Alisson Santos, advogado e Co-Founder e CLO da Forum Hub, esclarece como funciona a cobertura para enchentes e os direitos dos segurados
As recentes enchentes no Rio Grande do Sul, consideradas “a maior catástrofe climática” da história da região, deixaram um rastro de destruição e levantaram questões sobre a cobertura de seguros residenciais e de veículos. Em uma entrevista exclusiva, Alisson Santos, advogado e Co-Founder e CLO da Forum Hub, esclarece como funciona essa cobertura e quais são os direitos dos segurados.
Critérios de avaliação para cobertura de danos causados por enchentes
“As seguradoras consideram diversos critérios para avaliar e conceder a cobertura de danos causados por enchentes”, explica Alisson Santos. Entre esses critérios, destacam-se:
- Localização geográfica: “Imóveis e veículos em áreas com histórico de enchentes frequentes são considerados de maior risco”.
- Histórico de sinistros: “Áreas com um histórico recente de enchentes podem enfrentar restrições ou prêmios mais altos”.
- Medidas de prevenção: “Instalações de sistemas de drenagem ou barreiras contra inundação podem influenciar positivamente a concessão de cobertura”.
- Tipo de cobertura contratada: “Algumas apólices incluem cobertura contra enchentes no pacote básico, enquanto outras exigem a contratação de coberturas adicionais específicas”.
- Condições do contrato: “É crucial revisar cuidadosamente os termos do contrato para entender as exclusões e limitações relacionadas a danos por enchentes”.
Como acionar o seguro
Para aqueles afetados pelas enchentes, acionar o seguro é um passo crucial. Alisson Santos orienta: “O segurado deve contatar a seguradora o mais rápido possível para iniciar o processo de sinistro”. O passo a passo recomendado inclui:
- Fornecer informações Detalhadas: “Descreva os danos e apresente notas fiscais dos produtos e prejuízos”.
- Evidências fotográficas ou em vídeo: “Essas provas são essenciais para documentar o sinistro”.
- Preenchimento de formulários: “Siga as instruções fornecidas pelo representante da seguradora”.
Cláusulas específicas
Santos destaca a importância de estar atento às cláusulas específicas nas apólices: “Existem exclusões de cobertura para danos causados por enchentes em áreas designadas como zonas de risco, além de exigências para a contratação de coberturas adicionais específicas”. Ele acrescenta: “É necessário manter medidas de prevenção adequadas e estar ciente das cláusulas de isenção caso o segurado descumpra exigências contratuais”.
Papel das seguradoras na recuperação do RS
Além da indenização financeira, Santos menciona que as seguradoras podem oferecer suporte adicional: “Isso inclui assistência na busca de acomodação temporária, serviços de emergência para mitigação de danos e orientação sobre como proceder com as reparações”.
Impacto das mudanças climáticas
Alisson Santos alerta que as mudanças climáticas e o aumento da frequência de desastres naturais estão impactando as políticas e os preços dos seguros residenciais e de veículos. “Isso pode resultar em ajustes nas políticas de subscrição das seguradoras e em aumentos nos prêmios de seguro para áreas de alto risco”, comenta o especialista.
Direitos dos consumidores
Se a seguradora negar a cobertura, os consumidores têm direitos claros. “Eles podem contestar a decisão apresentando evidências adicionais ou recorrendo a mecanismos de resolução de disputas, como mediação ou arbitragem”, afirma Santos. “O apoio de uma assessoria jurídica também pode ser crucial nesses casos”.
Além disso, Alisson Santos enfatiza a importância da informação e prevenção: “Os consumidores devem estar bem informados sobre as coberturas de seguro disponíveis para proteger seus bens contra danos causados por enchentes e outras catástrofes naturais. Medidas preventivas, como a elevação de imóveis em áreas de risco e a instalação de sistemas de drenagem, podem ajudar a reduzir os riscos e os custos associados”.
A tragédia no Rio Grande do Sul serve como um alerta sobre a necessidade de proteção e preparação. Por isso, entender como funcionam os seguros residenciais e de veículos é essencial para enfrentar futuros desastres naturais.