Confira artigo de Vivien Aucar, gerente de investimentos e educação financeira da Unicred Brasil
A saúde financeira desempenha um papel essencial no bem-estar integral, complementando pilares como saúde mental e física. Além disso, a independência financeira é a chave para uma vida com liberdade e segurança.
Lembre-se de que a educação financeira não é apenas sobre gastar menos do que se ganha ou fechar o orçamento no “zero a zero”, nem tampouco viver sem nenhum tipo de dívida. A verdadeira essência da educação financeira está relacionada ao equilíbrio, permitindo que o indivíduo viva bem o hoje dentro de suas próprias condições, incluindo – é claro – nesta rotina a construção de seu futuro.
Ou seja, não é sobre cortar gastos, mas sim sobre dar propósito ao dinheiro. E entender para onde ele vai é o primeiro passo para fazer escolhas mais conscientes e atingir seus objetivos.
Este artigo reúne estratégias práticas para organizar suas finanças, conquistar estabilidade e planejar um futuro mais tranquilo.
1. Comece o ano com metas financeiras claras
O início do ano é marcado por renovação, mas também por desafios financeiros. Com gastos de final de ano e despesas como matrículas, IPTU e material escolar, muitas pessoas começam o ano em dificuldades. Estudos recentes mostram que o Brasil possui cerca de 68 milhões de inadimplentes, representando aproximadamente 40% da população adulta do país. Este cenário reforça a importância da educação financeira.
Para começar o ano com o pé direito, adote estas metas:
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Avalie o que realmente é importante para você: Defina seus objetivos e identifique suas prioridades.
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Avalie seu orçamento e elimine desperdícios: Entender para onde seu dinheiro vai é o primeiro passo para fazer escolhas mais conscientes e atingir seus objetivos. Pequenos ajustes no orçamento fazem grande diferença no longo prazo.
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Invista regularmente: Crie o hábito de poupar com disciplina e aproveite o tempo e os juros compostos a seu favor.
Dica prática: Utilize ferramentas como planilhas de orçamento para visualizar seu fluxo de caixa de forma clara e objetiva. Isto promove o autoconhecimento financeiro.
2. Saúde financeira: um pilar do bem-estar integral
Problemas financeiros impactam diretamente a saúde mental e física. Segundo o Serasa, 83% dos inadimplentes relatam insônia e dificuldades de concentração, enquanto 74% enfrentam problemas em suas interações sociais. O estresse causado por dívidas pode desencadear doenças como ansiedade e depressão, formando um ciclo prejudicial que afeta não apenas o indivíduo, mas também sua família e o ambiente de trabalho.
Como quebrar o ciclo?
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Conscientização: Aprender a gerenciar o dinheiro é uma forma de autocuidado. Planejar gastos, criar uma reserva de emergência e investir contribui para uma sensação de controle e reduz o estresse.
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Planejamento de metas: Estabeleça objetivos financeiros de curto, médio e longo prazo. Visualizar conquistas motiva e reforça a disciplina.
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Autoconhecimento: Entender seus padrões de consumo e identificar o que realmente importa ajuda a evitar dívidas desnecessárias.
Cuidar da saúde financeira é tão importante quanto cuidar do corpo e da mente. As consequências de ignorar essa área podem se acumular e comprometer outros aspectos do bem-estar.
3. Independência financeira: planeje sua liberdade
A independência financeira é a capacidade de sustentar seu estilo de vida por meio de rendas passivas. Essa conquista traz autonomia para viver conforme seus valores e prioridades. Além de calcular o patrimônio necessário para cobrir despesas diárias, é fundamental considerar estratégias para a construção de uma reserva de longo prazo.
Existem diferentes fórmulas e abordagens para planejar a aposentadoria, dependendo de objetivos e condições financeiras. Veja um exemplo:
Para seu cálculo da independência financeira é importante avaliar qual o nível de renda necessário para custear o padrão de vida que deseja ter.
Com isso, podemos identificar o tamanho do patrimônio a ser acumulado para que o rendimento mensal gere a renda desejada. Importante citar que o rendimento deverá considerar a taxa de juros reais (já descontada da inflação).
Patrimônio necessário = Custo de vida anual / % Juros reais
Vamos a um exemplo prático:
Suponha que você deseja ter uma renda complementar de R$5.000 por mês ao se aposentar. Isso significa que a renda anual desejada é de R$ 60.000 (R$ 5.000 x 12 = R$ 60.000). Para fins de exemplo, se considerarmos a taxa Selic em 10,50% ao ano e uma inflação de aproximadamente de 4,5%, a taxa de juros real seria de 5,73%.
Então, o cálculo ficaria assim:
Patrimônio necessário = R$ 60.000 / 0,0573
Patrimônio a ser acumulado = R$ 1.047.120,00
Isso significa que, para garantir uma renda mensal passiva de R$5.000 no futuro, você precisaria acumular um patrimônio de aproximadamente R$1.047.120,00
É importante também calcular o tempo necessário para que esse patrimônio seja alcançado, o que permite definir uma meta de poupança mensal. Por exemplo, se você deseja alcançar esse patrimônio em 20 anos, será preciso calcular quanto precisa investir mensalmente para atingir esse objetivo.
Para te ajudar, você poderá utilizar um simulador disponível na calculadora do Cidadão do BCB: https://www3.bcb.gov.br/
4. Estratégias de investimento para 2025
Com as frequentes mudanças do cenário econômico, a diversificação continua sendo uma estratégia essencial. Apesar da possível manutenção de juros altos, algumas tendências merecem atenção:
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Renda fixa indexada ao CDI: Com a Selic elevada, aplicações pós fixadas continuam vantajosas. Para objetivos de longo prazo, títulos indexados à inflação são excelentes opções para proteger o poder de compra.
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Apostas no mercado internacional: Para quem tem maior apetite a risco e deseja direcionar parte de suas carteiras a renda variável, pode diversificar sua carteira entre bolsa brasileira e ativos internacionais, e dessa forma protegê-la de oscilações do mercado local.
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Foco em setores resilientes: Fundos de investimento que alocam recursos em setores como saúde, tecnologia e agronegócio mostram-se promissores em um cenário de crescimento global moderado.
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Investimentos sustentáveis: A busca por ESG (ambiental, social e governança) deve crescer ainda mais, tornando-se um diferencial competitivo para investidores preocupados com impacto social e ambiental.
Importante: Avalie sua tolerância ao risco antes de escolher as modalidades de investimentos, e conte sempre com o apoio de profissionais qualificados para montar uma carteira aderente aos seus objetivos e perfil.
5. Educação financeira: o alicerce do sucesso
Construir uma vida financeira saudável começa com a educação. Invista tempo para aprender. Além disso, busque orientação com profissionais qualificados. Um planejador financeiro pode ajudá-lo nessa construção, considerando seus objetivos, experiência e o momento de vida.
6. A importância de pensar no longo prazo
Ter um plano de longo prazo é vital para garantir estabilidade financeira. Pense em investimentos para aposentadoria, proteções como seguros e previdência privada, e a sucessão patrimonial. Quanto antes começar, mais você se beneficiará dos juros compostos e do tempo.
Neste sentido, alcançar o bem-estar e independência financeira é um processo contínuo que exige autoconhecimento, planejamento e disciplina. Ao adotar hábitos financeiros saudáveis e estabelecer metas realistas, você estará no caminho para uma vida mais tranquila e segura.