Fundo catalítico apoiou 21 projetos em educação, habitação, soluções urbanas e negócios, beneficiando mais de 855 mil pessoas diretamente e indiretamente
Pouco mais de um ano após as enchentes históricas que devastaram o Rio Grande do Sul, o RegeneraRS divulga seu primeiro relatório público com um balanço dos resultados e aprendizados da iniciativa. Criado em julho de 2024, em resposta à maior tragédia climática do estado e do Brasil, que atingiu 478 municípios (96% do território gaúcho), afetou 2,4 milhões de pessoas e desalojou 581 mil habitantes, o fundo se consolidou como um modelo estratégico e colaborativo de reconstrução e regeneração.
Desde sua criação, o RegeneraRS mobilizou mais de R$ 200 milhões e tem o potencial de chegar a R$ 409 milhões em recursos para apoiar projetos de médio e longo prazo. Do total, R$ 15,12 milhões já foram deliberados e R$ 11 milhões desembolsados diretamente pelo fundo, garantindo impacto em diferentes frentes. A lógica de alavancagem foi um diferencial: cada real investido pelo fundo atraiu até R$ 18,88 adicionais, ampliando de forma exponencial a capacidade de resposta
Ao todo, 21 projetos foram apoiados, alcançando mais de 85 mil pessoas diretamente e 770 mil de forma indireta (totalizando 855 mil gaúchos) em áreas essenciais como educação, habitação, apoio a negócios e soluções urbanas. Entre os destaques estão a retomada de 100% das escolas estaduais em parceria com o projeto Refundar Educação; a construção de casas e formação de mão de obra pelo Legado Habitação; o Estímulo Retomada tem levado crédito justo e acessível a micro e pequenas empresas em mais de 100 municípios do estado. Até agora, já mobilizou R$ 41,1 milhões em crédito, com meta de chegar a R$ 69 milhões até o fim de 2025, apoiando a retomada da economia local e o apoio a pequenos empreendedores por meio do programa Sebraetec Supera.
Uma resposta além da emergência
O relatório evidencia que a atuação do fundo não se limitou ao atendimento imediato, mas vem ajudando a estruturar soluções inovadoras para enfrentar os gargalos históricos revelados pelas enchentes. Para isso, o RegeneraRS contou desde o início com uma governança multissetorial – que reúne empresas, organizações sociais, especialistas, sociedade civil e poder público – garantindo legitimidade, corresponsabilidade e eficiência no processo de tomada de decisão. Esse modelo não apenas orientou a reconstrução até aqui, como seguirá impulsionando avanços para os próximos anos, reforçando que esta é apenas a primeira etapa de uma jornada contínua”.
“Mais do que uma resposta emergencial, o RegeneraRS nasceu como um movimento de transformação e articulação de projetos estruturantes. A governança multi stakeholder que construímos ao longo deste primeiro ano mostra que a regeneração do estado exige engajamento coletivo e soluções que deixem aprendizados e legado”, afirma Beatriz Johannpeter, integrante do Conselho Deliberativo do fundo e diretora do Instituto Helda Gerdau.
Histórico e mobilização
O fundo surgiu da mobilização da Família Gerdau Johannpeter, por meio do Instituto Helda Gerdau, em parceria com a Din4mo, Gerdau, Vale, Grupo Fleury, Grupo Baumgart e Grupo +Unidos (Alcoa, Qualcomm, Microsoft e Sylvamo). O desenho inovador do RegeneraRS combina capital social e capital financeiro para ampliar o alcance das iniciativas.
Segundo o relatório, a estratégia de investimento buscou equilibrar impacto imediato com visão de futuro: 70% dos recursos foram destinados a projetos estruturantes e sistêmicos, enquanto 30% apoiaram soluções comunitárias e inovadoras em territórios vulneráveis.
Para Marcel Fukayama, cofundador da Din4mo e membro do Comitê Executivo do RegeneraRS, o diferencial da iniciativa está na combinação entre agilidade e aprendizado: “Cada projeto apoiado foi pensado para atender às demandas de reconstrução e regeneração do RS, com olhar adicional para conhecimentos que fortaleçam a resiliência do estado. Esse equilíbrio é o que nos permite inspirar outros territórios no enfrentamento da crise climática”.
Legado para o futuro
O primeiro relatório público do RegeneraRS sistematiza não apenas os resultados alcançados, mas também os aprendizados em áreas como mobilização de recursos, gestão em contexto de crise e construção de soluções replicáveis. Entre os próximos passos, estão a consolidação da CoalizãoRS, que reúne setor público, privado, academia e sociedade civil para apoiar a reconstrução, e a criação de um Playbook para Eventos Climáticos Extremos, com protocolos e boas práticas a partir da experiência acumulada.
“Este relatório mostra que a sociedade civil organizada tem capacidade de orquestrar uma resposta robusta e estratégica a uma tragédia de dimensões inéditas. Mais do que números, estamos falando de vidas impactatas e de um construção de um legado de resiliência para as próximas gerações”, reforça Johannpeter.