Resíduos Eletrônicos: o que é feito com as mais de 2,4 milhões de toneladas geradas por ano no país?

Brasil gera mais de 2,4 milhões de toneladas de resíduos eletrônico por ano Foto: Freepik

Pesquisa inédita será apresentada no VII Seminário Internacional de Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos, que acontece entre os dias 14 e 16 de outubro de 2025 no Centro de Tecnologia Mineral (CETEM)

O Brasil é o segundo país em geração de resíduos eletrônicos (REEE) nas Américas e o quinto no mundo, com mais de 2,4 milhões de toneladas por ano. Além dos possíveis danos ambientais, o descarte irregular de eletrônicos também gera prejuízos econômicos. As variadas peças, componentes, placas de circuitos que compõem os eletrônicos possuem materiais perigosos, mas também podem ser recuperados minerais valiosos, como ouro, prata, platina e paládio. A economia circular encontra espaço na gestão dos resíduos eletrônicos no país, com várias empresas consolidadas, segundo resultados da pesquisa.

O Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) conduziu o Projeto RECUPERE, que mapeou as rotas de circularidade na gestão dos resíduos eletrônicos e seus gargalos no Brasil, e terá seus resultados apresentados no VII Seminário Internacional sobre Resíduos Eletrônicos (SIREE), que tem como temática principal: “Estratégias de economia circular para a recuperação de minerais críticos e estratégicos”. O evento acontece entre os dias 14 e 16 de outubro, no CETEM, na Cidade Universitária no Rio De Janeiro, e reunirá pesquisadores do setor do Brasil e de outros países, representantes dos dos Ministérios envolvidos – MInistério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), MInistério de MInas e Energia (MME) e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço (MDIC) -, além de participações de representantes das organizações da cadeia de suprimentos envolvidas, propiciando networking, troca de informações e rodadas de negócios.

O Projeto RECUPERE foi contratado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, reunindo grandes pesquisadores brasileiros, contando ao todo com 35 bolsistas, durante dois anos, que levantaram e analisaram os dados mais recentes do setor em todos os estados do país. “Temos tecnologia, processos e indústrias que podem trabalhar nessa recuperação de valor. No RECUPERE, identificamos o motivo do Brasil desperdiçar esse material e o que pode ser feito para reverter essa situação”, explica a pesquisadora do Cetem, Lúcia Helena Xavier, responsável pelo grupo de pesquisa REMINARE.

Principais resultados do projeto:

– Foram identificados 16 tipos de organizações atuando na gestão dos resíduos eletrônicos, totalizando mais de 900 instituições e empresas, entre elas, plataformas digitais, cooperativas, empresas de remanufatura e manufatura reversa, bem como organizações que atuam na consolidação dos produtos pós-consumo.

– As organizações fazem parte de 8 modelos de negócio que desenvolvem atividades como indústria, comércio ou serviço. Este levantamento resultou em um capítulo de livro já publicado.

– Foram evidenciadas lacunas na atuação dos órgãos ambientais, com a discussão por meio de workshops, buscando possibilitar a efetiva aplicação das regulamentações de forma harmonizada no país.

– Verificou-se a fragilidade da implantação dos Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) e a fraca atuação do Comércio na gestão dos REEE.

– Elaboração do sistema informatizado Sis-RECUPERE, possibilitando a geolocalização das organizações identificadas, propiciando informações para a sociedade e tomadores de decisão.

As lacunas encontradas foram:

  • Atuação dos órgãos ambientais: por serem resíduos potencialmente perigosos, e fazerem parte da categoria obrigatória de implantação do Sistema de Logística Reversa, os REEE não podem seguir para aterro.Por falta de conhecimento, alguns órgãos ambientais consideravam e indicavam o descarte de resíduos eletrônicos em aterros sanitários.
  • Pontos de Entrega Voluntária (PEV): verificaram-se poucos pontos comerciais com disponibilização de PEVs, sendo que a maioria deles era subdimensionada ou mal alocada (em lugares escondidos) nos pontos de comercialização, impactando a atuação dos consumidores no descarte correto.
  • Desconhecimento do grau de circularidade: várias empresas que fazem recuperação de valor a partir dos resíduos eletrônicos já têm significativo grau de maturidade quanto à circularidade, mas não sabiam das suas dimensões.

Presenças internacionais no VII SIREE

A participação de representantes da UNITAR (Alemanha), ITU (Suíça) e do Serviço Geológico Britânico no evento refletem a importância do Brasil no potencial de circularidade e na mineração urbana a partir de insumos residuais.

Outros dados e informações do Projeto RECUPERE serão apresentados pela primeira vez ao público durante o VII SIREE. Além disso, haverá painéis, seminários, mesas redondas, onde serão apresentados os cases de sucesso de empresas que atuam na recuperação de resíduos, políticas e regulamentações do setor, oportunidades e a contribuição para o futuro da mineração urbana no Brasil.

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