Índice da Neogrid registra alta e chega a 13,1% no mês; Categorias como arroz, azeite, café e feijão registraram queda nos preços, enquanto cerveja e ovos encareceram nas gôndolas
O Índice de Ruptura da Neogrid, que mede a falta de produtos nas gôndolas dos supermercados brasileiros, fechou agosto em 13,1% – alta de 0,9 ponto percentual (p.p.) em relação a julho (12,2%). O resultado interrompe a trajetória de queda observada nos meses anteriores e reflete principalmente o avanço da ruptura em alimentos básicos como arroz, feijão, café e azeite, além de cerveja e ovos de aves.
“A elevação da ruptura em agosto sinaliza um varejo mais cauteloso, que preferiu girar estoques existentes em vez de ampliar compras especialmente em um cenário de inflação persistente e juros altos”, analisa Robson Munhoz, diretor de Relações Corporativas da Neogrid. “O consumidor está mais seletivo e tomando decisões mais racionais, o que reforça a necessidade de reposições moderadas com maior foco em eficiência operacional e negociação entre fornecedores.”
Categorias que se destacaram em agosto de 2025 no Brasil:
- Cerveja: de 9,4% para 12,1%;
- Ovos: de 21,6% para 23,0%;
- Café: de 8,4% para 9,4%;
- Arroz: de 7,9% para 8,9%;
- Feijão: de 7,4% para 8,4%;
- Azeite: de 8,9% para 9,6%.
Arroz
O arroz sofreu aumento de 1 ponto percentual (p.p.) na ruptura em relação a julho. Mesmo assim, os preços de algumas versões do produto registraram queda, o que ameniza parcialmente os efeitos da escassez. O arroz branco recuou de R$ 5,49 para R$ 5,37 e o parboilizado oscilou de R$ 5,00 para R$ 4,92. Ainda que o tipo integral tenha registrado leve alta, saindo de R$ 10,70 para R$ 10,85, o cenário indica que, embora alguns itens tenham ficado mais difíceis de encontrar nas gôndolas, a pressão sobre o preço foi contrabalançada pela oferta nos principais elos da cadeia.
Variação do preço do arroz:
Azeite
No que se refere ao azeite, a indisponibilidade aumentou 0,8 p.p. No entanto, a trajetória de preços foi predominantemente de queda. O azeite de oliva extravirgem apresentou redução de R$ 93,74 para R$ 90,63, enquanto o azeite virgem variou de R$ 80,31 para R$ 75,73, resultado que aponta para uma recuperação parcial nos níveis internacionais de produção e oferta, mitigando impactos locais.
Café
No café, a ruptura avançou 1,2 p.p. em agosto. Em termos de preços, o café em grãos manteve-se praticamente estável, variando de R$ 135,20 para R$ 135,90, ao passo que o café em pó teve leve recuo, de R$ 81,15 para R$ 80,50. Esse comportamento ressalta uma dinâmica de mercado equilibrada entre indústria, comercialização e estoques remanescentes.
Feijão
O feijão acompanhou a tendência de avanço da indisponibilidade nas gôndolas, com acréscimo de 1 p.p. Contudo, os preços caíram em todas as variedades avaliadas: o tipo carioca recuou de R$ 6,85 para R$ 6,71; o preto reduziu de R$ 6,12 para R$ 5,92; o vermelho caiu de R$ 13,33 para R$ 13,13; e o fradinho retraiu de R$ 9,06 para R$ 8,91.
Ovos
Os ovos manifestaram alta de 1,4 p.p. no que tange à sua ausência nas prateleiras, e as embalagens obtiveram redução nos preços. A caixa de seis unidades, por exemplo, passou de R$ 7,77 para R$ 7,71; a de dez unidades recuou de R$ 13,72 para R$ 13,48; a de 12 unidades oscilou de R$ 12,64 para R$ 12,12; e a de 20 unidades variou de R$ 17,86 para R$ 16,88.
A complexa combinação entre custos de insumos, gargalos logísticos e ajustes de produção torna os ovos um dos segmentos com maior volatilidade no atual cenário. Mesmo com a ruptura ganhando força, o Brasil produziu 2,2 bilhões de dúzias de ovos no primeiro semestre de 2025 – crescimento de 9,1% sobre igual período de 2024, segundo dados do Boletim de Conjuntura Agropecuária, elaborado pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento (Seab) e divulgados pelo IBGE. No segundo trimestre de 2025, a produção para consumo atingiu recorde trimestral, com 1,03 bilhão de dúzias – 7,2% acima dos primeiros seis meses do ano anterior.
Cerveja
Em contraste, a cerveja foi a categoria que mais pressionou o índice geral: sua ruptura cresceu 2,7 p.p. em agosto, resultando em leve encarecimento dos preços de todas as categorias analisadas. O tipo artesanal saiu de R$ 19,52 para R$ 19,94; a escura subiu de R$ 13,35 para R$ 13,56; a clara variou de R$ 14,51 de R$ 14,75; e o tipo sem álcool elevou de R$ 15,41 para R$ 15,51.
Variação do preço da cerveja:
O que é ruptura?
Ruptura é um indicador que mostra a porcentagem de produtos em falta em relação ao total de itens de uma loja considerando o catálogo total de produtos. Por exemplo: se um varejo vende 10 marcas de água mineral de 500 ml e uma delas está sem estoque, a ruptura desse produto é de 10%. Calculado com base no mix de cada loja, o índice não considera o histórico de vendas e independe da demanda.
Outro exemplo de ruptura pode ser observado quando o arroz parboilizado deixa de estar disponível no estoque da loja e outros tipos, como o integral, agulhinha ou arbóreo, continuam disponíveis. Em todos os casos, o termo “estoque” considera todo o espaço físico do varejo, incluindo a gôndola e o local de armazenagem para produtos ainda não disponíveis na prateleira.