Levantamento inédito realizado pelo programa Alimentação Consciente Brasil (ACB), operado pela organização sem fins lucrativos Mercy For Animals no Brasil (MFA), inclui todas as 26 capitais brasileiras
Pratos vegetarianos, com o mesmo valor nutricional de refeições tradicionais com carne, saem mais barato em todas as capitais do País. A economia média chega a 65% em Fortaleza (CE) e a 61% no Recife (PE). Nas capitais do Sul, a diferença é menor, abaixo dos 40%. Enquanto na região Nordeste se economiza 51% com refeições 100% vegetais, no Sul, a economia é de 37%.
O levantamento inédito realizado pelo programa Alimentação Consciente Brasil (ACB), operado pela organização sem fins lucrativos Mercy For Animals no Brasil (MFA), inclui todas as 26 capitais brasileiras. Em 15 destas cidades, a economia é igual ou superior à média nacional de 46%. Em Florianópolis, a economia gerada por dois pratos integralmente à base de vegetais chega a R$ 442,00, equivalente a um terço do atual salário-mínimo (R$ 1.320,00), uma das principais referências para a vida da população trabalhadora brasileira.
Isso ocorre porque a diferença entre os dois tipos de refeição na cidade catarinense é de R$ 7,37, a maior em valores absolutos dentre todas as capitais. A cidade do Rio de Janeiro, por outro lado, tem a menor diferença em valores (R$ 2,38), o que geraria uma economia mensal de R$ 168,00, com duas refeições por dia. Nisso, a economia gerada, a adoção de uma alimentação saudável e a contribuição para a mitigação de mudanças climáticas são os principais benefícios dos pratos vegetais.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério Brasileiro da Saúde, o baixo consumo de frutas, hortaliças, grãos e leguminosas, assim como o alto consumo de alimentos de origem animal, aumentam o risco do desenvolvimento de diversos problemas de saúde pública, como doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer. Além disso, estão diretamente relacionados a graves problemas ambientais, como desmatamento, emissão de gases poluentes e uso excessivo de água.
O programa ACB existe há sete anos e incentiva o aumento do consumo de alimentos de origem vegetal em instituições públicas que servem refeições em larga escala. Mais de 15 milhões de refeições à base de vegetais já foram servidas com a colaboração do ACB junto a prefeituras municipais do país. O programa oferece consultoria gratuita para adaptação de cardápio, treinamentos teóricos em educação nutricional e ambiental para nutricionistas e equipes pedagógicas, além de treinamentos práticos em culinária vegetal para equipes de cozinha.
“Incluir alimentos vegetais no cardápio de instituições que servem refeições em larga escala contribui para uma mudança sistêmica na cultura alimentar. A substituição da carne por feijão ou outra leguminosa, como lentilha e grão-de-bico feita de maneira adequada, é mais saudável e econômica, e mantém apropriada a ingestão de ferro e proteína”, diz a nutricionista e Especialista em Políticas Alimentares do ACB, Esther Rolim.
Em paralelo, o ACB defende que as políticas alimentares adequadas podem ajudar a mitigar a crise climática e contribuir para a saúde das pessoas no presente e para futuras gerações. O programa publicou o Guia sobre a Culinária Vegetal, que ensina como recriar pratos tradicionais com ingredientes vegetais. O guia foi criado pela especialista em culinária vegetal, Bárbara Carvalho, parceira do ACB, e pode ser acessado neste endereço.
“A cozinha vegetal tem se tornado cada vez mais atrativa e inovadora. O interesse por uma alimentação mais saudável e sustentável tem aumentado bastante, acarretando no surgimento de pratos que trazem os vegetais como protagonistas, quebrando o preconceito de que eles sejam meros acompanhamentos numa refeição”, complementa a culinarista.