Subsistemas apresentam bons níveis de armazenamento, mas variabilidade climática exige atenção

Com a estação seca que terminou em agosto em grande parte do Brasil, já começam as avaliações sobre o atual quadro hídrico e as projeções para a próxima estação chuvosa. O cenário, de modo geral, é considerado entre estável e positivo, mas com sinais de atenção em algumas regiões, sobretudo diante da variabilidade climática que vem marcando os últimos anos.
Panorama dos subsistemas
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os níveis de armazenamento em julho são os seguintes:
· Sudeste/Centro-Oeste: 61,5%
· Sul: 82,2%
· Nordeste: 63,4%
· Norte: 90,3%
Para o Sul e o Norte, os percentuais atuais são bastante confortáveis, mas é importante ressaltar a volatilidade dessas regiões. No Sul, por exemplo, o subsistema chegou a 18% em 2020, manteve-se baixo em 2021 e só se recuperou a partir de 2023, alcançando 88% em julho de 2024. Já o Norte registrava 100% em maio de 2023, caiu para 38% no fim de 2024 e agora apresenta recuperação expressiva. Essa oscilação é reflexo direto da intensificação das mudanças climáticas.
O Nordeste também apresentou um avanço relevante: fechou dezembro de 2024 em 46% e subiu para os atuais 63,4%. A região conta com um diferencial importante: a complementaridade de outras fontes renováveis, especialmente a energia eólica, que reforçam a resiliência do sistema.
Já o Sudeste/Centro-Oeste, responsável por mais de 70% da geração hidrelétrica nacional, mantém risco considerado moderado. Isso porque sua situação depende fortemente do comportamento da próxima estação chuvosa. Vale lembrar que, em 2021, o subsistema chegou a apenas 16,7% — um dos piores índices em décadas, comparável à crise hídrica de 2013-2014.
Expectativas para a primavera
As projeções indicam um leve atraso no início da estação chuvosa no Sudeste/Centro-Oeste, o que mantém o alerta ligado. No Sul, a previsão é de maior irregularidade: chuvas acima da média na primavera, seguidas por períodos mais secos no fim de 2025 e início de 2026.
As condições oceânicas também ajudam a entender esse quadro. O Pacífico deve oscilar entre neutralidade e um evento de La Niña fraca, enquanto o Atlântico Tropical tende à neutralidade, e o Atlântico Sul deve permanecer acima da média. Esse conjunto de fatores pode favorecer a atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul, especialmente em combinação com incursões de frentes frias.
O balanço atual aponta para uma situação mais confortável do que em anos críticos recentes, mas ainda com riscos a serem monitorados. A oscilação dos reservatórios, influenciada por padrões climáticos globais e regionais, reforça a necessidade de atenção permanente e uso intensivo de inteligência climática.
Na MeteoIA, seguimos acompanhando de perto cada mudança nas condições atmosféricas e hidrológicas para oferecer análises precisas e modelos preditivos atualizados.