Modelo de Multi Family Office atrai profissionais que deixam bancos e corretoras; gestão de patrimônio já soma R$ 498,5 bilhões no Brasil, segundo a Anbima
O mercado brasileiro de consultoria patrimonial segue expansão e já soma números bilionários. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o montante nas mãos dos gestores de patrimônio atingiu R$ 498,5 bilhões ao final de 2024, um avanço de 8,9% em relação ao fechamento de 2023. Ao mesmo tempo, o segmento de consultoria patrimonial já ultrapassa R$ 1 trilhão em recursos sob gestão, mostrando que a transição do modelo de assessoria tradicional para o Wealth Service de Multi Family Office ganhou velocidade e está transformando a carreira de profissionais que deixam bancos e corretoras em busca de mais autonomia. Diferentemente do sistema tradicional, em que a remuneração do assessor depende da venda de produtos de uma única corretora, o Wealth Service se baseia em contratos de consultoria que abrangem desde investimentos até planejamento fiscal, sucessório e patrimonial.
Essa transição, já consolidada em países desenvolvidos, começa a ganhar força no Brasil e atrai especialmente profissionais que até pouco tempo estavam restritos a escritórios de marcas como XP, BTG ou Genial. “Estamos diante de uma mudança estrutural. O assessor que antes era vinculado a uma bandeira agora passa a atuar como consultor independente, podendo usar diferentes instituições financeiras e sempre com o cliente no centro da decisão. “Esse formato garante mais transparência, mais liberdade e uma remuneração muito mais alinhada com o valor que ele gera”, afirma Gustavo Assis, CEO da Asset Bank. Na prática, o novo regime permite que o consultor receba uma remuneração fixa ou um percentual sobre o patrimônio administrado, em vez de depender de comissões de produtos. Além disso, os escritórios estruturados no formato de Multi Family Office assumem toda a operação de back office, liberando o profissional da burocracia para que ele foque no relacionamento comercial.
“O consultor deixa de perder tempo com tarefas operacionais e passa a dedicar sua energia ao que realmente importa: atender o cliente, ampliar negócios e construir relacionamentos de longo prazo”, explica. Segundo Assis, o modelo adotado pelo Asset Bank, o consultor recebe até 70% da receita, enquanto todo o suporte técnico e operacional fica por conta da empresa. Isso faz com que o profissional trabalhe menos em burocracia e ganhe mais em resultado”, explica Assis.
Embora ainda seja um movimento embrionário no Brasil, a tendência já conta com exemplos de casas que começam a adotar essa estrutura e deve se expandir rapidamente à medida que a busca por independência e transparência avance. A expectativa é que cada vez mais profissionais abandonem o modelo tradicional de assessoria para migrar ao Wealth Service, encontrando nele não apenas um caminho de maior autonomia, mas também um modelo de negócios mais meritocrático e sustentável.