Para sócio-fundador da FM2S, startup de Educação, programas que oferecem teoria sem aplicação prática tendem a perder espaço no mercado de trabalho
Na última terça-feira, 16 de setembro, o LinkedIn divulgou a lista Top MBAs 2025. O ranking mostra que, globalmente, a proporção de líderes seniores com Master in Business Administration (MBA) – tipo de pós-graduação focada no desenvolvimento prático de habilidades de gestão e liderança – cresceu 32% e a de empreendedores com o título aumentou 87% desde 2010. O levantamento também reacendeu a discussão sobre a real importância do título no mercado de trabalho atual.
Para Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria (startup sediada na Unicamp), gestor de carreiras e PhD pela Unicamp, o MBA continua sendo valorizado, mas apenas quando entrega aprendizado aplicável. “Um MBA bom é aquele que resolve problemas reais. Se não ensina o aluno a lidar com desafios concretos do dia a dia empresarial, de pouco adianta”, afirma.
Segundo ele, muitas vezes os profissionais entram em um programa de MBA acreditando que o diploma, por si só, trará reconhecimento e oportunidades. Mas esse modelo está em declínio. “Existe uma enorme diferença entre um curso recheado de teorias desatualizadas e um programa que prepara o aluno para aplicar imediatamente o que aprende”, observa.
Na avaliação do especialista, empresas estão cada vez mais atentas a essa diferença. “As organizações não querem apenas profissionais com títulos no currículo, querem solucionadores de problemas. E um MBA que não consegue oferecer isso perde relevância”, diz.
O especialista destaca que, no mercado atual, a relevância de um MBA depende da capacidade de conectar teoria e prática com as demandas modernas das empresas. “Um MBA precisa ir além de aulas tradicionais. É fundamental que o curso prepare o aluno para trabalhar com indicadores e análise de dados, dominar ferramentas de inteligência artificial e soluções digitais capazes de gerar análises críticas e tomadas de decisão mais precisas, e desenvolver criatividade e capacidade de inovação”.
Além disso, o fortalecimento de soft skills — comunicação, liderança, negociação e pensamento crítico — é essencial para lidar com equipes multidisciplinares e ambientes complexos. “Essas competências não são dom ou sorte: podem ser aprendidas e aplicadas de forma sistemática, como parte do método do MBA. Sem essa combinação de habilidades técnicas, humanas e criativas, o aprendizado fica incompleto e o diploma perde relevância”, afirma o gestor.
Ao escolher um MBA, ele recomenda que candidatos avaliem pontos como a experiência prática dos professores, a presença de estudos de caso reais e a possibilidade de aplicar ferramentas no trabalho desde o primeiro dia. “Se a resposta for ‘não’ para a maioria dessas questões, talvez seja melhor reconsiderar a escolha”, ressalta.
Para o especialista, o modelo tradicional de MBA, centrado em aulas teóricas, está se tornando obsoleto. “As empresas não vão deixar de valorizar MBAs, mas vão preferir aqueles que formam profissionais prontos para resolver problemas, tomar decisões e criar estratégias eficazes. O resto é só papel”, finaliza.