Levantamento teve participação de 127 companhias de diversos setores, com abordagem sobre incentivos a longo prazo para membros dos comitês, pagamentos e outros recortes
A consultoria global de gestão empresarial Korn Ferry realizou seu estudo anual de práticas de Governança e Remuneração de Conselhos. O levantamento, referente a 2023, traz em seu primeiro dado notório a prática de Remuneração de Longo Prazo que se manteve em 19%.
Anteriormente, na análise de 2014 a 2018, a Remuneração a Longo Prazo era inferior a 19%, com uma margem entre 10% a 17%. O melhor desempenho, com apenas um ponto acima da referência de 2023 (em 20%), foi no ano de 2021.
O desdobramento dentro do tema também retratou que o Bônus Anual diminuiu para 4%, estando apenas atrelada a casos específicos e/ou ex-executivos que carregam o benefício para o pacote de conselho. Seus melhores desempenhos foram nos anos de 2017, com 11% e, também, 2020.
Veja abaixo os slides com as informações base:
Segundo o Sócio Sênior e Líder da Prática de Conselhos para América do Sul da Korn Ferry, Jorge Maluf, a remuneração de conselhos e, também, benefícios concedidos influenciam diretamente o desempenho e a atratividade dos diversos cargos que podem moldar a dinâmica e os resultados das organizações.
“É necessário se atentar a este assunto porque a remuneração proporciona reconhecimento e atrelamento positivo ou negativo à cultura organizacional e, como consequência, isso irá afetar na performance do colaborador pertencente ao núcleo e sua produtividade. Vale lembrar que ela pode ser uma ferramenta para atração e retenção de talentos muito potente”, comenta.
Tendência de Remuneração a Longo Prazo (detalhes dos planos)
Os dados mostram que das 127 companhias do painel, 23 informaram possuir algum tipo de Incentivo de Longo Prazo para o Conselho. São 75% dos que investem em ações e apenas 8% em dinheiro.
Abordadas sobre a elegibilidade do vesting, o estudo mostrou a periodicidade, sendo as maiores respostas para os que fazem a cada dois anos (39%) e três anos (26%). Ao serem questionados se o vesting era alinhado ao mandato, a maioria diz que não (52%) e 48% diz que sim.
Abaixo há, também, os dados sobre elegibilidade, ciclo de outorga e o mix sobre a remuneração.
Tendências
As tendências revelam que a Presença de Membros Independentes nos Conselhos teve a média da proporção diminuída em 4% quando comparada ao painel geral de 2022 – esse que foi elaborado com 110 empresas participantes, mas, atualmente (2023), nesta nova amostra, somam 127 companhias.
Em contraponto, houve aumento de empresas com Presidentes de Conselho Independentes, tanto na amostra geral como nas empresas que participaram nos dois anos. Os dados mostram que, no Mercado Geral, 27% das corporações tinham (PCA) independente em 2022, subindo para 29% em 2023 e, para as mesmas companhias, ocorreu um crescimento de 29 para 31 organizações com PCA.
Veja abaixo:
A prevalência por tipo de membro do Conselho de Administração, no cargo de presidente, enfatiza que as empresas de capital pulverizado têm maior prevalência de “presidentes independentes” (53%) no controle acionário. O dado também revela que, ainda neste segmento, os “presidentes ex- CEO/acionistas” representam o maior número (65%) e pertencem ao “grupo familiar”; já os “presidentes representantes dos acionistas” estão em maioria (73%) e somam ao agrupamento da “empresa estrangeira”.
Veja a completa apuração nos dois slides abaixo:
Governance Officer
O levantamento se debruçou para compreender as estruturas das corporações para suas governanças. Como resultado, 42 empresas afirmaram que possuem um suporte de Secretaria de Governança, sendo, então, cerca de 33% da base total deste estudo. Destas, em 24 companhias, o executivo tem esta como sua função exclusiva, enquanto nas demais ela se torna acumulativa com outras as demais tarefas.
Nas análises a seguir, no escopo de Governance Officer, foram verificadas as estruturas sempre com duas visões. Sendo as empresas que possuem uma posição dedicada apenas a essa função e as companhias que têm uma posição que acumula essa operação ao seu cargo.
Questionados sobre a % de mulheres na posição, 75% não acumula outra função, mas 56% sim. Quando perguntado a quem reporta, a notoriedade vai para o conselho, com 56% de acumulo de outra função e 46% de não agregar outra tarefa. Já no CEO, 29% dizem não agregar outro afazer e, apenas 11%, sim.
Veja abaixo os dados completos sobre o parágrafo.
Comitês de Assessoramento
A quantidade média de membros por comitê mostra que a maioria é por estratégia (4,8) e seguido por sustentabilidade (4,6). As colocações inferiores vão auditoria (3,4), pessoas, RH e remuneração (3,9) e finanças (4,1).
