenizações”, explica Marlon.
Esse cenário não apenas reduz a rentabilidade das seguradoras, mas também exige ajustes no mercado. “As seguradoras podem optar por reajustar prêmios de apólices ou até mesmo restringir coberturas em áreas de alto risco. Isso ocorre porque os incêndios estão se tornando mais frequentes e severos, exigindo uma revisão constante de estratégias de subscrição e reservas de capital”, acrescenta o especialista.
Além disso, as queimadas intensificam a necessidade de proteção contra responsabilidades civis. “Incêndios originados por negligência ou má gestão podem resultar em ações judiciais de alto valor, o que aumenta a demanda por apólices de responsabilidade civil, que também se tornam mais caras e restritas”, completa.
O papel das seguradoras na prevenção e mitigação
Embora os desafios sejam significativos, o setor de seguros tem um papel fundamental em ajudar empresas e indivíduos a se prepararem para desastres naturais. Segundo Marlon, as seguradoras podem atuar em três frentes principais: prevenção, contenção de danos e educação.
Prevenção e modelagem de riscos
“As seguradoras têm expertise em modelagem de risco e podem oferecer análises detalhadas sobre áreas vulneráveis, além de recomendar medidas preventivas. Por exemplo, oferecer descontos em prêmios para propriedades que utilizem materiais resistentes ao fogo ou criem zonas de amortecimento ao redor das construções é uma prática que pode reduzir significativamente o risco”, destaca.
Incentivo à sustentabilidade
A promoção de práticas sustentáveis também é uma estratégia eficaz. “Ao financiar ou exigir seguros ambientais, as seguradoras incentivam empresas a compensarem danos causados por suas atividades e investirem em medidas que protejam o ecossistema, como reflorestamento e manejo adequado do solo”, acrescenta Marlon.
Educação e conscientização
Outro pilar destacado é a educação. “As seguradoras podem investir em programas de conscientização, ajudando a população a entender os riscos das queimadas e como se preparar. Isso pode incluir desde manuais de boas práticas até campanhas de comunicação que ensinem ações preventivas e como agir em caso de incêndio”, afirma.
Inovação em produtos e parcerias
Além das medidas preventivas, o setor de seguros pode criar produtos inovadores para atender às necessidades específicas de áreas de risco. “Os seguros paramétricos são um exemplo interessante. Eles pagam indenizações com base em índices predefinidos, como a extensão da área queimada, garantindo um pagamento mais rápido e eficiente aos segurados”, sugere Marlon.
Ele também enfatiza a importância de parcerias entre o setor público e privado. “Colaborações podem promover políticas públicas voltadas à redução de riscos, como incentivos fiscais para construções em áreas seguras e financiamentos para tecnologias de prevenção de incêndios. Essas ações ampliam a resiliência do mercado e das comunidades afetadas”, conclui.
O futuro do mercado de seguros em um cenário de riscos climáticos
Com a intensificação dos eventos climáticos extremos, como as queimadas na Califórnia, o mercado de seguros está em um momento de transformação. A adaptação não é apenas necessária, mas urgente para garantir a proteção das comunidades e a sustentabilidade do setor.
Ao alinhar prevenção, inovação e educação, as seguradoras podem não apenas mitigar os impactos dos desastres, mas também liderar esforços para construir um futuro mais resiliente frente às mudanças climáticas. As queimadas são um alerta, mas também uma oportunidade para o mercado de seguros reinventar suas estratégias e reafirmar seu papel como pilar de proteção social e econômica.
*Com a colaboração de MGA Press.