Riscos emergentes: um desafio a mais para o mercado de óleo e gás

Leonardo Baeta, diretor de recursos naturais da WTW / Foto: Divulgação
Leonardo Baeta, diretor de recursos naturais da WTW / Foto: Divulgação

Confira artigo de Leonardo Baeta, diretor de recursos naturais da WTW

O setor de óleo e gás está vivendo um momento emblemático. Ao mesmo tempo em que é necessário lidar com desafios globais, que vão de mudanças climáticas até crises econômicas e geopolíticas, vemos o segmento sendo cada vez mais relevante e importante para economia mundial.

Isso fica muito evidente quando analisamos os dados do primeiro estudo do mercado de energia, publicado pela WTW em abril deste ano, que analisou riscos, desafios e o comportamento do mercado segurador do setor de óleo e gás.

Neste sentido, o documento é extremamente preciso, pois o mercado segurador, em seu papel de proteção e mitigação de riscos, é um excelente indicador dos rumos e desafios da indústria de energia. Afinal, ele precisa ter bases de dados concretas e claras para, de forma eficiente, auxiliar as empresas na mitigação e transferência de riscos em suas operações.

Nessa análise, identificamos que o setor de óleo e gás tem cinco principais preocupações, que também classificamos como “riscos emergentes”, que precisam ser monitorados por todos os elos da cadeia produtiva, desde a extração até a distribuição.

A primeira preocupação são as mudanças geopolíticas. Em 2024, aproximadamente 49% do mundo está passando por algum tipo de eleição, incluindo a Venezuela, um grande produtor de petróleo, e os Estados Unidos, referência internacional no tema. Indubitavelmente, essas movimentações terão reflexos no setor.

Outro risco emergente são as mudanças climáticas trazendo desafios em todas as áreas. Citamos alguns exemplos como o impacto na cadeia logística / abastecimento, trazendo impactos direto nos custos de transporte de bens e produtos. Basta avaliarmos o que está acontecendo no Canal do Panamá, responsável pelo escoamento de 6% de todo transporte marítimo mundial, que foi atingido por uma grande seca, que prejudicou a navegabilidade de muitas embarcações.

Além disso, as mudanças climáticas estão tornando mais frequentes eventos que no passado eram raros. Um bom exemplo foram as queimadas no Canadá, que tomaram proporções nunca vistas, atingindo diversas empresas de óleo e gás, que precisaram interromper suas atividades.

Novas tecnologias também são consideradas riscos emergentes, especialmente com o aumento das ameaças cibernéticas. No entanto, é importante destacar que esses riscos podem também representar oportunidades para quem souber aproveitá-los. Tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), por exemplo, podem ser utilizadas para melhorar a eficiência e gerar economia nas operações.

Para concluir, um dos principais riscos emergentes está relacionado ao mercado de trabalho. Até 2030, o setor de energia renovável deve gerar mais de 30 milhões de novas vagas, enquanto o setor de óleo e gás pode enfrentar a perda de até 13 milhões de postos de trabalho.

Ao contrário do que poderia parecer, os desdobramentos decorrentes do aquecimento global não entram nessa lista de riscos emergentes, uma vez que o setor de óleo e gás está se movimentando para atenuar esses impactos.

É verdade que serão necessários US$ 100 bilhões para se buscar a neutralidade carbônica até 2050, mas, em paralelo, estamos vendo diversos projetos sendo desenvolvidos e implementados em escala global.

Entre 2022 e 2023, o número de projetos cresceu 57%. Fechamos o ano passado com 312 e a expectativa é que cheguemos a 855 até 2030.

Mas, de forma geral, as empresas estão atentas a esses riscos emergentes, por isso estamos vendo poucas mudanças expressivas no setor de seguros, o que mostra a robustez do mercado de óleo e gás.

No segmento de upstream, a temporada de renovação de contrato de resseguro em 2024 foi estável, com o mercado observando uma estabilidade das taxas ou pequenos aumentos.

Apesar das grandes perdas, o mercado se manteve estável basicamente devido à manutenção da grande capacidade e à busca por novas oportunidades de negócios. As seguradoras estão revisando os níveis de franquia e pressionando por aumentos. As condições oferecidas aos clientes com bom histórico são favoráveis devido à grande competição existente. Os mercados também têm demonstrado grande interesse nas agendas de transição energética dos clientes do segmento.

No segmento de downstream, os últimos anos foram desafiadores, mas os clientes que mantêm uma boa qualidade de risco e avaliam corretamente seus ativos e as estimativas de lucros cessantes podem esperar renovações mais tranquilas. A renovação dos contratos de resseguro foi menos crítica em 2024, com taxas permanecendo estáveis ou apresentando pequenos aumentos.

A capacidade do mercado downstream permaneceu estável, com maior apetite por riscos de midstream e GNL. A inclusão da nova Cláusula de Volatilidade de BI (LMA 5515A) busca ajustar proporcionalmente a recuperação de perdas parciais, focando em avaliações precisas. O ESG continua relevante, mas a ênfase tem mudado para a segurança energética.

Em síntese, o setor de óleo e gás enfrenta uma série de riscos emergentes que demandam atenção contínua, desde mudanças geopolíticas e desafios climáticos até inovações tecnológicas e transformações no mercado de trabalho. Apesar dessas pressões, a resiliência do setor é evidente na estabilidade das renovações de seguros e na capacidade de adaptação às novas exigências do mercado. As empresas precisam permanecer vigilantes e proativas para mitigar esses riscos e aproveitar as oportunidades que surgem, garantindo assim a sustentabilidade e a evolução contínua do setor.

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