Os dados também mapeiam a quantidade de comitês por companhia, sendo nove comitês apenas 1% das empresas que adotam esse número. A maioria das organizações possuem quatro comissões (24%) ou três conselhos (20%).
Veja abaixo os dados dos parágrafos acima e, também, os tipos de comitês.
Avaliação do Conselho
O estudo mostra que houve um crescimento sobre avaliações de seus grupos. São 54% das empresas que informaram realizar algum tipo de avaliação do conselho em 2023, contra 49% em 2022.
A tabela abaixo apresenta as estatísticas das 69 empresas que avaliam o conselho.
O Sócio Sênior e Líder da Prática de Conselhos para América do Sul da Korn Ferry, Jorge Maluf, reforça a importância da avaliação dos conselhos nas empresas. “A ideia é monitorar que os órgãos estejam desempenhando suas funções de maneira eficaz e estratégica, para personalizar melhorias, identificar lacunas e, até mesmo, fortalecer laços com acionistas. Essas avaliações devem ser feitas com constância, por terceiros, investidores, dos próprios executivos e dos conselheiros, conta.
Membros dos Comitês de Assessoramento
Para estas análises, a Korn Ferry, em sua pesquisa, considerou apenas as 117 empresas que possuem comitês. Abaixo, o descritivo para melhor compreensão do slide completo que virá logo a seguir.
Membro do CA: são os componentes do conselho que participam dos comitês. Este tipo de membro é visto em 114 das 117 empresas. Sendo 56% das empresas que possuem essa classe de integrante e remuneram pelo menos um deles.
Especialista externo: são membros externos à organização e ao conselho que participam dos comitês. Este tipo de integrante é visto em 81 das 117 empresas e, ao menos, 85% destas companhias remuneram um deles.
Especialistas internos: são executivos da companhia que também participam dos comitês. Geralmente não são remunerados, e apenas 7% das empresas que os possuem remuneram essa participação.
Veja abaixo:
O Sócio Sênior e Líder da Prática de Conselhos para América do Sul da Korn Ferry, Jorge Maluf, explica que, da mesma maneira que se percebe um nível de maturidade quanto de contribuição dos conselhos estrangeiros, a remuneração também segue este racional. “Os profissionais brasileiros, neste segmento, estão cada vez mais se aprimorando, mas, ainda, apresentam gaps quando comparamos com o mercado externo. Pode-se dizer que, atualmente, como nos mercados mais desenvolvidos, hoje existe um mercado de conselheiros e que este tema, antes relegado, passou a ser tratado com atenção pelas companhias para atrair e reter bons profissionais. Além disso, os mentores passaram a demandar remuneração adequada ao risco incorrido e à dedicação exigida para sua atuação, de forma a que possam se dedicar a poucas mentorias com a dedicação requerida e serem adequadamente compensados”, finaliza.
Características das empresas participantes do estudo
A Korn Ferry trabalha com pluralidade de setores, segmentos e cargos em suas pesquisas. O Estudo anual de práticas de Governança e Remuneração de Conselhos tem empresas de free float, entre 0% a 10% até acima de 60%, com nível de governança internacional, tradicional e novo mercado.
No controle acionário, as corporações são investidor institucional, grupo familiar, governo, companhias estrangerias, capital pulverizado e, até mesmo, controle compartilhado.
Veja abaixo:
Ainda no escopo das características das empresas participantes do estudo, a maioria (32%), com receita liquida em 2023 em reais, são 1 a 5 bilhões, o segundo perfil (30%) é com aporte acima de 15 bi; as companhias de 10 a 15 bi (11%) e as de até 1 bilhão (6%) são minorias.
Os setores são diversos, mas o destaque é o número alto das companhias de varejo que representam 20%, seguido pelas indústrias (13%), serviços (13%) e holding (9%). As empresas de tecnologia (2%), óleo e gás (2%), agronegócio (3%), educação (3%) e outras são em minoria na participação.
Veja abaixo o detalhamento, com dados, dos últimos parágrafos.
Informações adicionais
Os Conselhos de Administração no Brasil possuem em média 9 membros, sendo que em média 2 conselheiros são mulheres e há 3 tipos de membros, detalhados a seguir:
– Membros Independentes: são conselheiros profissionais, especialistas de mercado; para isso, não podem ter sido empregado ou diretor da organização (ou de suas subsidiárias) há pelo menos três anos.
– Membros Externos: são os integrantes que não são funcionários da empresa, porém possuem algum vínculo (acionistas/ ex- colaboradores etc).
– Membros Internos: são os participantes que são, atualmente, colaboradores da companhia (geralmente o CEO atual).