Com mais de R$ 1,1 trilhões transacionados no primeiro trimestre de 2025, recebíveis representam uma oportunidade estratégica para credores estruturarem operações mais seguras e eficientes
O mercado de recebíveis de cartões, tradicionalmente associado à antecipação de vendas, se consolida como um dos principais ativos financeiros do país. No primeiro trimestre de 2025, o volume transacionado por cartões ultrapassou R$ 1,1 trilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Apesar da magnitude, grande parte desse montante segue sem ser aproveitado em operações de crédito, sinalizando uma oportunidade para FIDCs, securitizadoras, factorings e Empresas Simples de Crédito (ESCs) ampliarem sua atuação e diversificarem garantias.
Embora o sistema de registro de recebíveis, implementado pelo Banco Central, tenha dado maior transparência e segurança às operações, o volume de ativos efetivamente utilizado como base ainda é pequeno em relação ao potencial. Estimativas de mercado apontam que apenas uma fração dessas carteiras chega a ser onerada ou antecipada, deixando trilhões de reais livres e disponíveis para novas operações.
Essa lacuna revela um espaço estratégico para credores estruturarem modelos de negócio inovadores, reduzirem riscos de inadimplência e oferecerem crédito em condições mais favoráveis. Ao transformar recebíveis de cartões em garantia sólida, instituições financeiras e não financeiras têm a possibilidade de ampliar a liquidez do mercado e impulsionar o crescimento de empresas que tradicionalmente enfrentam barreiras de acesso a capital.
A subutilização dos recebíveis e a liquidez do mercado
Estudos e sondagens indicam que apenas uma parcela minoritária das empresas utiliza seus recebíveis de cartões como garantia. Isso significa que trilhões de reais em ativos previsíveis e rastreáveis permanecem fora das estruturas de crédito. Para credores, trata-se de um estoque relevante capaz de reduzir riscos e impulsionar novas operações.
Além disso, o mercado brasileiro evoluiu na última década em termos regulatórios e tecnológicos. Hoje, existem as registradoras que garantem unicidade informacional e interoperabilidade, eliminando riscos de duplicidade e aumentando a segurança jurídica.
“O próximo passo é ampliar o aproveitamento desses recebíveis, permitindo que credores transformem um ativo subutilizado em base sólida para fomentar crédito de maneira mais eficiente e estratégica”, afirma Adriano Joaquim, CEO da Cartular.
Credores como protagonistas da expansão
O uso de recebíveis como garantia fortalece o papel dos credores na economia. Além de melhorar as condições de financiamento para pequenas e médias empresas, também abre espaço para que gestores de fundos e securitizadoras diversifiquem seus portfólios com ativos de menor risco operacional.
“A digitalização dos ativos e a integração entre registradoras criaram um ambiente propício para inovação. Credores que souberem explorar o potencial dos recebíveis de cartões não apenas vão ampliar sua rentabilidade, mas também atuar como catalisadores para o crescimento de empresas brasileiras”, reforça Joaquim.