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Relatório anual da Verizon é lançado e revela salto nos ataques cibernéticos com IA e outras brechas utilizadas por criminosos

Foto: Clint Patterson / Unsplash
Foto: Clint Patterson / Unsplash

O documento conta com a colaboração de grandes empresas mundiais de cibersegurança, como a brasileira Apura Cyber Intelligence, e ajuda a entender o cenário explorado por cibercriminosos no mundo todo

A engrenagem do cibercrime não para de evoluir, e 2025 chega com um alerta vermelho para líderes de tecnologia, segurança e governança digital. Lançado nesta quarta-feira (23), a nova edição do Data Breach Investigations Report (DBIR), da norte-americana Verizon, escancara um cenário em mutação: crescimento nos ataques com uso de inteligência artificial, exploração de falhas de dia zero nos dispositivos de borda e um fator humano que insiste em deixar a porta entreaberta para os criminosos.

Neste ciclo, o relatório analisou 22.052 incidentes de segurança, dos quais 12.195 resultaram em violações de dados confirmadas, o maior volume já registrado em uma edição do estudo. O levantamento cobre o período entre 1º de novembro de 2023 e 31 de outubro de 2024, com participação de empresas de todos os portes e setores. E, mais uma vez, o Brasil marcou presença: pelo sétimo ano consecutivo, a Apura Cyber Intelligence contribuiu com sua análise sobre o cenário nacional de ameaças.

“Esse tipo de colaboração nos permite entender melhor o comportamento do cibercrime em diferentes regiões e estar no centro das discussões mais relevantes sobre cibersegurança no mundo”, afirma Sandro Süffert, fundador e CEO da Apura. “Essa troca internacional nos permite entender o que está acontecendo lá fora e ajustar nossas ações ao que faz sentido aqui – e vice-versa. Esse equilíbrio entre o panorama global e a realidade local é o que torna nossa atuação mais eficaz e diferenciada”.

Entre os dados mais preocupantes, está o aumento de violações causadas por abuso de credenciais (22%) e exploração de vulnerabilidades (20%), com destaque para o uso de exploits de dia zero em VPNs e dispositivos de borda. Esses equipamentos, aliás, estiveram no centro de 22% das falhas exploradas no ano passado, um grande salto comparado aos 3% do ano anterior.

Apesar dos esforços das empresas em aplicar correções de segurança em seus equipamentos, apenas 54% das falhas foram totalmente resolvidas, com um prazo médio de 32 dias para “fechar a porta”, tempo mais do que suficiente para os criminosos agirem.

O fator humano ainda aparece em 60% das violações. E as brechas se multiplicam na medida em que cresce o envolvimento de terceiros, agora presentes em 30% dos incidentes, o dobro do registrado no ciclo anterior. O uso compartilhado (e muitas vezes descuidado) de credenciais, especialmente em ambientes externos, segue sendo um calcanhar de Aquiles. Para se ter uma ideia, o estudo identificou que o tempo médio para remediar segredos vazados em repositórios GitHub foi de 94 dias.

Outro alerta grave: os malwares do tipo “infostealer”, focados no roubo de dados, aparecem com força. Segundo o DBIR, 30% dos dispositivos infectados por esse tipo de ameaça eram corporativos, sendo que quase metade dos sistemas comprometidos (46%) misturava credenciais pessoais e profissionais — uma combinação explosiva que cresce com políticas permissivas de BYOD (bring your own device), ainda comuns em muitas empresas.

No front do ransomware, o relatório detectou aumento de 37% nas ocorrências em relação ao ciclo anterior. O tipo de ataque esteve presente em 44% das violações analisadas. Ainda assim, os valores pagos aos extorsionistas caíram: de uma mediana de US$ 150 mil em 2023 para US$ 115 mil em 2024. A boa notícia? 64% das empresas vítimas optaram por não pagar o resgate.

Mas o impacto é desigual: entre grandes corporações, o ransomware apareceu em 39% das violações. Já nas pequenas e médias empresas, esse número sobe para 88%, o que reforça a realidade vulnerável do middle market.

Uma das grandes novidades do relatório foi a inclusão da inteligência artificial como vetor de ataque. O uso de GenAI (inteligência artificial generativa) por criminosos se tornou evidente em 2025, com o dobro de e-mails maliciosos usando textos sintéticos em comparação com dois anos atrás, segundo parceiros da Verizon.

Mas o perigo não está apenas no lado ofensivo. O relatório revela que 15% dos funcionários acessam ferramentas de IA generativa com frequência em dispositivos corporativos, muitas vezes com contas pessoais (72%) ou e-mails corporativos sem autenticação adequada (17%) — criando brechas para o vazamento de dados sensíveis para fora do ambiente empresarial.

“Há poucos anos, falar de inteligência artificial em ataques cibernéticos soaria como ficção. Hoje, criminosos usam GenAI para automatizar fraudes, escrever e-mails de phishing mais convincentes e até escalar ataques com uma velocidade inédita. Isso muda o jogo. E nos obriga a pensar em defesa com a mesma sofisticação e agilidade”, comenta Süffert.

O DBIR 2025 apresenta uma breve análise regional do cenário de ameaças e traz um recorte com o panorama dos ataques cibernéticos na América Latina. Dentre os 657 incidentes analisados na região, a maioria com divulgação de dados confirmada (413), os principais padrões de ataque foram a intrusão de sistemas, o uso de engenharia social e os ataques básicos a aplicações Web – ao todo eles representam 99% das violações. Praticamente todas as violações identificadas na região envolveram atores de ameaça externos e 1% envolveram parceiros. As principais motivações foram o ganho financeiro (84%) e a espionagem (27%), com comprometimento de dados internos (97%) e de segredos corporativos (27% dos casos).

Com mais de 150 páginas, o DBIR 2025 reafirma seu papel como o mapa da segurança cibernética global. O estudo deixa claro: a guerra digital continua, e os ataques estão mais rápidos, inteligentes e invisíveis. A boa notícia é que, com dados e colaboração internacional, também evoluem as defesas.

Ou como resumiu o CEO da Apura: “Relatórios como o DBIR não se limitam a contar o que já aconteceu. Eles acendem luzes sobre o que está por vir”, diz Sandro Süffert, CEO da Apura. “Em um ambiente onde o cibercrime evolui na velocidade da tecnologia, ter acesso a dados confiáveis e análises profundas deixou de ser um diferencial, virou questão de sobrevivência”.

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