Especialistas recomendam precauções e análises detalhadas para proteger ativos digitais
Em um cenário cada vez mais digitalizado, no qual a tecnologia permeia todas as facetas da vida empresarial, a proteção contra ameaças cibernéticas emergiu como uma questão de sobrevivência e os seguros cibernéticos surgem como uma aposta estratégica para empresas que buscam fortalecer a proteção digital de suas operações.
O ciberseguro, também conhecido como seguro de risco cibernético ou cobertura de responsabilidade cibernética (CLIC), é uma apólice contratada com uma seguradora. Seu objetivo é mitigar a exposição ao risco, compensando os custos relacionados aos danos e à recuperação depois de uma violação de segurança da informação ou evento semelhante. É uma estratégia que vai além da proteção dos ativos digitais, oferecendo um respaldo à reputação da empresa e à confiança dos clientes.
Matheus Borges, CCO da Redbelt Security, consultoria especializada em segurança da informação, esclarece que antes de investir na contratação desses serviços, as empresas devem considerar algumas etapas fundamentais. A primeira delas é realizar uma análise detalhada de seus ativos digitais e identificar os principais riscos aos quais a emprea está exposta. Isso inclui avaliar a sensibilidade dos dados armazenados, as vulnerabilidades dos sistemas de TI e os possíveis impactos financeiros e reputacionais de um incidente cibernético.
Além disso, é crucial avaliar a cobertura oferecida pela apólice de seguro. As empresas devem compreender os termos, condições e exclusões do contrato, garantindo que o seguro cubra uma ampla gama de ameaças cibernéticas. É fundamental também buscar instituições especializadas, com experiência comprovada na área e capacidade de oferecer suporte técnico e jurídico especializado em caso de incidentes.
O mercado global de seguros cibernéticos tem apresentado um crescimento significativo nos últimos anos. De acordo com dados da Munich Re, em 2019, o setor movimentou US$ 5,8 bilhões. Em 2022, esse número saltou para US$ 11,9 bilhões e as previsões indicam que esse valor deve atingir a marca de US$ 22 bilhões em 2025 e US$ 33,3 bilhões em 2027.
Com a crescente sofisticação dos ataques cibernéticos e a expansão das regulamentações de proteção de dados em todo o mundo, as empresas de todos os tamanhos e setores estão expostas a riscos cada vez mais significativos. Diante disso, desde pequenas startups até gigantes corporativos, precisam reforçar suas barreiras de proteção. Nesse sentido, contratar uma apólice é um investimento inteligente e proativo para qualquer companhia comprometida com sua segurança digital.
Uma apólice de seguro cibernético pode cobrir uma variedade de despesas, incluindo:
- Despesas de investigação e resposta – custos associados à investigação de uma violação de segurança cibernética, como contratação de especialistas forenses e notificação de clientes afetados.
- Custos de recuperação de dados – cobertura para os custos de restauração, reparação ou recuperação de dados perdidos ou danificados como resultado de um ataque cibernético.
- Extorsão cibernética – proteção contra ameaças de extorsão cibernética, na qual criminosos exigem pagamento para evitar a divulgação ou destruição de dados confidenciais.
- Responsabilidade civil – cobertura para custos legais e possíveis danos financeiros associados a ações judiciais decorrentes de violações de segurança cibernética, incluindo violações de privacidade de dados.
- Custos de interrupção de negócios – reembolso por perdas financeiras resultantes de interrupções operacionais causadas por ataques cibernéticos, como tempo de inatividade de sistemas críticos.
- Garantia contra fraude – cobertura para perdas financeiras causadas por atividades fraudulentas, como transferências bancárias não autorizadas ou roubo de identidade digital.
- Gerenciamento de crises e relações públicas – assistência no gerenciamento da crise de segurança cibernética, incluindo custos de ações de imprensa para proteger a reputação da empresa.
De acordo com Borges, é importante lembrar que a contratação de um seguro não deve ser vista como uma substituição para medidas de cibersegurança robustas. Em vez disso, esses serviços devem ser considerados como parte integrante de uma estratégia abrangente de defesa cibernética. Na opinião do executivo, a educação contínua dos funcionários, a implementação de práticas de segurança da informação e a manutenção de sistemas atualizados são pilares fundamentais que devem ser fortalecidos em paralelo com a aquisição de um seguro.
“O seguro cibernético é uma rede de segurança, mas a primeira linha de defesa contra ameaças cibernéticas sempre será uma estratégia de proteção sólida e proativa. Muitas empresas cometem o erro de pensar que apenas investir em um seguro é suficiente para garantir a integridade de suas organizações. Mas a segurança cibernética vai muito além disso e requer medidas proativas e contínuas, as companhias que reconhecem isso estarão mais bem equipadas para atuar no cenário digital cada vez mais complexo de hoje”, complementa o COO da Redbelt Security.